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RESENHA DE DISCO: THE KILLERS – SAWDUST

O Killers parece mesmo um grupo talhado para o sucesso. Em meio a um turbilhão de bandas que desejam soar modernas com inspiração retrô fincada nos anos 80, ele se sobressai com folgas, ainda que (re)utilize recursos cafonas de cabaré americano. Talvez por isso mesmo, e, também pela capacidade de fazer e arranjar, em estúdio, boas músicas, o grupo tenha atingido um sucesso estrondoso. Tão grande que não deu para fazer um disco inteiro para suceder o platinado “Sam’s Town”, lançado em 2007, e esta coletânea, com nada menos de 17 faixas, traz um apanhado de versões de músicas gravadas nos dois primeiros discos, remixes, sobras e (até) músicas inéditas. O filé está justamente no começo. “Tranquilize”, música tipicamente Killers, é uma das inéditas que conta com os vocais e guitarra de Lou Reed, gravado no ano passado. A seguinte é “Shadowplay”, do Joy Division, gravada especialmente para a trilha do filme “Controle”, de Anton Corbjin, e que foi tocada no show do grupo no último Tim Festival. Fechando a trinca de gravações inéditas há uma versão meia boca para “Romeo And Juliet”, do Dire Straits – deveriam ter optado por Duran Duran. Outras que podem ser chamadas de “novas”, já que foram finalizadas em 2007, são “Leave The Bourbon On The Shelf”, iniciada no longínquo 2002; “Sweet Talk”, sobra de “Sam’s Town”; e “Under The Gun” e a fabulosa “Glamorous Indie Rock And Roll”, que ficaram de fora de “Hot Fuss”.

O interessante é que o disco não soa como um cata-cata oportunista; ele é todo permeado por uma certo “jeito Killers” de fazer música que tem tornado o grupo facilmente reconhecível ao ser escutado. Seja pela voz marcante de Brandon Flowers, pelos teclados fincados lá na década de 80, ou pelo clima de simplicidade imposto por baixo, guitarra e bateria, “Sawdust” carrega uma certa homogeneidade que lhe confere status de um disco de carreira do Killers. Fosse lançado como tal, não teria, por parte do público, ao menos, nenhum tipo de desconfiança. Lendo o encarte, de outro lado, dá até para separar as músicas da fase de “Hot Fuss”, mas diretas, e as da de “Sam’s Town”, que tem aquele rebuscamento muitas vezes exagerado. Mas no geral a diferença é bem tênue mesmo.

Músicas que poderiam ter virado hit do grupo são “Move Away”, perfeita para as pistas, e “Who Let You Go?”, que vem com um “sha-la-la” grudendo. Destacam-se também – acreditem – o remix para “Mr. Brightside” e “Sam’s Town”, na versão gravada na BBC de Londres. Mas a coletânea serve mesmo para povoar o ávido mercado da música pop atual, ao mesmo tempo em que a banda encerra um intenso ciclo se sua carreira e ganha fôlego para planejar o terceiro disco.

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