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RODRIGO LEVINO: CULTURA PARA 2008

Por Rodrigo Levino

Cultura para 2008

2007 fechou suas portas com um saldo para a cultura, que como dizem comerciantes, só deu para empatar. Muita coisa foi produzida e promovida, de boa qualidade, mas a verdade e que se pode sempre fazer mais. Fechar a conta com saldo positivo, dá é a sensação de comodismo, de que já se fez demais ou o bastante. Por isso, melhor a cobrança, sempre no intuito de ver a cultura com mais recursos, como projeto de governo, mais respeitada do que colocada em quinto plano, como temos nos acostumado a ver.

Do ponto de vista público, não tem como fugir do grande fiasco que foi a atuação da Fundação José Augusto ano passado. Cancelamentos de eventos como o Fest em Cena e a homenagem a Chico Daniel e a não circulação da revista Preá, mancharam mais ainda a imagem já desgastada da instituição, que pelo visto, se transformou num imenso dinheiroduto, um simples canal usado pelo Governo do Estado para o pagamento de eventos, com dinheiro público.

A Funcarte acabou, por gravidade e bons projetos, ocupando a lacuna deixada pela instituição estadual. De qualquer forma, precisa ouvir o público e a crítica, para não deixar de melhorar e ampliar o foco e a organização de eventos já de grande porte, como o Encontro Nacional de Escritores, o Goiamum Audiovisual e o Festival de Música de Natal. Atrair um público cada vez maior para os seus eventos não exime os organizadores de cuidado permanente.

O que desejar para 2008? Respeito pela cultura. Que uma luz, sabe-se lá de onde pode surgir, mostre aos gestores públicos não somente a importância da cultura para a sociedade, mas acima de tudo amplie o conceito mesquinho e reducionista de que cultura quer dizer somente evento, arrastar multidões para festas e coisas do tipo.

É bacana e de bom tom investir em festas, encontros, seminários, mas é tão ou mais importante garantir bibliotecas públicas de qualidade espalhadas em diversos pontos da cidade e não somente em escolas, formar platéia de teatro com oficinas e cursos promovidos com auxílio dos grupos locais, auxiliar esses mesmos grupos com recursos para montagens mais democráticas que consigam sair dos teatros e irem para as ruas, pois é lá que o artista deve estar, junto do povo.

É hora da classe artística, de cantores a escritores, passando por produtores e artistas plásticos se mobilizarem sem medo e mesmo com suas diferenças para cobrar do governo inculto, brega e inoperante, respeito, pagamento, organização, projeto, transparência, honestidade, recursos e estrutura para que esses mesmos artistas possam levar sua arte para o maior número de pessoas possível, seja com shows, peças ou exposições.

Da mesma forma, desejar que em 2008 os bravos que ainda se aventuram independente do dinheiro público, consigam manter firme seus propósitos de promover arte, como o DoSol Rock, o combo de produtora, estúdio, selo, bar e festival que quase fecha as portas este ano e para evitar mais um desastre para a cultura alternativa da cidade, recorreu a mecanismos privados e de fora, porque no fim das contas, na maioria das vezes quando se precisa de ajuda por aqui, a certeza que você pode contar é de um empurrão. Mas para fazer cair.

É bom lembrar também que 2008 é um ano de eleições. Ou seja, vão encher nosso saco com vídeos bem montados em clima de clipe, jingles grudentos, comícios, intrigas e fofocas, mas quem vai ter coragem de perguntar: e para cultura, vocês oferecem o quê? Quando é que os invisíveis planos de governo vão aparecer e esclarecer de uma vez por todas o que cada candidato pensa sobre como desenvolver a cultura?

Os partidos e candidatos que hoje estão no poder, certamente lançarão seus nomes para a disputa este ano. Ou seja: a mesma laia vai fazer alguma coisa diferente pela cultura? Se não fez em quatro anos, fará agora? E se criticar o que foi feito ou deixaram de fazer, desdiz quem o apóia?

Se não indagarmos, provocarmos ou reclamarmos por políticas sérias de incentivo cultural, de formação de base, de platéia, não somente voltada para grandes eventos, estaremos condenando o estado e a cidade a ano que vem, estarmos diante das mesmas reclamações e num futuro mais adiante, condenados mesmo é a ao esquecimento, à marginalização intelectual. Vamos deixar isso acontecer?

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2 Comments

  1. caro rodrigo,
    eu o conheço, apenas, através dos seus textos. principalmente,um deles, excelente, transcrito no “jornal de hoje”,1a. edição, que falava sobre corrupção no dia a dia, no trânsito,nas repartições etc. lembra?
    recebi há poucos dias um texto escrito na revista “piauí”, escrito,me parece,por valter moreira sales( é isso?), falando do “embate” que vc teve com a colunista hilneth correia, sobre a sua (dela) festa dos 4o anos de jornalismo.excluí o texto. vc teria como enviar-me?
    mais sucesso para você! tertu
    meu e-mail: tertu1@uol.com.br

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