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REPERCUSSÃO: ABRIL PRO ROCK SEGUNDO DIA NO PE360GRAUS

Diversidade de estilos marca segunda noite do Abril Pro Rock

Por Daniel Santana
O rock é um dos gêneros musicais que possui mais vertentes, subdivisões e movimentos e talvez por isso seja também um dos mais vigorosos de todo o mundo. A segunda noite do Abril Pro Rock 2008 comprovou que o rock é muito mais que um rótulo musical – é um estilo que transcende barreiras.
Se na sexta-feira (11) o hardcore imperou, neste sábado (12) a diversidade de estilos foi tão grande quanto a de bandas: 15 no total. E se a noite teve mais bandas e mais “estilos”, também teve um público maior. Cerca de cinco mil pessoas – o dobro do primeiro dia – estiveram no Chevrolet Hall para assistir a show de nomes consagrados do rock nacional como Wander Wildner e Lobão e outros mais recentes, a exemplo do Autoramas.
A pluralidade musical foi iniciada com a banda vencedora do Click Msical, concurso realizado pela produção do Abril Pro Rock. Os internautas escolheram duas bandas do Nordeste para abrir os shows dos dois primeiros dias. Os pernambucanos do AMP tocaram na sexta e neste sábado foi a vez de Madalena Moog, da Paraíba. A mistura de pop gótico com música brasileira foi o cartão de visitas de uma noite que prometia – e cumpriu.
Ainda em ritmo de aquecimento, Erro de Transmissão, uma banda pernambucana composta quase que completamente por mulheres tocou um pop rock suave, que agradou o público que começava a se acomodar no salão da casa de shows onde estavam montados os três palcos. Depois foi a vez de Sweet Fanny Adams agitar o público.
Apesar de uma carreira breve, de apenas dois anos, os pernambucanos já participaram de festivais no Nordeste e em Belém do Pará. O Abril Pro Rock foi uma grata surpresa para os eles. “Quando recebi o convite para tocar eu estava dirigindo. Estacionei o carro na hora, pois não acreditei que iríamos tocar aqui”, contou um dos vocalistas da banda, Léo.
A empolgação da banda foi levada para a performance e a o resultado da equação animação + empolgação só poderia ser um show vibrante. “Eu gosto muito dessa banda. Eles são um dos principais motivos de eu ter vindo aqui”, contou o fã Gustavo Costa, morador de Boa Viagem, no Recife.
Em seguida foi a vez da banda potiguar Barbiekill. Uma mistura de bom humor com música tecno e um pouco de rock trouxe um tempero a mais para o caldeirão do festival. As letras cômicas só não eram mais engraçadas que a atuação do grupo no palco. Além de dançar bastante, quem assistiu ao show pôde dar muitas gargalhadas.
AUTORAMAS
As apresentações deste sábado podem ser dividas em dois momentos: antes e depois de Autoramas. A banda carioca foi a primeira a tocar no palco principal e trouxe um repertório com músicas agitadas como “Você Sabe” e “Nada a Ver”, esquentando de vez o público, que pela primeira vez lotou a pista em frente ao palco.
As músicas estavam na ponta da língua de quase todos, mas Humberto Santana foi além. Ora ele gesticulava como se tocasse a guitarra de Gabriel Thomaz (voz e guitarra), noutra parecia tocar a bateria de Bacalhau. “Sou fã da banda e só lamento o show ser tão curto. Eles têm repertório para tocar por mais de uma hora”, reclamou o fã, dando uma pausa no seu “rock imaginário”.
Após a performance de Autoramas, que lembrou em alguns momentos as antigas festas adolescentes dos anos 80, devido às músicas agitadas e de certo modo pesadas, mas, acima de tudo, dançantes, as apresentações não foram mais as mesmas. O alto astral foi mantido, em seguida, pelos goianos do Violins, banda sucesso de crítica e público que já chegou a sofrer processos por conta da acidez contida em suas letras.
No mesmo pique também seguiu o show de Wander Wildner. O roqueiro gaúcho é um dos precursores do punk brasileiro, mas iniciou o show de uma forma bem diferente de sua origem musical. Foram músicas de seu novo álbum, La Cancion Inesperada, lançado durante o festival e cuja melodia se sobrepõe ao peso das guitarras. Algo inovador, por assim dizer, para um artista do calibre de Wander.
Inovador mesmo foi o que ele fez na parte final de seu show, que contou com a participação de músicos da Orquestra Contemporânea de Olinda. Clássico como “Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro” e “Vou entorpecer bebendo vinho” foram tocados de um jeito inusitado: em ritmo de marchinhas de carnaval. A galera entrou na brincadeira e ensaiou diversos passos carnavalescos em uma noite de rock. A primeira barreira foi quebrada.
MÚSICA CLÁSSICA, MPB E ROCK’ROLL
Até o show de Wander Wildner, bandas bastante singulares haviam subido nos palcos do Abril Pro Rock, mas nada se comparou com as atrações seguintes. Vitor Araújo levou o som do piano – isso mesmo, piano – para uma apresentação de música clássica, com pitadas de MPB e rock.
MPB mesmo veio com o show da paulista CéU. A cantora fez sua primeira apresentação em Pernambuco e deixou o público com gostinho de quero mais. O rock voltou à cena com os Rockassetes, outra banda do Nordeste (Sergipe) que comprovou a força do rock na região.
Outro show clássico foi o gaúcho Júpiter Maçã, mais um pai do rock daquele estado. De um gaúcho antigo para um gaúcho atual. Os Superguidis levaram um pouco mais do som leve e tranqüilo do pop, dosando na medida certa o que estava por vir: The Datsuns.
A banda neozelandesa mostrou um rock um pouco mais pesado, apenas para contrastar com a leveza que as apresentações em geral traziam, ainda mais quando comparadas com a noite anterior. Pata de Elefante, outra banda gaúcha, foi a penúltima atração do evento, que ainda contava com o polêmico músico Lobão.
ACÚSTICO
Lobão trouxe pela primeira vez ao Recife o show do Acústico MTV na íntegra e a receptividade não poderia ser maior. Não havia mais guitarras, mas a voz estridente e poderosa do cantor conseguiu suprir a ausência do principal instrumento do rock. Em seu lugar, o dedilhar mágico dos violões garantiu a animação, e o público, claro, aprovou.
“Eu queria ver todas as bandas, mas Lobão é a grande atração, e um show desses não poderia ser melhor”, elogiou o engenheiro Robson Carvalho. “A acústica do Chevrolet Hall também é ideal para este tipo de show. Foi uma escolha feliz trazer o Abril Pro Rock para cá”, opinou Robson.
Ao término do show, Lobão e público lamentaram o fim de festa. Isso não significa que o Abril Pro Rock tenha acabado. No próximo dia 27, o festival terá ainda duas atrações de peso: Halloween e Gramma Ray, duas bandas da Alemanha pioneiras no heavy metal europeu e que transformaram, de certa forma, a maneira de tocar metal. Mas esta é uma história para o próximo capítulo do Abril Pro Rock 2008.

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