por Yuno Silva

Brilhantina, jaquetas de couro, lambretas envenenadas e rock’n’roll. Se pudéssemos embarcar em uma viagem no tempo, certamente toparíamos com todos esses elementos que fizeram a cabeça da moçada nos anos 1950 e 60 na porta do Nalva Café Salão em uma noite como a deste sábado. Apesar do tom nostálgico, o clima que irá tomar conta do lugar nada tem a ver com saudade ou melancolia: é que hoje, a partir das 19h, o lugar será ‘invadido’ pelo vigor roquer das bandas Os Bonnies e Os Inflamáveis. Os ingressos estarão à venda no local por R$ 5, mesmo preço do EP.

Quarteto formado por Arthur Rosa (guitarra), Olavo Luiz (baixo), Thiago Araújo (guitarra) e Rafael Barros (bateria), Os Bonnies arranjaram uma boa ‘desculpa’ para a noitada, quando lançam o novo EP “Rock And Roll Sem Nome”. Há dez anos aprontando nos palcos natalenses, a banda atravessa a almejada fase de amadurecimento e consolidação do próprio trabalho – sem deixar de lado, claro, a irreverência e a atitude que caracterizam suas performances.

A banda já lançou um EP homônimo em 2005, em parceria com os selos Mudernage Diskos (RN) e Senhor F (Brasília), mais três singles e um CD em 2008; fez shows nos festivais MADA e Abril pro Rock (Recife); foi contemplada no Prêmio Núbia Lafayette da Fundação José Augusto; e chamou atenção com o curta de animação Galera Greiosa, uma série com sotaque potiguar, divertida e cheia de malandragem, inspirada em figuras que circulam pelas ruas da cidade. Para falar desses e outros assuntos, a TRIBUNA DO NORTE conversou com o baixista Olavo, confira a entrevista:

Aquele papo de que rock’n’roll só fica legal quando cantado em inglês, é lenda?

Lenda puríssima… Talvez soe estranho para um ou outro, mas, pra nós, o rock pode ficar legal em qualquer idioma (as letras d’Os Bonnies são todas em português). Sabemos que os mais puritanos defendem uma estética limitada ao inglês, porém o interessante é a diversidade do gênero.

O que significa o novo EP para a banda?

O EP serve para registrar o que temos feito nesses últimos quatro meses, fruto de um constante processo de aprendizado que estamos tentando estabelecer. Musicalmente, acredito que este novo trabalho nos distancie daquele formato pré-concebido ainda existente em parte do público, que insiste em nos relacionar com a fase cover do início.

De onde saiu esse título: “Rock And Roll Sem Nome”? Querem dizer o que com ele?

Esse título vem de uma música com o mesmo nome. Quanto ao significado… aí complica: não somos tão ditadores a esse ponto de determinar o sentido e preferimos deixar que as pessoas elaborem alguma idéia disso, ou não.

Vocês costumam disponibilizar faixas para download na internet. O futuro da música está na rede? Como ganhar dinheiro com isso?

Sabemos da força da internet como meio divulgador, da capacidade de formar público para nossos shows, e é aí que vemos maior possibilidade de ganhar alguma grana: realizando shows. Com dedicação e persistência, podemos gerar coisas positivas – não obrigatoriamente rios de dinheiro, talvez um Potengi em vez de um Amazonas ou Nilo.

O que tem o novo EP? Qual a novidade?

O EP vem com sete músicas novas, algumas já tocadas nos últimos shows. Acho que sempre lançamos coisas diferentes umas das outras, o que nos deixa muito feliz e satisfeitos por um certo período – até termos coisas novas. Mas a grande novidade mesmo é o fato de termos gravado. Posso dizer que estamos cada vez mais interessados por música. Quanto a qualidade do EP: está beirando os antigos trabalhos ‘demo’, uma qualidade que se aproxima bastante da simplicidade do nosso som, por soar cru – isso pode causar estranheza em alguns e admiração de outros. Não curtimos os enfeites dos estúdios e não sabemos muito da parte técnica para dizermos o que queremos exatamente aos estúdios.

E o prêmio Núbia Lafayette? Quando lançam o material (CD) previsto no edital?

Gravamos tudo e passamos pra Fundação José Augusto. Porém, eles não conseguiram lançar parte dos artistas que tinham sido contemplados e nós fomos um deles. Demorou muito tempo todo esse processo e o dito momento presente virou passado. O prêmio foi bom para os estúdios e para os números da FJA, e só!

Há intensão de se profissionalizar?

Isso é bem complicado. Em termo de postura sim, acreditamos que é muito importante lidar com as questões objetivas do mundo musical com bastante educação, responsabilidade.

E as animações? Há uma relação estreita com as músicas? Quando a Galera Greiosa vai virar série permanente?

Existe sim uma relação bem estreita com as músicas, às vezes simultaneamente. Seria lindo uma série permanente da Galera Greiosa, mas isso é apenas uma possibilidade, um sonho ou algo do tipo, até porque dá um trabalhão animar no paint brush (programa de computador para desenhos simples).