Em 1988 uma coletânea do The Who foi lançada para comemorar 25 anos de carreira da banda, com o título “Who’s Better, Who’s Best”. Dezoito anos mais tarde este vídeo foi montado para mostrar a banda tocando as mesmas músicas, em imagens retiradas de gravações ao vivo, apresentações gravadas para a TV, e até videoclipes – sim, eles existiam desde os primórdios do Who, nos anos 60. O resultado aproxima o formato coletânea das imagens ao fã, que passa a ter uma visão mais abrangente do que é e uma banda que atravessa três décadas, só nesse DVD.
Músicas como “I Can’t Explain”, gravada para vídeo num clubinho londrino em 1964, com os garotos dançando, e “The Kids Are Alright”, com imagens feitas na beira de um lago em pleno Hyde Park, mostram um The Who como uma bandinha ingênua a Beatles, muito antes de o grupo se tornar um dos pilares da música pesada/progressiva que desaguaria na década seguinte. Em contrapartida, há cenas raras da apresentação no emblemático Woodstock, distribuídas em “Pinball Wizard” e “See Me, Feel Me”, participação marcada pela “briga” com Jimi Hendrix para ver quem tocava antes do outro.
Embora “My Generation” e “Substitute” sejam marca registradas do Who, ao menos em termos de imagem, nesse vídeo as músicas mais marcantes são as gravadas no Shepperton Studios, Inglaterra, em 1978, de onde saiu o “clipe ao vivo” para “Won’t Get Fooled Again”. É nele que, além do giro com o braço sobre a guitarra, Pete Townshend eternizou o salto no chão de joelhos, e a cortina de raios laser pairando sobre a bateria – imagens que fazem parte do imaginário popular do rock. Não por acaso, o esse vídeo supera os nove minutos, algo bem diferente das canções do início da carreira, bem curtinhas.
Outro abismo considerável aparece nas músicas gravadas após a morte do excepcional batera Keith Moon, aqui representadas pela boa “You Better, You Bet”, e mais três músicas nos Extras, entre elas “Eminence Front”, do álbum “It’s Hard”, de 1982, que colocou fim na banda, até o retorno no final dos anos 90. É notável a decadência da banda, além de certo desconforto em relação ao que se passava naquele momento na música pop mundial. No fim das contas, o DVD vale para conhece melhor o grupo, mas há vídeos melhores, como o excelente “The Kids Are Alright”, gravado para cinema, mas já disponível em DVD.