Vamos fazer dessa noite, a noite mais linda do mundo. Vamos viver nessa noite, a vida inteira num segundo. A felicidade não existe, o que existe na vida são momentos”. A noite começou assim. Oficialmente.
Extra-oficialmente a noite começou com umas cervejas na Continental. Um aquecimento para perder a banda de forró que abriria para o rei. Só queríamos ele, a atração principal, nada de aperitivo. Papo vai, papo vem, hora de ir embora, já beirava a meia noite, hora da atração principal subir ao palco.
Quando cheguei ao fim da escadaria, depois de entregar a senha (é assim que chamam no interior) do Forró do Curió e após passar por uma revista rápida, vi um salão grande. De fora dá para ver que é grande, mas só dentro se tem a real noção. Bar e banheiros a direita. Pista no centro e ao redor mesas. Muitas mesas. Um garçom veio nos receber como se fôssemos clientes vips. Muito diferente de vários bares onde para se pedir algo é quase necessário suplicar. Lá n’A Carreta ele nos guiou até uma mesa próxima a janela. Prontamente perguntou se queríamos algo, a cerveja começava a bater e era melhor esperar um pouco. Recusamos. Por longos cinco minutos eu acho. Comecei a observar ao redor. A nossa frente dois gringos já com a cabeleira toda branca, a frente deles várias mulheres dançavam animadas. Ao redor delas e de qualquer mulher que parecesse estar sozinha surgia um sujeito saltitante. Quase um coelho. Ele não dançava, dava choque. Motivo pelo qual as mulheres dançavam uma música com ele, no máximo duas. Era uma comédia. Na pista também estavam muitos casais dançando animados ao som de forrós atuais. Chamo forró, mas nem sei se é. No meus tempos de vaquejada de Currais Novos forró era o de Eliane, Banda Alegria, Alcimar Monteiro. Hoje basta um teclado e uma sanfona safada. E hits claro. “Beber, cair, levantar” e “Chupa que é de uva” tocaram, é claro. A única solução era rir, beber e conversar.
A câmera estava de bobeira na mesa e o intrépido Tiago “quase morto” levantou-se com ela em mãos. Foi registrar o ambiente. Voltou logo depois após ser avisado que as fotos só eram liberadas na hora do show. Nada de fotos do público. Será que ali vai gente para dar uma escapulida? O forró comia no centro e nos já começávamos a ficar impacientes. Eis que acaba a mazela sonora e a chegada do rei é anunciada. Ele entra, solitário, entre o povo. Nada de grande apresentação, nada de espetáculo. Uma salva de palmas. O público que estava sentado voltou a ficar de pé. Muitos a beira do palco. A introdução não poderia ser melhor. Era o prenúncio do que seria a hora pela frente: a noite mais linda do mundo. Mais aplausos. O som ainda ruim, castigava o rei. Ele gesticulava com o mesário. Depois de duas ou três músicas melhorou. Seguiram-se “Que saudade de você”, “Uma lágrima”, “Eu, você e a praça”, “Foi tudo culpa do amor”, “Uma vida só”, “A maçã e a serpente”… Entre uma música e outra ele perguntava: posso continuar? O coro respondia que sim. E assim Odair José foi soltando clássicos um após outro. Todos cantando em coro, nós também. Muitos tiravam fotos, nós também.
O cantor das empregadas, rival de Roberto Carlos em vendas na década de 70 e 80, época dos milhões de discos, é um cara simples. Numa churrascaria, em meio a falta de conhecimento do repertório do tecladista, ou falta de qualidade, a quem ele chamava de maestro, mostrava paciência em lhe passar os acordes. O percussionista era um cara que parecia índio. Tocava um atabaque deitado. O guitarrista quase não se ouvia. E pra quê tudo isso se quem importava era Odair e seu violão? O cantor que retrata o cotidiano em crônicas musicais e que foi perseguido na ditadura estava ali, diante de nossos olhos num palco com iluminação simples, som simples, banda (que banda?) simples. Tudo muito simples, inclusive ele. Bastava. A hora foi passando, ele sempre se comunicando com o público, e nós fomos ficando cansados. Parece que as músicas românticas amoleceram os corações e amaciaram o corpo. Tiago já estava deitado na mesa. Nem via as peripécias do coelho elétrico que continuava a procurar alguém pra pular, digo, dançar. Débora e Alexis já estavam de olhos marejados. Tristes e satisfeitos. Eu e Rebeca também. O sono já estava chegando e era melhor ir embora. Eu vi o rei. Odair José. Sem frescuras com biografia, sem frescura com cor de roupa, sem frescura com suas próprias letras. E idolatrado por uma nova geração de cantores, cantoras, bandas, artistas em geral. Odair é o rei.
ola odair josé eu sou o adeilto de nova canaã do norte mt,tenho 23 anos de idade gosto muito das suas musicas,tem o meu maigo q esta no lugar de mei tio e conhecido como o popular cantor polaco ele tambem é muito sei fá………………………………..