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ROCK POTIGUAR: ENTREVISTA COM O CÄTÄRRO (RN)

entrevista gentilmente cedida por Rafael F. do Lado R

O conjunto de música hardcore Cätärro apareceu nas páginas do fanzine lado [R]#7. Inconformado com as poucas respostas dos caras e sabendo que eles tinham muito mais a falar entrevistei Pedro Mendigo, que falou sobre os próximos passos da banda após o lançamento do cd “dance império dance” . O cd é uma parceria inédita dos selos : Laja, Nocaute,Estopim,PunchDrunk,Capitão Lixo e Hiroshima records. Eis a conversa. Sem firulas…


Há rumores de que vocês vão descer para o sudeste maravilha pra fazer a divulgação do dance império dance. Procede?
Sim, desde o termino de nossa 1º tour que foi pelo nordeste em 2006, planejávamos essa aventura pela região cheia de fumaça preta. O sudeste estava em nossos planos desde o início da banda, pois mantemos contato com vários malditos de lá e para nós é uma oportunidade de tocar com um monte de banda que a gente curte, ver esses feiosos do sudeste, rever outros e tocar em Vila Velha, que foi a terra que mais nos inspirou devido à gama de banda medonhas

Que bandas medonhas são essas? Mais medonho do que as rodas de pogo mossoroense, duvido…

Em 2003 quando nenhum de nós tinha ainda pelos pubianos e os quatro Cätärros tinham menos de 18 aninhos ouviamos Jäzzus, Chuck Norris e Ajudanti di Papai Noel e tentávamos entender a ligação amusical existente entre elas. Era aquela fase do ” bicho, achei na net o disco La Revancha do Spazz preciso te passar” e começamos a perceber as referências tanto em acordes quanto na estética do que essas bandas produziam e inevitavelmente caímos nessa de tocar um som rápido, reclamar do mundo, desenhar caveiras e colocar tremas em cima das letras. Nossa demo é uma prova do quanto estávamos perdidos, tocando rápido achando que era crust, querendo fazer power violence e saindo um grind seboso, ver também grind powerviolence e incontáveis definições que ouço daquele material.

E hoje depois do lançamento vocês se encontram aonde?

Aos fins de semana tomamos açaí na tigela, Farofa vai pro litoral quase sempre pegar ondas gostosas, Aninho andando de skate e ouve Ramones toda hora, Leitão provavelmente jogando Mario Kart e eu agora conquisto um pedaço da noite todo dia, com skate, bicicleta e amigos inconsequentes. Nós 4 nos reunimos sempre na casa de Leitão onde tratamos assuntos da tour, preparamos sons para nosso próximo lançamento que por enquanto é secreto e conspiramos a favor do Açaí da Toca por 1 real. A resposta era sobre isso mesmo Farinha ou viajei na Beringela?

Tenho curiosidade de como vocês conseguiram lançar o disco por tantos selos diferentes. Fale um pouco sobre essa escolha.

No início foi estranho pensar no lançamento de 1 álbum por vários selos, por termos o costume de ver cds com no máximo 3 selos, mas depois paramos para pensar mais na conjuntura atual da saída de cds e a recepção do que têm sido produzido pelo meio out sider com a banalização do download e o vício de não se interessar pelo seu acervo particular. Então acabamos por ver de maneira positiva a participação de vários selos para o eminente encalhamento de cds não ser acumulado em poucas mãos, para os custos serem divididos sendo assim mais em conta e a própria divulgação que foi bastante otimizada tendo selos espalhados por todos os cantos desse brazilsão. Anteontem mesmo curiosamente estive com o Mozine em Recife quando ele disse que a venda de nossos cds estava acima da média o que foi gostoso escutar. Basicamente a escolha de selos foi feito a partir de comparação com bandas que o selo lançava, selo de brothers e pela aparência do selo e todos de alguma forma tinham características que nos identificasse.

Vocês enviaram o disco na cara dura e disseram algo do tipo: Cara nós gostamos do seu selo e queremos lançar com vocês?

Foi mais ou menos isso, a diferença é que mandamos apenas 2 sons pros selos, queriamos guardar expectativa enquanto as canções e discaradamente não liberamos nem para os selos o disco inteiro. De alguma forma isso veio a surtir um efeito surpresa mais saboroso.

E pelo visto os caras curtiram o resultado…
A pretensão em fazer um disco exemplar era tamanha, foi tudo feito com muita atenção e carinho, mas ainda assim foi muito prazeroso quando recebemos elogios dos selos, pois ali estava sendo carimbada a ida de nosso 1º album para a fábrica.

Ultimamente percebo um pouco uma mudança de perspectiva sobre o que é feito aqui pelo Nordeste no que diz respeito ao fazer independente e underground. Parece que a coisa tá andando em passos bem sólidos… Várias bandas, selos, agitadores culturais, festivais legais e o reconhecimento do resto do pais. O que acha de tudo isso?
Me parece que os produtores dessa cultura estão se doando mais e levando a coisa mais a sério. Como um natural amadurecimento mesmo e acaba que os eventos têm uma proposta mais bacana, os zines acabam editando materiais mais interessantes, bandas tocando mais longe de casa, donos de selo dedicando mais tempo às produções e acaba que isso se reflete na cara desse “produto”. Acabamos crescendo como grupo de forma mais sólida e melhor produzida e essa evolução é percebida pelo resto do país e em alguns casos podemos extender ao restante do mundo.

E a distribuição do disco como é feita?
Assim que saiu escrevemos para selos a procura de distribuição e tipo quase todos eles já tinham. O pessoal dos selos fez um trabalho bastante firme no tocante a distribuição e agora nos sentimos na obrigação de sair fazendo shows por aí para passar os cds na mão do pessoal. Algumas trocas foram agilizadas, outras estão em andamento, mas felizmente para nós é uma surpresa prazerosa saber que em poucos meses de distribuição esse caraio está em todo o Brasil.

E a divulgação virtual? O disco tá disponível pra download?
Não, divulgação virtual limitada a textos, resenhas e entrevistas em alguns sites de selos, blogs e fotologs. Marcelo da Absurd Records resenhou o disco, todos os selos que lançaram fizeram divulgação de resenhas e quem quiser o cd escreve pra gente. O cd não é apenas uma manifestação de audio, naquele material a gente depositou um monte de coisa bacana para quem gostar de punk art marginal se deliciar, têm letras e um poster de arromba. Tudo feito para os amantes do faça você mesmo de boa qualidade e para os inimigos da geração eu já tenho mp3 e não compro esse disco.

Então aquele que prefere tomar um açai a comprar um disco não precisa conhecer o catarro?
A vista grossa eu poderia falar em escolha e que cada um se apega aquilo que mais sente tesão mesmo, mas eu acabaria pensando que basta um pouquinho de imaginação para conhecer o Cätärro tomando um açaí na tigela, ainda mais nesses tempos em que tudo se vende.

E aí, dá p/ sobreviver de música no underground? Ou música não é emprego é fruição estética?
Olha, dizem que têm gente que vive sim de música no underground, mas em todos os casos que ouvi chega um momento em que você precisa de uma ocupação alternativa pois o rock não foi o suficiente para a sobrevivência. Se eu pudesse viveria só de gritar mesmo, mas em Mossoró quase não dá para manter a própria banda, o que dizer a tirar dela fonte para manutenção de 4 vagabundos. Mas aí a gente esquece de citar os produtores de grandes festivais e aqueles recortes de bandas que demonstraram ser capazes de fazer bem mais que baladas em fins de semana, mas aí já entra contexto histórico e importância que o público dava à essas manifestações. Música não é emprego, por quê emprego é uma bosta e música é tipo sagrado.

Sagrado ou profano?Dizem que diabo é o pai do rock…
É aí que mora a malícia, a pegadinha que todos caem, o Diabo é o pai do rock, mas Maria é a mãe, daí se tira que rock tanto é sagrando quanto profano.

E no final das contas toda banda é um pouco de Tarobinha[personagem marginal de uma das letras do catarro]?
Sim, um pouco Tarobinha e um pouco o Rato Macaco da Sumatra.

Eu ainda tenho mil perguntas pra fazer p/ você. Como não posso fazer as mil, vou mandar a última e depois você fala o que você quiser… certinho? Qual música você tocaria para ” a dança do jovem império humano em direção ao abismo”?
Fim do Mundo (4ª faixa do disco ‘’dance império dance’’), por quê foi encontrada nas ruas, escrita por um inidigente e fala de maneira grossa algo que Tarobinha e o Rato Macaco da Sumatra quiseram dizer, mas ninguém entendeu. É tipo um recado sobre os eminentes minutos de diversão antes da morte é tipo o Morte Larsen sacudir a corda e lá no mastro todo mundo balançando a ponto de se espatifar na proa. E enquando isso alguns dançam e acham que estão entendendo tudo, mas não estão. Ninguém está.


Em breve o catarro segue em turnê pelo Sudeste ao lado das bandas: Alarme (RJ) e Ternura (ES)

[+] : http://www.myspace.com/catarro666

http://www.fotolog.com/catarro666

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