Por Marcos Bragatto
Os brasileiros que assistiram à turnê do álbum “Ballbreaker” no dia 12 de outubro de 2006 (ou na véspera, em Curitiba) não podem deixar de dar uma olhadinha nesse DVD, que registrou o show da mesma turnê, gravado três meses antes na exuberante Plaza de Toros de Las Ventas, em Madri – daí o título. O vídeo é um relançamento da época, e teria ganhado uma nova edição feita pelo diretor David Mallet, como se fosse um longa-metragem com uma versão particular dele, muito embora não fique claro o que mudou em relação às imagens da versão original.
O papel principal cabe, claro, ao endiabrado Angus Young, e não só por causa dos chifrinhos que ele usa em “Highway To Hell”, no bis, quando surge enjaulado do piso, vindo do inferno, mas por que este senhor passa duas horas se movendo de uma lado a outro. Gaiato, faz o tradicional strip-tease em “Boogie Man”, mostrando as ceroulas com a bandeira da Espanha estampada; se estrebucha no chão diversas vezes, rodopiando feito louco; e até sai do palco, atravessando o público por um fosso, em “Let There Be Rock”, sendo carregado nas costas de um segurança até ir parar num praticável do lado oposto, onde é erguido triunfalmente em meio à multidão, sempre com a guitarra em punho.
A coadjuvação perfeita vem com Brian Jonhson, que além de cantar com a voz anasalada e rouca, toca o sino gigante na colante “Hells Bells”, também carrega Angus, surge dependurado numa daquelas esferas de ferro que demolem prédios velhos, a mesma que aparece na capa do álbum “Ballbreaker”, e que é usada no início do show erguida por uma grua e demolindo paredes. Johnson é outro que parece não se importar com a idade, e segura o show com grande carisma, ante a um público que não para de participar um só minuto – a menos que a edição não seja tão confiável assim.
O repertório vem com quatro músicas de “Ballbreaker”, todas muito bem aceitas, além de “Cover You In Oil”, que aparece nos extras, gravada num show na Suécia. Em “Hail Caesar”, por exemplo, o cenário contribui para um clima épico em que todos erguem os punhos cerrados num visual espetacular. Afora isso, são só clássicos que realmente não deixam de mexer com o público. Imaginem que a abertura é com “Back In Black”, e, lá no meio, estão, em seqüência, “Rock And Roll Ain’t Noise Pollution”, “Dirty Deeds Done Dirt Cheap” e “You Shook Me All Night Long”. Em “Whole Lotta Rosie” a mulher inflável gigante reaparece, a mesma do extraordinário vídeo “Live At Donington”, que, pela diferença nos repertórios, acaba encontrando em “No Bull”em belo complemento.
Os efeitos continuam durante todo o show. No solo final, Angus sobre na torre da grua e com o braço de sua guitarra faz sair faíscas dos corrimões das escadas. As mesmas que saem da bola gigante, ao ser largada ao chão, antes do bis começar. No encerramento, a clássica “For Those About To Rock (We Salute You)”, com direito a seis canhões medievais mandando fogo sobre a platéia. Não há nada de novo nesse previsível encerramento, mas como resistir incólume a um dos momentos mais marcantes da história do rock? Assim também é o AC/DC. Previsível, sim; mas como resistir a todo esse espetáculo?
Os extras trazem ainda “Down Payment Blues”, gravada na Flórida, e a já citada “Cover You In Oil”, de um show da Suécia, durante a mesma turnê. Há também câmeras exclusivas para Angus Young em quatro das vinte músicas, além da discografia lançada até então.