JORNAL DE CARLOS FIALHO | Foca, Ana e o Festival Dosol
por Redação
CARLOS FIALHO
Escritor e publicitário ▶ cruvinelcamisa9@gmail.com
Hoje é um dia muito importante no meu calendário pessoal, cultural e de lazer. Terá início em Natal mais uma edição do Festival Dosol, celebração musical que vai além do mero entretenimento vazio de outros eventos anuais que recebem vultosos investimentos públicos sem oferecer à cidade seque ruma mísera fração do que o Dosol nos devolve em contrapartida a sua realização. Em dois dias de apresentações, dezenas de bandas, muitas delas locais, passarão pelos 2 palcos da Rua Chile.
Vários dos rapazes e moças munidos de guitarras, baquetas ou simplesmente de suas vozes foram doutrinados e tiveram suas bandas “incubadas” a partir da estrutura e estratégia montada pelo casal à frente do Dosol, Ana Morena Tavares e Ânderson Foca. A combinação selo musical, estúdio para ensaio e gravação, Centro Cultural para apresentações e um longevo e respeitado festival anual, promovendo intercâmbio com bandas de outros lugares, além da oportunidade de tocarem para uma plateia ampla, faz com que surjam novos grupos, gente tocando e compondo música autoral, dando vazão a todo um potencial criativo represado e que encontra no Dosol uma maneira de extravasar seus dotes artísticos de uma forma mais construtiva do que simplesmente pegando uma latinha e batendo uma na outra: tchá, tchá!
ATENÇÃO: INTERROMPEMOS ESTA COLUNA PARA UMA BREVE REFLEXÃO!
Aqui cabe uma reflexão que não me canso de propor. O trabalho colaborativo do Dosol tem beneficiado a cultura local ao promover a formação de público para a música autoral, dar a oportunidade de artistas amadurecerem e desenvolverem suas habilidades. Tudo isso numa região da cidade que permite não infernizar a vida de nenhum dos seus habitantes. Em resumo: os benefícios gerados são divididos entre muitos. Em contraponto, o que foi que o Carnatal gerou além do enriquecimento de alguns empresários como Paulinho Freire e os donos da Destaque? Alguém conhece uma banda local surgida a partir do evento festivo puxado por trios elétricos? E nem me venham com a história de que ele gera trabalho e renda, pois as migalhas que acabam caindo nas mãos do povo são pouco menos que uma mísera esmola diante dos milhões em dinheiro público embolsados pelas empresas promotoras. Isso num evento que cobra centenas de reais por cada dia de folia, altamente rentável e, certamente, autossustentável. Na boa, o maior legado dos 4 dias de folia é o cheiro de mijo que impregna nossos narizes na segunda pós-evento.