Por Foca
Estava em casa segunda de noite, meio mareado com a longa viagem que fiz com os Camarones no final de semana quando toca o telefone com uma voz alegre e pulsante. Era César Revoredo, Secretário de Cultura do município de Natal. Três minutos de prosa e ele me convidou para uma visita à Capitania das Artes ontem pela manhã.
Me preparei, anotei alguns tópicos que não queria esquecer, pensei no que podia gerar tal fato e fui. Esperei um pouco no movimentado hall da Capitania, fui recebido antes pelo Coordenador de Eventos do secretário, o amigo Castelo Casado e finalmente veio o tal encontro. Eu e o secretário.
A primeira coisa que percebi na longa conversa é que César é espivitado e hiperativo, o que considero um grande trunfo para quem está a frente de um orgão tão cheio de tarefas minunciosas como a secretaria de cultura. Ele também me pareceu detalhista, anotando pequenas críticas que fiz a respeito da estrutura física dos carnavais anteriores, inclusive resolvendo algumas delas imediatamente. Fui lá exatamente para isso, para dar meu parecer, meu ponto de vista sobre alguns assuntos de interesse da comunidade musical potiguar.
Concordamos com o fato de que existe uma roda na economia da cultura e que não deve ser quebrada e nem interferida pelo estado. Nesta roda estão os músicos, produtores, as casas de shows, teatros e todos aqueles que estão de alguma maneira ligados a isso. Concordamos que não cabe ao estado substituir qualquer um desses itens. Cabe ao estado alimentar essa cadeia, promover mais o que já existe de bom e gerar projetos em áreas deficitárias da nossa cultura. Concordo com tudo!
Concordamos também que a Capitania das Artes não pode esperar só as verbas municipais. O orgão está lá para cavar espaços, arrumar meios de propagação da nossa cultura, abrir diálogos que seriam impossíveis para produtores comuns como eu. Que tal barganhar um Centro Cultural do BNB para Natal. Vistei três deles nesse final de semana e fiquei maravilhado. Seria uma revolução para cidade se isso acontecer e não sairia nenhum real do bolso do prefeitura.
Que tal abrir um debate com o SESC RN e perguntar porque em São Paulo ele é tão ativo na cultura e aqui não.
Discordamos também. César acha que ainda falta identidade aos artistas de Natal, não disse isso com todas as letras, mas deixou a entender. Eu acho que nossa identidade é ser cosmopolita, é cantar em inglês, é ter o blues como influência e logicamente ter representantes da cultura popular como referência (e trata-los com reverência).
Fiquei animado, mas não ficarei contemplativo. Pedi para ser ouvido mais vezes, pedi para sugerir mais vezes, quem sabe o papel contestador do rock não ajude caminharmos para um futuro melhor? Estamos aqui fazendo a nossa parte no processo. É isso…