Fazia tempo que eu não assistia um Recbeat tão imbatível. Essa edição de 2008 não teve um show realmente ruim ate agora. Tudo que subiu no palco se aproveitou e no prêmio “banda da cerveja”, no máximo o BotecoEletro (elétrico?) entra na disputa. A terceira noite teve um clima de fim de festa grande, provavelmente pela forte ressaca que o Moveis Coloniais de Acaju causou para quem resistiu até o fim da noite, naquelas duas rodas gigantes debaixo da chuva. E especialmente para mim, que bebi uma garrafa inteira de vodka durante todo esse processo.
O show do Trio Pouca Chinfra & Cozinha foi de cair o queixo. Todo mundo de branco, fazendo bonito um samba que empoe respeito em quem assistia. Me fez pensar como parecia distante os primeiros shows que assisti deles, ainda em mesa de boteco em plena tarde do Recife Antigo. Eles aproveitaram bem os cerca de 50 minutos de apresentação, com quatro pout-porri que condensavam 13 canções. Marcelo Campello (do Mombojó), que antes era integrante full time da banda, fez apenas uma participação especial numa emocionante homenagem ao Rafa, companheiro em ambas as bandas, falecido no semestre passado.
O nome da banda Metaleira da Amazônia gerou uma leve desinformação para quem aguardava o show, seguido de uma boa surpresa quando os coroas entraram no palco com… claro, a metaleira. O comentário certeiro da noite veio do colega George Frizzo (Fóssil) quando lembrou que os músicos do Pará ainda são muito puristas com o carimbo. O show foi foda, mas ficou aquela vontade de ter novas referências no som deles. Mais ou menos como acontece com a guitarrada, também de lá, só que num passo além.
O clima favoreceu o Fino Coletivo. A banda mezzo carioca, mezzo alagoana tem uma vibe que é muito pernambucana (lembra muito Eddie e Bonsucesso, principalmente nas composições da Wado). Mas ainda é em dois tons abaixo, mais lento (eu ia arriscar soturno, mas é um termo meio carregado). Legal de dançar por uns 25 minutos, mas difícil de acompanhar até o fim. Pelo menos para mim. Tinha um cabeludão colado no palco que agüentou do começo até o último segundo da noite, achando tudo o máximo.
Uma das melhores coisas da noite foi o Firebug + Chris Murray. Ska jamaicano, com um tanto de surf music e um pouquinho apenas de reggae. Fico pensando que esse vai ser um show que daqui a três anos vão comentar por ai e nego não vai acreditar que rolou na cidade (e isso é bem comum no Recife. Atualmente tem rolado com o Maquinado, do Lúcio Maia). A positive vibration da banda é das melhores, um rindo para o outro o tempo inteiro no palco, numa sensação de que estavam se divertindo até mais que o público.
Mas a surpresa veio mesmo no fim. Eu não sei de onde diabos tirei que o Pânico era um tipo de Canse de Ser Sexy do Chile. Mas como Fabrício Nobre sempre me diz, “sempre tem que ter uns jornalistas para falar merda por ai, né?”. Banda de rock, com uma pitada leve de eletro, os caras levantaram totalmente o animo da noite. Me deu vontade de ter bebido mais, de tão empolgante que era o show deles. A bateria eletrônica misturada com a orgânica dava um peso foda as batidas (eu já tinha dito isso do Julia Says, né? To ficando repetitivo).
Fotos de Costa Neto