Foto: Retrofoguetes no Festival Dosol 2011
CIRCULAR DEIXA SEU PROJETO MUSICAL VIVO!
Por Foca
Artigo original publicado na revista de dez anos da Feira da Música do Ceará
O Brasil, país de dimensões continentais. Um dos maiores pedaços de terra do mundo com uma cultura tão diversa quanto rica. É neste ambiente que nos encontramos para divulgar nossa música.
Tantos lugares para visitar acabam nos deixando tontos. Como ir onde as pessoas estão? Onde achar o público para meu projeto musical? Sabemos das dificuldades de deslocamento que temos no Brasil. Transporte ferroviário deficiente, estradas pouco convidativas e trechos aéreos caros. São muitas dificuldades mas as soluções existem.
A primeira coisa a fazer é detectar qual é sua condição como trabalho musical. Em que estágio você está? Existem dois tipos de tour a se fazer no mundo inteiro. A que a banda quer realizar e a que o produtor quer comprar. É muito importante entendermos  que apesar de estarmos mexendo com arte, estamos inseridos também numa roda do mercado que tem uma lógica própria e que precisa ser entendida para que o jogo seja jogado.
Pular estágios ou não entende-los são as reais dificuldades para que um trabalho musical circule com eficiência. Paciência para maturar bons projetos também é extremamente necessária. Uma banda nova que quer circular tem que dar condições para que o show aconteça. Montar rotas viáveis de viagem, andar com uma equipe reduzida para gerar apresentações em centros menos estruturadas, procurar opções de mídias (oficiais e alternativas) para preencher os dias sem shows e aproveitar o máximo possível o tempo em estrada para divulgar o trabalho. Parece óbvio mas bandas que tocam são aquelas que estão tocando, se você escolhe esperar em casa o convite sagrado ou a descoberta mágica do seu grupo o resultado pode não ser satisfatório.
Claro, isso requer investimento inicial. Mas qual é o negócio que não precisa de um dinheiro em caixa para dar certo? Se você confia muito na sua música, porque não tentar que ela seja seu trabalho por mais tempo possível? O fato é que sem investir, fica difícil de analisar se um projeto musical  tem futuro ou não. O que sei é que eu nunca vi um grupo desconhecido (ou que não circula) ganhar editais ou fazer boas negociações para que a carreira se viabilize. Quantos mais shows, mais “clipping” é gerado e na velocidade da era digital o diferencial é fazer contato com pessoas de carne e osso através dos shows.
O melhor a fazer é buscar o caminho da rua e se manter tocando, que é na estrada que grupos ganham corpo e melhoram. Monte a sua rota, acredite no trabalho e boa sorte!
 Anderson Foca é músico do Camarones Orquestra Guitarrística e produtor da Associação Cultural Dosol.