Rafaella Soares
Do JC OnLine
O primeiro dia do Festival Abril Pro Rock 2008 concentrou a maior parte de bandas pesadas da escalação. Transferido do pavilhão do Centro de Convenções para o Chevrolet Hall, o evento cumpriu nesta sexta-feira (11) a proposta de dosar testosterona e androginia em estilos musicais bem diferentes. Dois nomes locais abriram a noite, uma tocando no Palco 3 sem muito atraso: AMP (banda selecionada pelo Link musical) e o peso da olindense Project 666, no palco 2 . De Natal (RN), subiu ao palco a The Sinks, sugerindo com seu hardcore melódico a tendência dos shows que se viria.
Abrindo a noite no palco 1, a Mukeka di Rato (ES) instigou adolescentes a entrarem nas habituais rodas de pogo com seu punk rock. Os capixabas fizeram talvez o show mais vigoroso da noite – pra quem estava no palco e pra quem assistia. O vocalista Sandro entoou clássicos da banda e ganhou o carisma da platéia, ainda empolgada àquela altura.
O rockabilly dos paulistanos Zumbis do Espaço ao vivo se assemelha muito mais ao country core do Matanza (RJ). Inéditos no Nordeste, o quarteto subiu ao Palco 2 mostrando que já arrebanha uma expressiva legião de fãs, muitos cantando em coro o hit ” A marca do 3 noves invertidos”, seguida de uma citação ao riff clássico de Iron Man, do Black Sabbath.
A primeira atração internacional da noite, Bad Brains, subiu ao Palco 1 já superestimada, o que pode ter deixado o público confuso. Alternando o som hardcore com alguma influência de dub e ska, os californianos acabaram deixando o tédio como impressão mais forte.
O show longo dos veteranos foi seguido por outra atração pernambucana. A banda Vamoz! já é conhecida na cena alternativa local, e mostrou um show sem novidades do disco Damned Rock n’ Roll – o que significa bastante noise em excesso pros menos pacientes.
No intervalo, guitarras foram sorteadas entre a platéia. Após uma longa espera, por volta das 2h da manhã, sobe ao palco – com a execução de uma peça erudita ao fundo – a maior atração internacional recebida nos 16 anos do evento. Cultuados como banda punk seminal, os New York Dolls, hoje representados apenas por David Johansen e Syl Sylvain da formação original, os pais do glam rock foram reverenciados por diversas gerações.
Quem tinha o fetiche de viver algo parecido com as mágicas noites no CBGB’s ou Max Kansas City durante a década de 1970, ficou com uma pálida lembrança dessa lenda. Ainda assim, o público até ganhou rosas, em meio à execução de Dancing on the Lip of A Volcano, Lonely Planet Boy e Looking for a kiss, até o memorável desfecho com Personality Crisis.