Embora creditado aos Beach Boys, “Pet Sounds” é, na verdade, um disco solo de Brian Wilson. O motivo? Os outros integrantes da banda estavam tocando pelos Estados Unidos e Wilson ficou encarregado de fazer, sozinho, o álbum. A mesma história dá conta de que ele se inspirou no álbum “Rubber Soul”, dos Beatles, e estes, devolvendo a cortesia, teriam se olhado para “Pet Sounds” para fazer o clássico “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Talvez por isso, por causa de um bom causo, “Pet Sounds” acabou sendo o disco mais superestimado da história do rock e da música pop.
Prova disso é que, além de Brian Wilson, considerado lelé da cuca até pelas boas línguas, nenhum dos nomes que o ajudou a gravar “Pet Sounds” – e não são poucos – teve uma carreira destacada desde então. São bons músicos de estúdio que sustentaram a viagem criativa de um inspirado compositor, e cujo resultado é a obra-prima que serve de referência maior para a música indie contemporânea, sobretudo a feita no Reino Unido. É isso que se percebe, mais ainda, nesse DVD, que repete a fórmula, com Brian acompanhado por (outros) músicos de estúdio executando a íntegra de “Pet Sounds”.
Lhe encheram tanto a bola que Brian Wilson, no show, se acha o máximo e praticamente faz auto-elogios antes de cada música começar. Em “God Only Knows”, por exemplo, aponta a música como a favorita de Paul McCartney. Nos extras, em que integrantes da gravação original falam como o disco foi feito, Brian Wilson diz que partiu para fazer a grande obra de sua vida. “E consegui”, conclui. O vídeo do show, registrado em seis apresentações no London’s Royal Festival Hall, peca por uma certa descontinuidade, graças aos cortes feitos para emendar trechos de dias distintos, denunciados pela indumentária da numerosa banda. Mas tem o mérito de captar muito bem todos os barulhinhos que Wilson imaginou lá pelos idos dos anos 1960.
Além das 13 músicas lançadas originalmente em “Pet Sounds”, “Good Vibrations”, que demorou um bocado para ser finalizada pelo perfeccionista Wilson, como contam os músicos nas entrevistas, também foi incluída. Além de “Pet Stories”, o documentário com alguns dos músicos da gravação original, que aparece inexplicavelmente sem legendas, os extras trazem a rala discografia de Brian Wilson e fotos dos shows. Assim como o próprio “Pet Sounds”, esta apresentação ao vivo pode receber a mesma pecha de superestimado. Pior, então, para os fatos.