Curto e grosso: a edição do Festival Nordeste Independente em Natal foi um sucesso na qualidade dos shows. Quanto ao público, tivemos ele fraco na sexta e o esperado no sábado. Das 13 bandas que se apresentaram vi 12. Só não vi a The Volta no fim da tarde de sábado. E dessas doze bandas que tocaram, todas fizeram shows bons. Nunca vi por essas bandas uma sequência de shows desta qualidade.
Na sexta quem me chamou a atenção foi a cearense O Garfo e a potiguar Dombem, que abriu os trabalhos por volta das 22h. O público composto por amigos e familiares animou a apresentação que passeia pela MPB e Rock. Numa mesma música foi possível ver a mudança de andamento de um samba-rock para um punk. Pelo estilo da banda fica difícil saber se eles irão agradar a molecada que compõem a grande parte dos shows de rock em Natal hoje, ávidos por coisas mais pesadas e mais comerciais. Mas a banda tem futuro. Quem veio depois foi a banda Distro que tem melhorado suas apresentações. Mas problemas com pedal da bateria e corda quebrada do baixo deixaram o show comprometido. Logo em seguida veio a cearense O Garfo. Com um rock instrumental difícil de rotular, a banda me agradou e boa parte do público. Em dado momento a linha de baixo e bateria lembrou Joy Division, logo em seguida a banda acelerou num rock dançante. Enfim, prefiro pensar que o som é alucinógeno. Se é que vocês me entendem. Terminaram com uma versão do Nine Inch Nails muito boa. O Lafusa, de Brasília, veio para desconstruir todo o som anterior. Banda pop que passeia por Tim Maia, Jorge Ben, rock inglês e tem bom domínio do público. Me lembrou os finados (?) Los Hermanos. Foi a que menos gostei, mas o público pensou o contrário, foi o momento que juntou mais pessoas frente ao palco.
Depois coube aos Reis da Cocada Preta, da Paraíba, segurar a onda. Depois que o show começou, carregado de guitarras e bateria rápida, parte do público voltou a se sentar e outra parte, pela hora, foi embora. O show foi bom.. A banda é mais uma que tem boa presença de palco e usa da inteligência a seu favor. Se o nome sugere alguém que “se acha”, cocada para todos. De verdade. Comi duas. Quem encerrou a noite foi o Barbiekill para um público bem reduzido que viu as estripulias do quinteto que está aparando as arestas para ir ao AbrilProRock. O show continua bom, animado e divertido. As composições aumentaram e agora cabe a banda resolver pequenos detalhes como a programação eletrônica.
O sábado começou ainda claro para o The Volta. Por esse mesmo motivo não pude acompanhar a banda. De fora ainda ouvi o fim do show. E pelo que percebi a banda deve ter mudado um pouco, já que o som era mais pop antes e agora está mais pesado. O Calistoga veio em seguida para mostrar que é uma das melhores e mais afiadas bandas de Natal. O som passeia por várias influências tornando-se um emaranhado de riffs e mudanças de andamento. Lembra Hurtmold, Mars Volta e outras bandas. A Camarones Orquestra Guitarrística veio para mostrar seu show instrumental carregado de desenhos animados e pout-porri que mistura Roberto Carlos e Metálica, por exemplo. Teve também Dick Dale e Popeye lado a lado. Dançante e contagiante o som da banda. A Bom Vivant vem de Recife e é da nova safra de bandas que enterraram o movimento mangue como suas influências. Os caras vão do rock moderninho dos Strokes até o rock cabeça dos Los Hermanos. Um som mais delicado, mais calmo. A The Sinks veio para mostrar um show redondo, pronto para tocar no AbrilProRock, e para começar a colocar fogo para os shows seguintes. Entre as inúmeras músicas próprias espalhadas pelos três EPs tocaram uma do Weezer. Mas a onda da banda é mesmo o punk e suas variações. Bom show que aproximou o público para apreciar a outra boa novidade de Fortaleza: George Belasco e o Cão Andaluz. O nome levou a curiosidade e ela levou a ouvir o útimo EP. Quatro músicas eletrônicas. Nada a ver com o show, e ainda assim muito bom. Peso, diversão, cozinha afiada. A verdade é que a banda vai do eletro ao punk em poucos minutos, resultando numa sonoridade que me deixou com um grande sorriso e agradou também ao público que só entrou na última hora para ver o show do Rock Rocket. Fortaleza trouxe duas excelentes bandas a Natal, pena que o público padece do mau dos eqüinos e bovinos que usam viseira e cabresto. Esse é o fim da cidade.
Do Rock Rocket é redundante falar. As apresentações sempre são recheadas dos clichês do rock, mas que ainda animam bastante. E tome cerveja cuspida para o alto, tome música do Stray Cats, do Ramones, músicas novas que falam de puxar fumo, de beber até cair e ainda contaram com a participação de meninas dispostas a animar a banda e a molecada cheia de hormônios a frente do palco. Como? Derramando cerveja sobre o corpo e se jogando pro abraço. Deles. É assim sempre. A banda encerrou como deveria ser. Animando geral.
Palmas para o roqueiro a frente do palco que durante todo o sábado sacudiu a cabeça, seja ao som de Roberto Carlos, seja ao som do Rock Rocket. Isso numa combinação explosiva que era caipirinha e cerveja. O indivíduo ainda trajava uma camiseta do Iron Maiden que vez ou outra tirava e rodava sobre a cabeça.
O ponto negativo já foi citado: o público. Na sexta ainda dá para entender porque os shows acabam tarde e boa parte da molecada volta de ônibus, mas no sábado quem não entrou perdeu bons shows. Se o estilo não agradava a todos, pelo menos serve para ver o que está sendo feito aqui e fora e ver também que bandas novas, com um ano ou menos, já tem shows formatados e boa presença de palco. No fim, cerca de 300 pessoas circularam pelo DoSol.
excelentes shows mesmo, impressionou!
ótima resenha Hugo. realmente os shows foram muito bons.
foi muito bom mesmo!!!
valeu pela resenha hugo.
Opa… primeiramente agradecer a oportunidade de fazer parte do festival. Foi massa…
Pois foi Hugo… o dia ainda estava claro para gente… mas nem por isso tocamos com menos intensidade… assim como todas as bandas que vi, falou bem: grande seqüência de shows!
Parabéns pela resenha… e vamos conhecer o som da gente cara!!! Estamos trabalhando com força para entrar na cena natalense!
Valeu Foca!
Valeu DoSol!
Abraço
Fala galera, tudo blz?
Mais uma vez aí gostaria de agradecer a oportunidade de ter participado deste festival. Obrigado aí ao DO SOL pela oportunidade.
Uma banda que não conhecia e que curti a proposta foi a Camarones Orquestra Guitarrística. Rapazeada gente boa, trocamos uma idéia ali nos bastidores sobre amps valvulados hehehe.
Um abraço pra Foca e Ana Morena.
Pode contar com a gente aí.
Valeu!
Eu entrei só na hora de rock rocket
mas eu também queria ter visto the sinks e camarones, mas ficar o tempo todo dentro do dosol não dá, devia poder ficar saindo de vez em quando.
O som do The Volta está apenas mais maduro, mas a sonoridade não mudou. A gravação que vc ouviu é que não ajudava mesmo!!!