Por Anderson Foca
Era 2003. Fizemos um contato telefônico, eu tinha gostado muito da banda e eles ainda não tinham um registro em áudio. Num sábado nublado por volta das 09 da manhã o Zefirina Bomba chegou ao Estúdio Dosol. A formação era quase a mesma com exceção de Edy que deu lugar a Martin no baixo. Plugamos tudo e eles fizeram um show particular com músicas que depois entrariam no seu álbum de estréia. Tudo devidamente gravado e editado. Era primeira vez que eu via de perto e uma das primeiras gravações da fúria paraibana.
Janeiro de 2008. O Zefirina Bomba está de novo na minha frente. Nem eu nem eles somos os mesmos. O Dosol cresceu e se tornou um grupo de trabalho roqueiro respeitado no Brasil. A fúria paraibana se mudou para São Paulo, conseguiu chamar atenção de gente como Miranda e Tom Capone, assinou um contrato com a Trama e rodou o Brasil mostrando seu rock furioso. Eles vieram ao Festival DoSol no ano passado mas no calor do trabalho não pude prestar atenção.
Ontem foi pura filosofia. O som? Não tinha. As caixas distorciam mesmo num simples “boa noite”. O violão envenenado de Ilsom teimava em silenciar os acordes punks que ele montava sem maestria. A fúria paraibana só aumentava. Baixo e bateria continuam jogando riffs para sonorizar o espetáculo. O violão voa, o pedestal do microfone cai, Ilsom canta sem amplificação, grita, se esgoela, voa em cima da bateria e é final da primeira música.
A urgência de Ilsom a frente do Zefirina Bomba é uma aula de entrega ao rock sem “caras e bocas” e sem afetação. É um barril de pólvora que está prestes a estourar enquanto o som está rolando e que fica inofensivo quando o show acaba. É a alma do rock em seu estado mais puro.
O Zefirina Bomba não sabe onde vai gravar e nem se está ainda na Trama. Coube a nós fazer a única coisa que precisava ser feita. Abrir novamente as portas do Estúdio Dosol para eles. Enquanto alguns pensam que é camaradagem mal sabem que o que queremos mesmo é aprender. Pura filosofia!
Boa!