Editorial

ARTIGO: NÃO AMEACEM NOSSA LIBERDADE


Foto: Ocupação cultural da Ribeira, abril de 2013.

Por Foca

Ontem, depois de mais de 20 anos, o país voltou às ruas em manifestações que se espalharam (e ainda vão se espalhar mais) pelas quatro cantos do nosso colossal Brasil. O grito e o impulso que levou tanta gente a sair de casa e se manifestar (e outros milhões de se identificarem com o protesto mesmo sem ir para as ruas) na minha análise foi um só: defesa total e irrestrita da liberdade.

Sim, muitas demandas estão reprimidas junto a isso: péssimos serviços prestados pelo poder público somando-se a enorme carga tributária que somos obrigados a pagar, corrupção sem freio, falta de segurança e falta de vergonha na cara dos governantes com essa história toda criada pela tal Copa do Mundo e que todo mundo já sabe no que tá dando. Mas o que tirou as pessoas de casa mesmo foi notar que estávamos sendo sufocados até no direito de se indignar com as mazelas da vida cotidiana e que um simples ato de protesto por um Passe Livre, virou senha para que a polícia batesse em sua própria gente. O brasileiro médio, bem humorado, feliz e que cultiva a paz como um enorme legado histórico e importante não admitiu ter sua liberdade ameaçada. Foi para rua expor sua demanda reprimida.

Manifestações populares tem seu efeito colateral também. Muita gente se aproveita da inocência de uma boa parcela dos manifestantes, puxa para sua frigideira um peixe temperado e prontinho para ser frito, se apropria do discurso libertador e ingênuo dos menos esclarecidos para implantar uma falsa ideia de revolução. Tudo jogo político, do tipo mais sujo que a gente conhece.

Nessas horas é que vejo o quanto é importante o poder de observação e escolha que a cultura nos ensina a exercitar. Essas escolhas e observações não servem só para escolher uma música para ouvir ou um filme para ver, serve também para enxergar além do óbvio, além do que tá publicado nas redes sócias e nas mídias convencionais. Serve para entender as movimentações em torno de nós e que caminho vamos tomando a partir disso.

Juízo a todos nós. Exercite seu poder de observação e vamos em frente. Mudanças são processos e passo a passo vamos construindo um país melhor. Ontem caminhamos bastante, literalmente!

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