Coberturas, Nacional, Notícias

REPERCUSSÃO: ABRIL PRO ROCK NO PORTAL FORA DO EIXO

Por Felipe Gurgel (CE) – Enviado a Recife (PE)

O Abril Pro Rock 2008 ainda não terminou, mas já tem história pra contar. No último fim de semana, dias 11 e 12 de abril, o festival colocou 23 bandas nos palcos do Chevrolet Hall, em Recife (PE). A 16ª edição do Abril finaliza sua programação no próximo dia 27, com os shows do Helloween e Gamma Ray. A data descolada dos dois primeiros dias se justifica por conta da agenda da turnê das duas bandas internacionais de metal.

Uma das pedras fundamentais para o que é a música independente hoje no Brasil, o Abril Pro Rock traz uma bagagem que pontua as mudanças no mercado da música no País. Na década de 90, revelou nomes como Los Hermanos e Pato Fu para as gravadoras. Hoje, tem outros desafios. Encontrar bons nomes, numa vastidão de bandas do universo independente, parece ser um deles. Outro é formar público para as mesmas.

Se antes as bandas viam o Abril como um salto para uma estrutura maior, agora o festival é finalidade. O Portal Fora do Eixo ouviu músicos que passaram por essas duas primeiras noites e apurou que algo é comum entre eles: a sede de tocar no festival. Um sonho para alguns. O Abril Pro Rock virou ponta da cadeia produtiva da música independente, apesar de reunir mais público em edições anteriores e agora ter que dividir espaço e atenção com outros festivais do calendário nacional.

A “marca” do Festival é notória até fora do universo independente. Em Recife, a agenda cultural da cidade trazia o “Abril Pro Reggae” e o “Abril Pro Brega”. A versão regueira aconteceu em Fortaleza (CE) também. Reflexo do nome do festival que, hoje, enfrenta uma série de dificuldades para se manter grande. Cerca de 2 mil pessoas prestigiaram o primeiro dia. E mais de 3 mil, o segundo.

“É muita ousadia trazer essas bandas para o Nordeste. Poderia ter mais 1.500 pessoas aqui hoje, mas está complicado. Tem muito show gratuito na cidade e o nosso Carnaval é pop”, dizia o produtor Paulo André Pires, no primeiro dia, repetindo o discurso de entrevistas anteriores à realização do evento. Ele coloca outro problema. “O achatamento da classe média, como já foi dito em uma reportagem da Veja desta semana. Ouço meus amigos dizerem que estão sem grana. E, infelizmente, a classe C não tem acesso a essa produção”, percebe.

Segundo o produtor, a mudança de local do festival, após 15 anos de realização no Centro de Convenções, favoreceu a nova edição. “Aqui você ouve o show de qualquer lugar. No Centro de Convenções era só de frente para o palco”, diz. Paulo André ainda crê que o Abril cumpre bem a integração com o público de outros estados. “Conversei com gente de Porto Alegre, Ceará, Alagoas, da região inteira. É muito bom perceber essa movimentação em torno do Festival. Essa noite vai ser histórica. Não tinha expectativa de grande público, mas estou satisfeito. Dia 27 eu espero que a fidelidade dos metaleiros, que tanto me impressiona, corresponda uma expectativa maior”, conclui.

Previous ArticleNext Article

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *