Yuno Silva e Tádzio França – repórteres
Diferente do termo que dá nome ao seu primeiro disco, a música da cantora e compositora Tulipa Ruiz não se pretende efêmera. Apesar de ela mesma se confessar surpresa com a rapidez que as coisas foram acontecendo em sua carreira desde que “Efêmera” foi lançado, no ano passado. “Eu não tinha outra pretensão na vida além de lançar o disco. Nunca parei pra pensar no que aconteceria depois”, diz ela em entrevista à TRIBUNA DO NORTE. Tulipa vem a Natal pela primeira vez, neste sábado, com status de atração principal na 8ª edição do Festival DoSol, na Ribeira. “Estou na pilha para tocar em Natal, as expectativas são altas”, ressalta ela, que virá com banda própria completa. A cantora não comentou sobre seu tempo de apresentação, mas no site oficial do festival www.dosol.com.br, indica 40 minutos de show, começando a 0h20. O Festival acontece na rua Chile. Ingressos estão à venda na loja da Oi (Midway Mall).
Tulipa vem a Natal recém-chegada de uma série de shows em Portugal. “Efêmera” foi lançado na Europa por um selo francês. A saraivada de boas críticas que o álbum recebeu no Brasil deve ter contribuído para isso. A música de Tulipa obteve reconhecimento rápido; ela ganhou pronto espaço no cenário musical brasileiro. Fez uma temporada com Marcelo Jeneci, já cantou com Zélia Duncan, e tem em seu primeiro disco participações de Tiê, Anelis Assumpção, Donatinho, Kassin, Thalma de Freitas, Juliana Kehl e Mariana Aydar.
As canções, compostas entre ela, o pai e o irmão – todos músicos – são românticas, climáticas e criativas. “Só sei dançar com você”, “Efêmera”, “A ordem das árvores”, “Às vezes”, “Sushi” e “Do amor” possuem ecos de rock, tropicalismo, Jovem Guarda, bolero, folk, e o que mais couber no universo inspirado da artista. A cantora afirma que não sabe se rotular, preferindo chamar sua música de “pop florestal”, uma brincadeira com a dificuldade de se encaixar num nicho musical. Mais fácil, portanto, é prestar atenção nas melodias envolventes de Tulipa. Dispensa qualquer carimbo.
Entrevista/TULIPA RUIZ
Tulipa, você está vindo da Europa?
Isso, dessa vez tocamos só em Portugal, mas em março fizemos Londres, Paris e Lisboa. turnê em Londres, Paris e Lisboa – e agora em dezembro voltamos para show em Bruxelas, Bélgica.
Apesar da grande repercussão do CD “Efêmera”, você ainda é uma artista independente. Como são feitos esses contatos?
Na verdade o disco saiu por um selo francês, e tem uma distribuição na Europa. Então a primeira viagem foi por conta disso, para um lançamento promocional do selo. E foi a partir dessa primeira turnê que voltamos agora. No fim do ano vamos participar de festival chamado Europalha, que tem o Benjamim Taubkin (músico e produtor brasileiro) como um dos organizadores.
Como será o show aqui em Natal?
Vamos levar o repertório do “Êfemera”. Está todo mundo muito empolgado, ainda não conheço Natal e estou numa expectativa grande. Mas tocamos músicas de show, que ainda não sei se estará no próximo disco, e algumas versões de outros artistas.
Vem com banda completa?
Sim, sim, banda completa: duas guitarras, baixo e bateria.
No mundo da música há aquela mania de querer rotular tudo. Como você define seu estilo?
Acho que esse papo de gênero musical acaba limitando demais. Eu costumo brincar que eu toco “Florestal”, por que acho que a sonoridade de um artista acaba sendo altamente mutante. Na hora que fui cadastrar o disco, tinham várias opções. Pensei: é MPB? É indie? É rock? Aí tinha um botãozinho “adicionar gênero” e coloquei lá “Pop Florestal” – uma brincadeira com tudo isso de querer identificar o estilo.
E como está encarando essa rapidez com que tudo está acontecendo na sua carreira?
Pra gente é uma surpresa, pois o meu objetivo era gravar um disco. Na minha cabeça tudo acaba em gravar um disco. Comecei a fazer minhas músicas, experimentar com banda e aconteceu, não imaginava o que poderia acontecer depois. Entou estou muito feliz com tudo que está acontecendo. A música acabou virando profissão mesmo, estou muito feliz de poder levar minha música para vários lugares. Não esperava isso, foi tudo uma grande surpresa. Mas a venda continua sendo feita de forma quase que artesanal, estou na nona prensagem e caminhando para as dez mil cópias.