Foto: Pato Fu por Tatiane Almeida
Por Ney Hugo
O Festival Casarão chega em 2009 à sua décima edição. Já tradicional em Porto Velho e filiado à Abrafin, o festival pela primeira vez não acontecerá no local que deu nome ao evento – no ano passado dois dos três dias também não foram lá, porém em 2009 se ausenta de vez. O local em questão é o Casarão, situado nas margens do Rio Madeira. O local foi estabelecido como base para os construtores da Madeira-Mamoré (especula-se), a estrada de ferro que não vingou e virou seriado da Rede Globo (Mad Maria). Tudo por conta da construção de uma usina, motivo de muita polêmica entre os rondonienses.
Voltando ao Casarão festival, esse ano ocorrerá entre os dias 28 e 31 de maio, contando com programação de shows, palestras e workshops. Esse ano também estréiam o processo de prévias seletivas para bandas novas, numa parceria com o Raio Q Uparta, o coletivo surgido em Porto Velho.
Na entrevista abaixo, o produtor Vinícius Lemos dá mais detalhes sobre o estabelecimento do circuito rondoniense de música, as manobras pra fazer o festival sem o apoio da Petrobras, o que havia permitido um mega Casarão em 2008, e antecipa em primeira mão um dos headliners da vez. Confira.
Portal FE: Como se dará o processo de Prévias? Porque o Casarão decidiu abrir esse programa?
Vinícius Lemos: Teremos duas vagas. A decisão partiu em conjunto com o Coletivo Raio Q U parta, que farão toda a logistica e produção das prévias, assim como a escolha das duas bandas. A necessidade e decisão veio para movimentar a cena e uma forma de divulgar o festival com 4 ou 5 eventos anteriores. E ainda juntamente com o festival, temos eventos com bandas tocando com som próprio, com bar e estrutura para atender um bom show. Serão cerca de 4 ou 5 prévias e todas serão realizadas na Sede do Casarão.
Portal FE: Esse ano tivemos o soco no estômago da não presença do edital para festivais da Petrobras, o que diminui o orçamento. Como será feito o enxugamento no festival, sem que ele perca a qualidade?
Vinícius Lemos: Tivemos um reflexo forte dessa despreocupação da grande multinacional com a cultura. Se tem crise, corta da cultura. Acho que não cortaram o patrocinio do Flamengo, creio eu. Mas, da cultura, sempre cortam. Entretanto, fora o adiamento, já verificávamos uma mudança de rumos na forma da empresa apoiar os festivais. Ao invés de cerca de 24 festivais via edital, mais uns 5 de forma direta, tendo verba geral de uns 4 a 5 milhões para tudo, englobaram todos os candidatos a patrocinio no mesmo patamar e somente a 2 milhões, ou seja, uma boa diminuída. Aqui faremos um festival menor, dois dias, com bandas headliners e bandas regionais, dos estados mais próximos. Acre, Mato Grosso, Amazonas, Roraima, e estamos negociando uma da Bolivia. Foi a forma que encontramos de realizar, mesmo comemorando 10 anos. Só para termos uma idéia quantitativa, ano passado entre permutas, patrocínio e bilheteria, os custos eram de 180 mil. Esse ano estamos enxugando para chegar nos 60 a 70 mil.
Portal FE: Rondônia luta pelo estabelecimento de um circuito no estado, integrando outras cidades do interior que também estão se enveredando pela produção cultural, fazendo Grito Rock, estimulando o surgimento de novas bandas. Quais ações do Casarão contribuirão com essa construção?
Vinícius Lemos: As primeiras ações serão a oportunidade de uma inserção de mais bandas do interior na programação. Ano passado foram 2 bandas em 3 dias, esse ano serão 3 bandas em dois dias. Incluindo nessa, uma banda de uma cidade um tanto desmotivada e iniciante, Cacoal. Essa é a melhor forma de trazer notícias, choque de produção e uma mostra de quanto cada cidade nova tem para se inteirar.
Portal FE: E quanto aos seminários, oficinas, debates? Quais os planos? Tem convidados que já pode antecipar?
Vinícius Lemos: Os seminários e oficinas serão os mais prejudicados pelo enxugamento de custos. Ano passado fizemos um seminário top Abrafin. Creio que perdemos somente para o Noise e o Calango em estrutura de seminário; Workshops de primeira qualidade falando sobre guitarra, jornalismo cultural, como melhorar ou visualizar sua banda. Nunca foi falado, mas a Palestra do Rodrigo Lariú, foi tão boa como idéia festival/palestrante que fora usada em cerca de 4 ou 5 outros festivais, sempre com êxito, e isso mostra o pioneirismo em algumas áreas do Casarão. Estamos confirmando a presença do Pomba, da Dynamite e do Capilé, do Festival Calango e atual vice-presidente da Abrafin.
Portal FE: O que vc ta pensando de programação? Pode nos antecipar alguma que ja foi convidada? Vai ter banda internacional como no ano passado?
Vinícius Lemos: Estamos fechados com o Pato Fu. Noticia em primeira mão para vocês. Algumas bandas regionais estão fechadas ou em negociação. Sobre banda internacional, estamos conversando para manter a parceria com a Bolivia, nosso país-fronteira.
Portal FE: Essa edição é comemorativa de 10 anos do festival, vai ter alguma diferenciação especial nesse sentido em relação aos anteriores?
Vinícius Lemos: Esse ano tem um sabor especial e um sabor de tristeza. O nome Casarão se tornou parte dos eventos da cidade ao decorrer dos anos e conseguiu notoriedade legal no cenário nacional, um tanto pelo local onde é realizado. Esse ano será o primeiro fora do local, interditado pelas obras das Usinas do Madeira. Creio que teremos mais alguns anos dessa forma. Com o enxugamento de custos, fizemos e faremos o máximo para ser um bom festival, duas headliners que nunca vieram em Porto Velho, bandas regionais de bom nível, tudo enxuto, num novo local, de forma mais ciente do tamanho do festival. É como você não poder fazer uma festa de aniversario da forma com que queria, mas lutar para fazer uma festa simples, mas digna, onde nada falte. Esse é o espírito da realização de 10 anos do Casarão. Um sonho grande que nunca imaginei completar uma década, mas um sonho realizado.
o pato fu naum conseguiu visto pro south by southwest. Aliás uma palhaçada sem tamanho essa coisa dos vistos.