O Samba mutante de Curumim
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Ele tem a cara do Brasil. Assim como suas origens misturando sangue índio, branco, negro e japonês, o músico Curumin faz circular nas veias de sua música influências de diferentes ritmos, utilizando o samba como base principal.
Com dois discos lançados pelo mundo afora intitulados “Achados e Perdidos” e “JapaPopShow”, o compositor está em Natal hoje no Budda Pub, a partir das 22h30 e traz, como ele mesmo diz, “a evolução da sua apresentação feita ano passado no MADA e em várias cidades brasileiras e no exterior com o meu trabalho recente”. Brincando com o formato de “Banda Baile”, quando o repertório pode ser modificado de acordo com o clima da noite, o show terá músicas dos seus dois trabalhos, algumas novas e de outros compositores, inclusive “Amargo”, de Gustavo Lamartine, repertório do antigo General Junkie.
Suas canções carregam a poesia e um olhar inquietante sobre o mundo. Entre brincadeiras e arranha-céus, Curumin se diverte e faz pensar, colocando nesse existir musical boas doses de ritmos e melodias pesquisadas pelo mundo. Acostumado desde criança a ouvir diferentes canções, Curumin foi baterista de artistas como Paula Lima, Céu, Arnaldo Antunes e Vanessa da Mata, experiências importantes em sua trajetória. “Desde que eu comecei com música eu componho, sempre tive esse olhar na música com base na criação de tentar inventar algo próprio. E mesmo tocando com os artistas, isso foi muito natural. A experiência de estar com eles no mesmo palco me deu uma idéia de como funciona a música. E montar um trabalho solo foi um passo”, disse.
Entre esse experimento e a coragem de se aventurar, Curumin lançou seu primeiro trabalho “Achados e Perdidos” ganhando crítica positiva de jornais como o “New York Times” e o apoio de lojas de disco nos Estados Unidos e em outros países. Esse desbravar o levou a ter o respeito primeiro fora do Brasil para depois ser visto aqui, coisa que para ele é positiva. “Minha música já chegou aqui com outros olhos, com um respeito diferente, foi um caminho que aconteceu. O convite veio de uma gravadora americana, que lançou a gente lá fora e recebemos todo o apoio lá fora. O disco começou a ser vendido em diversas lojas e logo saíram várias matérias minhas em revistas e jornais”, lembrou.
Com toda essa influência, vivenciando o funk, o Hip Hop e o desejo de experimentar sempre, ele traz uma singularidade a mais. Além de ser um baterista/ compositor, sua versatilidade permite ampliar os horizontes dentro da música tornando-o um dos instrumentistas mais criadores da música brasileira contemporânea ao lado de Catatau do Cidadão Instigado, Junio Barreto, Cordel do Fogo Encantado e outros músicos.
Curumin conversou na manhã de ontem por telefone com o VIVER e entre uma gravação e outra, contou sobre a ligação de sua música com o estrangeiro, suas influências e a paixão latente por Clementina de Jesus.
Bate-Papo
Você diz que o som que faz tem como base o samba. Como é seu processo criativo?
Curumin: Eu tenho uma base na música negra, ou melhor, nas músicas africanas que se faz pelo mundo. Gosto de experimentar os ritmos, como o reggae, o Jazz, a Salsa que é feita em Cuba e percebo que todos esses ritmos vieram de um mesmo lugar. E morando no Brasil, numa cidade como São Paulo que é totalmente louca e misturada tento fazer isso de resgatar esse lado e trago o samba como base forte das minhas criações. Imagino que se fizermos as voltas nos ritmos, cairemos sempre no samba. (risos)
Gosto muito de Clementina de Jesus, ela tem um som bem cru, bem raiz. Escuto Clementina sempre…
E depois do disco “JapanPopShow”, você está em estúdio? Disco novo em vista?
Engraçado. Como eu faço trabalho com outros artistas sobra pouco espaço para meu próprio trabalho, por isso ainda não consegui parar para fazer coisas novas. Todas as músicas que tocamos hoje são as que a gente gosta de ouvir, tem Eddie, General Junkie, Céu e assim vamos citando um monte de compositores no caminho. A idéia vem ali na hora e é um momento muito forte que tem a disposição de todo mundo da banda. A idéia é de um repertório elástico. A gente toca junto a algum tempo e como somos só três pessoas as idéias surgem mais rápido, isso é mais tranquilo.
Vi no myspace que tua agenda está lotada de apresentações, inclusive em Nova Iorque e São Francisco. Como é essa ponte entre o estrangeiro e o Brasil. Já que lá você foi reconhecido primeiro que no seu país.
Hoje em dia não existe mais um território fechado. Com a internet, todo mundo tem acesso a música de todo mundo. Sua música pode não dar certo aqui e pode dar certo em outros lugares. Essa é a característica da música contemporânea e é preciso estar aberto às transformações.
Serviço
Hoje, 22h30. Budda Pub. Os ingressos antecipados estão sendo vendidos no local por R$ 20. Mais informações pelo (84) 3219-2328.
Ouça Curumim
www.myspace.com/curumin