Grupo comprova fama de ter um dos melhores shows de rock da atualidade, no início da turnê brasileira, ontem, no Vivo Rio.
Numa época onde não há mais novidades, em que todo mundo já sabe como é o show de cada banda via internet, é preciso fazer algo para surpreender o público. O Muse faz isso de forma sutil e, ao mesmo tempo, extraordinária. Porque Matthew Bellamy usa a guitarra para envolver o público com citações que vão da música erudita ao heavy metal, reforçando a “síntese de tudo” que o grupo justamente carrega. Para o bom observador, cada show do Muse é diferente, e não só pelas constantes mudanças no set list ou pelos balões e confetes que o público também joga para o alto.
Poucas vezes na música popular contemporânea (e no rock) guitarra e teclados se relacionam tão bem como no Muse. Teclado, não, uma tecladeira dos diabos, reforçada por um oculto quarto elemento (Morgan Nichols), pelo próprio Bellamy em algumas músicas, e por sons pré-gravados que parecem sair do telão de alta definição posicionado no fundo do palco para explodir no peito de cada fã na platéia. Em “Supermassive Black Hole”, pop hit do último disco de estúdio, andróides marcham na tela enquanto Bellamy passa para o batera Dominic Howard uma cartola lançada ao palco. Antes, o show iniciou com a espetacular “Knights Of Cydonia”, uma peça arrasa-quarteirão que serve tanto para iniciar o espetáculo como, às vezes, para encerrá-lo. Solos e riffs em velocidade cavalar rompem a expectativa da casa, praticamente lotada.
Bellamy é uma espécie de guitar hero moderno (ou do futuro) ao remeter a Jimi Hendrix, tocar com mãos trocadas como Eddie Van Halen, na espetacular “New Born”, ou finalizando “Map Of The Problematique” com uma arrojada citação à Led Zeppelin. Ele tem a manha de juntar tudo isso numa banda com sonoridade moderna, sem ser moderninha. Já em “Feeling Good”, inicia ao piano, antes de detonar sua guitarra piscante de lado a outro do palco. Nessa música, explodem confetes de papel picado que voltariam no encerramento, dentro de balões de gás gigantes. Na romântica e suave “Invencible”, o telão começa com belezas naturais para depois mostrar povos unidos e em confronto, quando Bellamy se supera solando qual um guitarrista de uma banda de metal. No bis, ele chegou a iniciar “Stockholm Syndrome” com um riff vindo direto do primeiro álbum do Metallica, valorizando mais uma vez a sutileza dos detalhes.
Ensaiadinho, o público faz a parte dele num espetáculo de pura interatividade, antes virtual, e, no show, real como a realização do sonho de ver a banda preferida ali, frente a frente. Em “Starlight”, outro hit de “Black Holes And Revelations”, as palmas cadenciadas no ritmo da bateria dão o tom, e o público vibra muito em “Time Is Running Out”, cuja introdução dedilhada homenageia – quem diria – Villa Lobos. “Plug In Baby”, com os tais balões gigantes, tem o início cantarolado e surpreende o trio, a essa altura já extasiado com a resposta obtida em hora e meia de show.
No bis, os gritos de “olê, olê, olê, olê, milzê, milzê” trazem de volta Howard, envolto numa bandeira brasileira, Bellamy e o discreto baixista Christopher Wolstenholme, para uma versão superpesada de “Stockholm Syndrome”, com riffs em profusão do início ao fim. Os tecladinhos de “Take a Bow” iniciam o gran finale, numa progressão nervosa que deságua nas guitarras que permearam toda a noite, e faz o show terminar com mesmo pique que iniciou, ante a uma platéia extasiada e boquiaberta. Com o Muse, os bons tempos das guitarras estão de volta.
Antes teve a abertura de Jay Vaquer, já que o empresário do cantor é o mesmo que está fazendo a turnê pelo Brasil. Segundo consta, os integrantes do Muse ouviram o CD e aprovaram Vaquer. Só que ele foi retirado à força, com som cortado e diretor de palco fazendo, com a mão no pescoço, o sinal da degola. Aprovado pela banda e banido na frente do público.
Set List:
1- Introdução: Dance Of The Knights
2- Knights Of Cydonia
3- Hysteria
4- Dead Star
5- Map Of The Problematique
6- Supermassive Black Hole
7- Butterflies And Hurricanes
8- Sunburn
9- Feeling Good
10- Osaka Jam
11- Invincible
12- New Born
13- Starlight
14- Time Is Running Out
15- Plug In Baby
Bis
16- Stockholm Syndrome
17- Take A Bow
O Muse toca hoje em São Paulo, no HSBC Brasil, e sábado em Brasília, dentro do Festival Porão do Rock.
Queria ter ido !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
MUSE sempre é uma ótima pedida …