No dia 5 de novembro de 2009 roqueiros de toda a cidade se aglomeraram no Club Nox pra ver o Drops DoSol, uma ‘provinha’ do festival que acontece no Rio Grande do Norte. A noite reservava atrações especiais como o canadense Danko Jones, considerado o maior artista independente do mundo, os psychobillies paranaenses do Sick Sick Sinners, os baianos da Vendo 147 e os recifenses AMP e Albuquerque.
A noite, que para muitos a espectativa era acabar em dia, começou cedo. Enquanto o Lumo Coletivo se preparava para fazer a transmissão online do show, a Albuquerque ia ao palco descarregando um rock que oscilava entre baladas e pegadas cada vez mais pesadas, todas elas cantadas em português. A banda revelou que era o primeiro show com a formação atual, que consiste em: Vinicius Del Toro e Leo Bresani nas guitarras, Walman Filho na bateria, Igor Capozzoli no baixo e Chaps no vocal. O objetivo da apresentação aparentemente não era agradar a gregos e troianos, pois do lado contrário aos fãs da banda havia um público que estava na Nox por outro motivo. No fim do show da Albuquerque, era fácil de perceber que já havia entrado um público considerável e, durante a troca das bandas, percebia-se o interesse e a curiosidade em conhecer a banda que viria em seguida ao palco.
A Vendo 147, formada pelos autointitulados Clone Drum 01/Shouter Glauco Neves, Clone Drum 02/Screamer Dimmy ‘O Demolidor’ Drummer, Psichedelic Heavy Guitarist Pedro Itan, Noise Guitarist Duardo Costa e o Virtuose Groove Bassist Caio Parish. Todos esses títulos em inglês realmente eram compatíveis com a verdade. A banda, que chamava atenção pelo fato de ter dois bateristas, apresentou uma sincronia impecável na cozinha e dois guitarristas envenenados que faziam solos de cair o queixo. A Vendo 147 sabe tocar um rock instrumental de verdade, sem fazer sentir falta a presença de um vocalista ou qualquer outro tipo de músico no palco. Eles são completos e o público aplaudiu fervorosamente a apresentação. Vale ressaltar também que em certo momento anunciaram que iam fazer um Meddley dos Beatles que na verdade era um mix de músicas do Black Sabbath, AC/DC, Metallica, entre outras bandas, que fez o público ir ao delírio. Os baianos saíram do palco com sensação de missão cumprida.
A transmissão do evento pelo Lumo Coletivo, que ia a todo vapor, começou a dar pau no final do show por causa do modem 3G que não estava pegando muito bem. Por causa disso, o começo do show da AMP não foi transmitido e a ‘televisão’ voltou ao ar mais ou menos na metade da apresentação. Os recifenses, que foram chamados de Melhor banda de Rock do Brasil pela turma do Vendo 147, têm um público cativo enorme e que estava ansioso pra mais uma pancada na consciência naquela noite. Capivara e Djalma dividindo guitarradas e vozes, Dudu no baixo e Crika na bateria chegaram para estremecer e ensurdecer o Club Nox apresentando músicas do seu cd Pharmako Dinâmica. Cada vez mais eles mostram que são uma banda realmente consolidada e que estão no Monte Olimpo das bandas de rock brasileiras.
Logo após o show da AMP, o DJ e jornalista Schneider Carpeggianni ficou nas picapes garantindo o som no intervalo para a preparação da Sick Sick Sinners, que era, com certeza, a banda mais destacável em termos de visual e sonoridade que passariam pela Nox na noite. Os curitibanos chegaram com todo seu estilo rockabilly/psychobilly/metalbilly e realmente dispostos a agitar o público. Com Vlad nas guitarras e vocais, Mutant Cox no slap bass e vocais e Emiliano Ramirez na bateria, começaram de maneira igual ao CD que eles gravaram pelo selo alemão Crazy Love Records: a junção das músicas Evil Gabin e Nitro Girl. O estilo musical deles, bastante agitado por causa do baixo e da bateria frenéticos e enormemente empolgante por causa da levada da guitarra, fez muitos se debaterem no que seria um protótipo de rodinha de pogo. Infelizmente, o ambiente não suportava aquilo, já que havia sofás e garrafas de vidro, e logo logo os seguranças chegaram para acalmar o público. Intervenção a parte, o show empolgou e agradou a muitos e pouco após estavam entre os próprios frequentadores do evento conversando e vendendo seu merchandise tranquilamente.
Para a atração mais esperada da noite houve bastante demora e preparação. No broadcast do Lumo Coletivo fãs de vários estados, inclusive do Rio Grande do Norte, que é a sede do Festival DoSol e que vai ver Danko Jones no sábado 07, estavam ansiosos e comentando no chat sobre o quão queriam ver o show da banda canadense, utilizando isso até como fator decisório sobre se iam ou não ao festival. JC e Dan Cornelius, respectivamente baixista e baterista, já tinham chegado ao palco e preparavam os instrumentos. Pouco após, Danko chegou e o público começou a se aglomerar cada vez mais. Certo momento, depois de tudo estar preparado e o rock’n’roll discotecado ainda estar rolando, John Calabrese veio falar comigo e disse que já estavam prontos para começar. Ordem dada, ordem cumprida. Poucos minutos após, a banda entrou e começou um show memorável. Os canadenses começaram com Code of the Road, primeiro single do novo CD Never Too Loud, que fez o show começar com o público cantando de maneira fervorosa. Depois de algumas músicas, Danko começou a interagir com o público e demonstrou ser um frontman de primeira com presença de palco pra dar e vender. JC tinha comentado sobre as imagens de uma mulher com o dedo eroticamente colocado na boca e isso virou tema de conversa sobre a preferência de mulheres do Danko Jones, que revelou gostar das ‘church girls’, principalmente as church girls com o dedo na boca. Depois de várias risadas e bastante conversa, o show voltou e músicas de outros cds como Lovercall e First Date foram tocadas para o delírio do público. Após aproximadamente uma hora de pura adrenalina, a apresentação acabou e, com certeza, deixou os que estavam presentes no Club Nox extasiados e com vontade de ouvir rock por mais várias horas. Pena que era uma quinta-feira e a imensa maioria tinha que trabalhar e/ou estudar no dia seguinte.