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ARTIGO: NATAL E CARNAVAL, A RIMA QUE DÁ CERTO!

Luisa e os Alquimistas no Circuito Cultural Ribeira
Luisa e os Alquimistas no Circuito Cultural Ribeira

Por Anderson Foca

Ontem se deu por encerrada a maratona de atividades do Carnaval de Natal e o resultado da festa para a cidade foi bastante positivo. Shows bons/excelentes, boa infra-estrutura e organização e o principal: participação em massa da população.

Todos os polos que visitei estavam lotados de pessoas querendo se jogar na alegria e no amor, que são a mola mestra de uma festa como essa. Não faltou disposição a quem resolveu ficar na cidade e curtir o carnaval local. Claro, esse fenômeno do “fiquei porque quis” não é exclusividade de Natal. Fato é que cada vez mais as pessoas estão percebendo que é bem melhor se esbaldar no carnaval e curtir sua ressaca em casa do que ficar engarrafado, apertado e desconfortável em outro lugar. O carnaval de rua de São Paulo, só para dar como exemplo, deve ser o maior do país em cinco anos se continuar na mesma toada.

Faltam ajustes para que o carnaval de Natal fique ainda melhor e considero simples e barato investir em iniciativas que partam do cidadão para o governo e não o contrário. Shows de artistas midiáticos são importantes nesse processo? Sim, são e devem continuar acontecendo. Mas é preciso ter mais curadoria, entender mais o movimento para não tornar a maratona de shows enfadonha.

Quase os mesmos artistas todos os anos não é um futuro muito promissor. Sem contar que quem acompanhou os shows de vários polos, que foi o meu caso, se deparou com 90% das bandas (mesmo as de outros estados), tocando exatamente o mesmo repertório. Alguém pode argumentar que “é carnaval” e as músicas pro público são as mesmas. Eu prefiro achar que o carnaval é uma festa que pode ser embalada por todas as músicas, para todas as tribos e quanto mais diversidade formos capazes de oferecer, mais gente vai sair para rua para consumir.

O baile do Circuito Cultural Ribeira e A Ponta, duas iniciativas (privadas) que apostaram em artistas locais e repertórios fora da “música” tradicional de carnaval, tiveram participação pesada de público, superlotando as duas atividades. Sinal de que podemos seguir oferecendo cultura dentro da escala festiva momesca que dá certo e é muito salutar.

O maior destaque nacional do nosso carnaval terminou sendo negativo, com o desconforto das palavras (lamentáveis) da Baby do Brasil durante o Baile das Kengas. Insensibilidade de quem escalou a cantora evangélica num evento LGBT. Também teve repercussão bem negativa o boicote de parte da cena musical potiguar ao chamamento público da prefeitura para os shows locais do carnaval. Um movimento bonito e interessante dos artistas para que os processos dentro do poder público sejam mais claros, eficientes e justos. Também lamentável foi a reação da prefeitura ao comentar sobre o boicote em vez de entender os sinais e tentar melhorar o processo.

É preciso ver o movimento com olhos de lince para não cair na armadilha de que o jogo já está ganho pro carnaval da cidade. As fotos da multidão tiradas de um drone não podem servir de parâmetro para medir o sucesso do nosso carnaval. Com um lineup com Alceu Valença, Monobloco, Elba Ramalho, Margareth Menezes e afins é bem fácil reunir pessoas. É preciso investir mais no sentimento de pertencimento do cidadão comum brincante do carnaval, incentivar que blocos de todos os tamanhos saiam a todo momento e dar condições para que eles continuem existindo e virem tradição.

O carnaval de Natal é promissor, já rima por si só, já é música e poesia. Com amor e atenção pode ser ainda melhor. A festa foi bonita e ano que vem nem cogito passar meus dias momescos longe daqui. Bora!

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