Por Bruno Nogueira
Quando o baterista do Trio Mocotó, João Parahyba, descobriu sobre a existência e o resultado das ações da Rede Música Brasil, iniciou-se um grande debate entre músicos, produtores, público e jornalistas na internet. Ainda hoje, o seu texto de desabafo, publicado no site Scream & Yell (www.screamyell.com.br), acumula comentários de gente que concorda e discorda de suas considerações preocupadas com a figura do músico não ser a central na cadeia produtiva da música. Parahyba reclama que o coeficiente mais importante na equação não é o público, mas o artista.
A Rede, para quem ainda não ouviu falar dela, é uma aglutinação de todas as associações relacionadas a música existentes no país, que até então nunca dialogavam. Um esforço para unificar o discurso de gravadoras, rádios, músicos e todos os envolvidos nesse processo. O resultado obtido a partir do relatório publicado pela rede Música Brasil não é exatamente inédito. Ele apenas amplia a realidade vigente no mercado de música do país, ao pedir um aumento de políticas públicas que patrocinem a produção nacional.
Como resultado, órgãos como a Funarte ampliaram seus fundos e programas de fomento a cultura com uma atenção especial a música, igual como era feito até então com o cinema. Parahyba é categórico. Esse dinheiro vai para o produtor, que muitas vezes não paga quanto o músico gostaria – e acredita que merece – receber. Do outro lado, os produtores defendem um artista que entenda que seu valor se mede em público, e que um cachê alto só se justifica através de uma grande quantidade de ingressos vendidos. Mesmo quando o evento é patrocinado e não depende da venda de ingressos.
Mas o patrocínio público só resolve uma parte dessa complicada equação. O dinheiro chega para quem produz, sejam músicos ou produtoras, mas os discos continuam sem vendas significativas nas lojas. Os festivais também atingiram uma meta média difícil de subir entre 1,5 mil a 2 mil pessoas nos bons dias de evento. A única parcela que não entrou no troca-tapas pelo dinheiro, o público, segue desamparada. Mesmo com patrocínio, principalmente no que diz respeito a gravação de música, os discos são lançados com valores altos e inacessíveis. E se pensassem em um patrocínio pelo público?