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EDITORIAL PORTAL DOSOL: O NOSSO ROCK E O DELES!

Por Anderson Foca

Trabalhar com rock e música em Natal cansa. E como cansa! Nas últimas quatro semanas estive ausente numa mistura de férias observadoras e tour com o The Sinks Brasil afora. Fomos em três cidades, todas consideradas pólos de rock no Brasil: Recife, Goiânia e São Paulo. Eu queira aproveitar a oportunidade e fazer um paralelo entre o que rola aqui em Natal e o que rola nestas regiões.

A primeira coisa que eu vejo é que realmente santos de casa não fazem milagres e isso é ponto pacífico. No Abril Pro Rock, evento exemplar com excelente estrutura, bandas boas, sonorização bacana e preços em conta (principalmente se levarmos em conta as cinco atrações internacionais do evento) o que se viu no orkut ou no recife rock, portal pernambucano de divulga música nova, foi uma legião de comentários depreciativos ao festival, a maioria infundados. É uma briga injusta. O festival trabalhando para se manter de pé e o público (ou parte dele) que deveria ser o primeiro a levantar a bandeira da manutenção do evento puxando a corda para o lado contrário. Incompreensível.

Na verdade é tudo bem parecido com o que rola aqui em Natal. Muita gente reclama que falta espaço, que as bandas não ganham nada, que a gasolina aumentou, que o arroz está mais caro e que por isso o rock daqui não presta. Os motivos são tão diversos quantos engraçados mas na verdade o que vejo é que existe muita frustração e pouquíssima ação. Reclamistas são assim, tentam minar suas forças, tirar sua confiança e quando você cansa de vez e vai fazer outra coisa vem um próximo (quando vem) e começa (a cornetagem) tudo de novo. Com a internet o Megafone dos reclamistas aumentou, eles parecem ser milhares mas não passam de dezenas…

Em Goiânia tocamos no Martin Cererê (o dosolrockbar deles) numa noite que tinham exatas vinte bandas em ação. 7 grupos eram de fora e os outros 13 eram goianos. O público atento e excelente não deve ter passado de 300 pessoas somando todos que estavam por lá. Aqui em Natal muda alguma coisa? Me parace ser bem igual. Gente pronta para mostrar novidades e uns poucos abnegados para conferi-las. Chego a conclusão de que estamos bem por aqui, o bar abre sempre, se não tem um super público é suficiente para pelo menos empatar as contas. Mas a minha pergunta do momento é: Será que a cidade merece o dosolrockbar? Será que a cidade merece a Casa da Ribeira? Será que Goiânia merece os produtores que tem? Se essas perguntas não forem respondidas bem rápido temo pelo fechamento dos dois principais polos de cultura da cidade do Natal em pouquíssimo tempo. O assunto não é novidade para vocês né? Já falamos sobre isso antes…

E São Paulo? Também ficamos por lá com o Sinks, tocamos, visitamos, observamos e sinceramente não vi nada de diferente com o que rola em Natal em se tratando de bandas independentes. Lá o que vale são os gringos que passam aos montes nas casa de show todas as semanas. Os pubs e casas especializadas em rock independente tem proporcionalmente o mesmo público que tem aqui. Só que lá a cerveja custa 5 reais dentro dos pubs e aqui ainda pagamos 2 pilas e olhe lá, o mesmo preço desde de o primeiro dia que abrimos o dosolrockbar, dia 24 de julho de 2004.

Tem 50 pessoas nesta cidade que se preocupam com o futuro da cultura da cidade de verdade ou estamos falando sozinhos? As vezes parece que sim…

PS: No próximo editorial comento a entrevista de Alexandre Alves e a entrevista que dei aos Disruptores…

Até a próxima!

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19 Comments

  1. Lá é como cá que é igual a aqula. Nada de novo no esgoto.

    Quem faz a coisa acontecer primeiramente faz pq é apaixonado. Nunca ganhei nenhum tostão com essa coisa de cultura outside. O reconhecimento é a moeda corrente. A amizade dá o tom do câmbio. Acredito que fazemos muito aqui na cidade. Cada um na sua, cada um com o seu ideal, seu tempo e visão sobre o independente.

    Tá difícil pra todo mundo.

    Nada de fatalismo. Se uma boa idéia morre outras vinte nascem. Se tá tudo uma merda é pq deixou de ser vanguarda virou mais do mesmo. Tá na hora da ”parada tática” pra deixar um gostinho de quero mais ou enterrar de vez as boas idéias?

  2. Será que a cidade merece o dosolrockbar? Será que a cidade merece a Casa da Ribeira? Será que Goiânia merece os produtores que tem?
    Cara, eu acho que sim, e acho q merecem até mais. Esse homi é o cara que realmente faz acontecer as coisas, espero que não feche o bar, eu sempre frequento. Abraço

  3. É… me peguei lembrando de um momento parecido com esse, em Fortaleza, quando era moda falar do fechamento do Noise3D Club. Mesmas circuntâncias, acreditem! Até pq nao tem como ser diferente, né, em se falando de “cena independente”.. é foda!
    Pensei por um momento se seu questionamento é válido, Foca, e digo-lhe: É! As cidades merecem sim as casas que tem, os produtores que tem, acho que se a resposta fosse negativa, eu estaria faltando com respeito à todas as iniciativas que são mais que válidas para a manutenção (se assim posso falar…) do que não queremos que não morra de forma alguma.

    Ah! E acredite, não estão falando sozinhos!
    😉

  4. Como sabemos, é muito fácil falar!! Fazer é que é difícil e fazer bem feito, mais difícil ainda!!! Fechar o Dosol e a Casa da Ribeira é dar um adeus bem legal ao rock e a cultura alternativa local que tem esses espaços e não tão nem aí pro que rola por lá!!!! é o bar de rock e a casa cultural que tem probabilidade de fechar, aí quero ouvir muitos pregos reclamistas dizerem que são as mesmas bandas nos rolés(não vão ter rolés de rock, fora as tosqueiras), que Natal não tem isso ou aquilo!!

    Natal tem banda de rock pra dar com o pau, então se são rockeiros a hora é essa, faça algo pelos lugares que são possíveis de proporcionar um rock de vergonha, mas é isso!! Reclamar é mais fácil!! Né??

    Rafaum

  5. Pode crer Foca, muito boa a matéria…segundo Tom Zé, o Niilismo Americano esta com força total, isto é, meio que uma mistura de ausência de finalidade com radicalismo na discussão.

    É incrível observamos o fato de que a crítica destrutiva e sem embasamento anda sobrepondo-se a tudo e a todos, isto pode ser visto em tudo que engloba a sociedade moderna, seja na política (adoramos criticar sem ter idéia do que se passa por lá, tomando como referência o super honesto sistema de televisão), música (como foi exposto no texto acima escrito pelo Foca), ao falar do seu vizinho que segundo a vizinha fofoqueira da frente não paga as contas pq tem mil mulheres…

    Vamos lá moçada…vamos acordar…vamos fazer girar…

    Abraço.

    Toni Gregório.

  6. sua pergunta é boa farinha! Mas temo pelo afundamento das boas idéias…

    E realmente se eu não gostasse muito desse treco já teria abandonado o barco, mas não pretendo faze-lo. coisas boas estão por vir, o único problema e que nenhuma das cosias realmente boas que estamos conseguindo estão atreladas á cidade, ao público local os aos gestores de cultura. Tirando a diginet todos os nosso patrocinadore ou apoiadores são “nacionais”, isso me decepciona um pouco, saber que fora fazemso barulho mas aqui estão com cera nos ouvidos. Mas se é para assim, que assim seja.

    A pergunta continua: Será que a cidade merece o dosolrockbar? Será que a cidade merece a Casa da Ribeira?

  7. Apesar da crise ser grande eu acredito que as coisas podem mudar, como já estão mudando, lógico, num processo lento e gradual. O fechamento desses estabelecimentos sepultariam toda e qualquer mudança no rock local, visto que são os únicos espaços que realmente se dedicam em divulgar a cultura local.
    Acredito também que atualmente o rock potiguar está numa fase muito interessante, existe um movimento de bandas novas que estão dando um novo gás, se levando a sério e com vontade de levar o nome do estado a frente.
    Então COM CERTEZA a cidade merece ter tanto o DoSol Rockbar quanto a Casa da Ribeira.

  8. a maioria da galera se preocupa mais com a “diversão/vibe ” do que com a proposta dos eventos, imagine se ingressos e biritas fossem caros, sendo totalmente acessíveis a galera ainda deprecia os locais, no ultimo rolé na ufrn levaram um vaso sanitário pra casa.

  9. isso ai beloni, é só a assinatura final que autentica a falta de compromisso da turma! É assim e sempre vai ser! Quem faz as cosias mais seriamente e preocupado com formação e coisas do tipo é que tem que se perguntar se vale a pena.

    É o que estamos fazendo nesse momento, refletindo sobre isso. Na europa acho que vale…

  10. Eu sempre pensei que: As bandas daqui só serão consideradas pelo público local quando alguma gravadora “grande” contratar alguma, mas vendo pelo lado dos patrocinadores que Foca falou (Tirando a diginet todos os nosso patrocinadore ou apoiadores são “nacionais”) então, nem assim, conseguiremos arrancar o verdadeiro reconhecimento do povo. É o que parece. Trágico!

    E isso não é apenas para o rock. Outros estilos musicais, esportes, cultura em geral (nem sei o que se engloba tanto nesse geral), trabalho… Na verdade o que tem que mudar é a cabeça do povo e não fechar ou mudar os pico.

    Cansa! Trabalhar com pessoas cansa. E quando a galera quer tudo na mão, acha caro um ingresso de 5 mireis, vãos pros shows curtirem apenas as bandas de fora, aí é de ficar puto!

    No entanto, puxando pro rock, será que as bandas também não ajudadam isso? Tocar 4, 5, 6 vezes no mês, por exemplo, com o mesmo repertório é cruel. Mas pensando bem, todos os shows de forró tem o mesmo repertorio né? TODAS AS BANDAS tocam as mesmas músicas.

    Se parar para pensar se merece ou não vai depender do ponto de vista. Eu acho que merece e temos que conseguir alguma forma para que esse publico “merecido” cresça e veja realmente e reconheçam o trabalho que é feito aqui no RN.

    Ainda bem q Foca não pensa em parar! (será?)

  11. Cara,

    Concordo com tudo dito, mas levanto a bandeira do otimismo. Com a mudança da forma de consumir e diovulgar música a tendência é que o público-alvo-consumidor de rock/música independente cresça mas isso no médio prazo. Já estamos vendo que a iniciativa privada está aberta e procurando (exemplos não faltam) e poder público tem aquela mãozinha pra nos puxar pra cima também.
    Vamos acreditar nas novas tecnologias, mas não como inimigas que tiram pessoas da rua e sim como parceiras que expadem nossa cultura.
    Força Foca, Rafael, Abrafin, Circuitos, Sescs etc… isso tudo ainda vai mais longe.

  12. Merecer merece sim… e merece mais.. e acho que o dosol merecia tambem ter os ventiladores concertados e funcionando! por favor.. (nao sei se tavam com defeito mas estavam parados..)

    O publico é brasileiro.. e somos todos mal educados.. nao sei onde ensinam isso mas, porque gostar tanto do que é de fora? e desprezar o que é daqui?
    mas sempre há exeções, e um dia pode até ser que o dosol ou outros centros recebam um reconhecimento maior. mas pra isso é preciso lutar… sempre foi preciso.. nao é desistindo que se consegue..

  13. alan eu concordo com vc, mas não tá sobrando dinheiro nem para pagar o alugel quase, ai a depreciação chega com força e nção podemos fazer muita coisa. A ca da ribeira tbm tem vários ar condicionados parados pelo memso motivo!

    A vida é dura!

  14. Sinceramente? Natal não merece o DoSol Rock Bar, O dosol e foca faz muito por quem não faz nada.

    Dosol foi berço de muita banda local que tem potencial, mas o publico não dá valor, como vai crescer?

    Não sei até quando Foca vai aguentar, mas levantando a bandeira do otimismo, espero que ele tenha muito saco pra aguentar e segurar a barra. Só quando o DoSol fechar e os reclamões de plantão não tiverem mais do que reclamar é que vão sentir falta.

    Mas é isso mesmo, nego só da valor quando perde.

    Mas uma vez levantando a bandeira do otimismo, eu espero que foca tenha gas pra manter o bar.

  15. Pra vocês verem como as coisas são…Eu saio pra curtir há 12 anos. E não fui a dois bares que duraram pouco tempo mas que eram bons: Bronx e Bimbos.

    Fui a muitos lugares que duraram uma noite. A outros que duraram anos. E não fui a alguns que não sairam da cabeça de seus pensadores.

    O público de Natal é sazonal. Tem emo hoje que era punk há 5 anos. Tem punk hoje que amanhã será pagodeiro. E tem roqueiro doido hoje que ontem era forrozeiro.

    O que fazer diante de um público desse? Suplicar?

    Quem tem força de vontade que insista.

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