Por Ney Hugo
No último fim de semana aconteceu no centro oeste mais uma edição do Móveis Convida, o festival organizado pelo Móveis Coloniais de Acaju. Pela primeira vez, o evento se tornou itinerante. A partir de um contato com a Monstro Discos, o festival ocorreu também em Goiânia. Na programação, estava o que Fabrício Nobre viria anunciar no palco do Martim Cererê “o combo mais interessante do centro oeste”: Black Drawing Chalks(GO), Galinha Preta(DF), Macaco Bong(MT) e Móveis Coloniais de Acaju(DF).
O Móveis impressiona pelo tamanho. A começar pelo tamanho da banda, são dez integrantes. Mas também pela projeção e eficiência em seus trabalhos. No palco, quem já assistiu pôde comprovar a qualidade absurda do show. Música, cena, presença, carisma impecáveis. Mas existe um outro trabalho do Móveis que passa despercebido por quem só vê a banda. O empreendedorismo dos caras pra chegar no patamar que chegaram.
A banda começou em 98, de forma despretensiosa, assumidamente por diversão. A história de montar uma equipe e se preparar pra um quadro maior se deu em 2003, quando se apresentaram no Brasília Music Festival. Na sequência, gravaram o disco “Idem” com o Rafael Ramos (Deck Disc), mas de maneira completamente independente. “Pagamos pela gravação, prensamos 3 mil cópias, cada um pegou uma caixinha de discos e saímos competindo quem vendia mais”, diverte-se o vocalista André Gonzalez, que completa ainda que existiram muitas dificuldades na época, afinal eram uma banda pouco conhecida, com um nome esquisito e grande e um som esquisito também. Era bem fácil de ninguém acreditar. Resolveram acreditar eles próprios.
O resultado? André responde: “Vendemos 2007 discos em duas semanas. Na unha”. Foi aí que a banda tomou gosto pela coisa, começou a correr atrás de festivais pelo país, buscando fazer a mesma coisa que tinham feito em Brasília: construir público e criar alicerces e estrutura em cima desse público. Já no primeiro lançamento de disco criaram o Festival Móveis Convida, com intuito de realizar intercâmbio com outras bandas.
Tanto trabalho teria que ser dividido nas 10 pessoas que compõem o Móveis e, afinal, trabalhar em grupo não é fácil, principalmente quando se quer dividir tudo, com todo mundo “tendo voz” e sendo “sócio majoritário”. Esdras e Fábio atuam com produção, BC é economista e responsável pelo planejamento estratégico da banda, só pra citar algumas das funções. André enfatiza que esse processo foi uma grande aprendizagem para todos.
O produtor Fabrício Fuji vai além: “Começamos a identificar esses sinais nos eventos que participávamos e fazíamos e viemos trabalhando a partir daí, assimilando tanto a questão da crise da indústria fonográfica quanto o Open Businnes do Tecnobrega… a questão do crescimento do Espaço Cubo em Cuiabá, o fato é que estamos sempre atentos e vendo a maior forma de contribuir e fazer um trabalho dentro dessas perspectivas”.
Móveis Convida
Outro ponto importante do Móveis Convida é o fato de ter sido realizado com Entrada Franca (doação de alimentos, na verdade). André ressalta que fazer o evento de graça mantém o contexto do disco, que também vai ser lançado para download gratuito, no esquema do Álbum Virtual, da Trama. Fuji ressalta também a vontade que Fábio (baixista e ex-professor de sociologia) tem de fazer eventos populares, suprindo a demanda criada com a troca de governo no DF, que resultou na extinção de ações como o “Temporadas Populares”.
Os ingressos para o Móveis Convida foram disponibilizados também em cidades satélites do DF, indo além do restrito Plano Piloto. A banda acha pouco. “A popularidade da banda é maior em São Paulo do que na Samambaia e isso é um absurdo”, brada Esdras Nogueira. “A nossa vontade é ir com o disco novo pras satélites. Temos essa responsabilidade social, é uma função da banda já que não temos letras políticas fortes. Não sabíamos como chegar e agora estamos compondo esses caminhos esperamos contar ainda mais com o apoio do governo”, completa, fazendo alusão ao apoio recebido pelo GDF.
Outro apoio que o Móveis pode contar facilmente é com a Universidade de Brasília. Todos se formaram lá e construíram a popularidade da banda por lá também. “É a nossa casa. E eram 10 pessoas, cada um de um curso, já dava 10 festas de CA pra tocar” diverte-se Esdras.
Frango, vocalista do Galinha Preta e técnico de som mais requisitado de Brasília, confirma “Os bicho são escroto, mete a mão na massa mesmo, desde a montagem da estrutura, se preocuparam bastante com o conforto do público, com atender o músico, camarim bom, translado legal.. Por serem músicos, os Móveis como produtora botam muita produtora de Brasilia e até do país no bolso”.
O sucesso do evento faz com que o Móveis queira tornar o “Convida” ainda mais itinerante, manifestando o desejo de leva-lo a outras localidades. Até porque, ficar restrito só a Brasília não dá pé. Palavras de Fuji: “Não tem cena de Brasília, aqui não tem um calendário como tem em Goiânia, por conta da Monstro, da Fósforo, tanto que sempre conversamos com o André [Kalil], da Torneira [Produções]. Ainda não conseguimos fazer uma coisa conjunta, mas sempre conversamos pra ver o que dá, onde dá pra fazer, como fazer… e não sei se falta uma competência maior das bandas. De 2003 pra cá, o circuito da UNB tinha bandas interessantes mas algumas acabaram, outras tiveram outros focos de trabalho, o Proto acabou, o Sapatos [Bicolores] ta com um disco no forno mas não tem uma intensidade de trabalho tão grande. Se você pegar a coletânea Terceira Onda, do Fernando Rosa [Senhor F], deve ter só umas 5 bandas remanescentes, que foi lançado há dois anos atrás. 5 bandas no universo de 20 e pocas é muito pouco. A gente ainda não sabe como contribuir pra manter isso na rotina, tamos aprendendo um pouco mais com as outras cidades”.
No palco: Entrega e Alegria
E o show é um fenômeno. Frequentemente a banda recebe emails de pessoas que estavam num “astral ruim” e passaram a se sentir muito mais felizes durante o show. O mesmo acontece com eles, segundo os próprios. “Tanto a parte burocrática quanto a parte artística são muito alinhadas nesse sentido de coletivo, de trabalho em grupo. Nosso show é verdade. Começou assim e continua sendo pura diversão. É dividir experiências, sentimentos e sensações, com o público e com a gente”, revela André.
“Nós somos muito diferentes, os estilos musicais são diferentes. Vai de brega, jazz, punk rock, ska.. no palco isso dá uma unidade, uma liga, essa diversão, troca musical, troca pessoal”, completa Esdras, entusiasmado.
Enfim…
Como se percebe, ainda que não esteja em uma cidade onde a cena ferve, o Móveis Coloniais de Acaju se destaca nacionalmente por ser uma banda que entende as novas lógicas de mercado, corre atrás dos objetivos, se articula, cai na estrada, trabalha muito e lança excelentes produtos. E olha que nem mencionamos a passagem dos caras pela Europa. A fórmula é completamente contextualizada e beira a excelência. Vide as 5 mil pessoas que foram à UNB assistir a banda na última sexta feira, e receberam muito bem as outras 3 bandas. Vide a coragem do time (time mesmo, com 10 jogadores na linha) em arrastar todos os músicos e seus equipamentos pra chegar em um lugar e tocar pra 100 pessoas, em situações anteriores. O que pareceria pouco se esse público não comprasse 70 discos na noite, como já aconteceu. As 30 pessoas que não compraram… deve ser porque pediriam emprestado do amigo.
Tudo isso leva a um raciocínio bem prático. Diz aí, se não é a maior banda independente do país no momento.
Mais fotos do Convida: www.flickr.com/photos/rtamm
Acesse: www.moveiscoloniaisdeacaju.com.br
VEJA TAMBÉM COBETURA DO DOSOL FEITA POR NICOLAS GOMES DO MÓVEIS CONVIDA
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