Foto: Camarones em ação (Ricardo Pinto)
CAMARONES + TALMA & GADELHA + HOSSEGOR
(cobertura do lançamento do cd “Espionagem industrial”)
Por Alexandre Alves
Com um atraso considerado mínimo (meia hora) em se tratando do sempre “atrasado” público natalense – é, aquele que faz questão de chegar depois da hora pra fazer “charme”, mas desta vez já havia umas 40 cabeças -, às 18h30 o trio HOSSEGOR sobe ao placo do Centro Cultural Dosol para destroçar os ouvidos com seu hard rock instrumental, fazendo-me lembrar dos bons tempos do Wishbone Ash fase anos 70 e algumas notas “olímpicas” de Joe Satriani. A banda toca alto, forte e pesado, emendando logo 03 composições na entrada e antes do final o baterista Michael fez um calo nos dedos que arrancou com os dentes, cuspindo longe um pedaço do seu dna enquanto ainda tocava em alto e bom som. Essa eu ainda não tinha visto. Rock duro!!! O show de 40 minutos parece ter durado menos, pois o trio se esmera em tocar seu som que agradou rockers, metaleiros e outras figuras iconoclastas.
Foto: Foca “with lasers” (Ricardo Pinto)
Os CAMARONES vem para lançar um novo cd e passam o som. Às 19h30 começam a tocar sua mistura instrumental para mais de uma centena de pessoas que estavam no centro cultural naquele momento (até o final chegaria perto do dobro disso). Unindo riffs de rock pesado, alguns andamentos dançantes e riffs que alternavam surf music, música de faroeste, trilha de desenho animado, ska e até reggae (!), o quinteto mistura sem pena e o coquetel musical se torna deglutível ao público, tanto que são a banda potiguar que mais tocou fora do estado. Imagine aquela banda para tocar em festas. Pois é, era o primeiro show dos Camarones que eu assistia inteiro (e olhe que este ano eles já tocaram bem umas 100 vezes).
O público parecia curtir um tipo de música que alguns anos atrás era impensável fazer: rock instrumental em 45 minutos cravados, com Leo Martinez expulsando riffs sob seu indefectível bigode (segundo Vlamir Cruz, ele parecia mais um espião!), Kaká, a estrela do mais recente vídeo da banda, segurava/tocava estilosamente sua guitarra semiacústica antifashion enquanto vestia uma camisa fashion dos Killers e Ana Morena sempre parece estar se divertindo ao segurar seu baixo Rickenbacker e balançar as muitas madeixas ao mesmo tempo. Foca disparava blips e blops – e até uma pandeirola! – enquanto fazia o papel de mestre de cerimônias e o baterista Xandi conseguiu a façanha de tocar seu instrumento e beber água mineral simultaneamente. Faixas como “Com a água no pescoço” e “A trama”, presentes no cd lançado, são o cartão de visita da banda. Chame os Camarones para tocar em uma festa. O repertório está pronto.
Foto: Talma&Gadelha (Ricardo Pinto)
Finalizando, os queridinhos da música pop da cidade ultimamente: a dupla (Simona) Talma e (Luiz) Gadelha, acrescidos de 40% do Calistoga nas guitarras (aí já é covardia!), pois a Cris Botarelli estava em Sampa tocando com o Planant e Calango foi chamado para substituí-la, botando mais lenha (peso?) na fogueira na frente das mais de 200 pessoas do recinto, visto que uma chuva empurrou todos para dentro do Dosol. O que é limpo e audível no disco, ao vivo ganha mais corpo e chama a atenção de um pequeno séquito de seguidores, que até chegam a cantar partes das composições ao vivo, embora as próprias vozes da dupla estivessem em baixo volume e apesar de uma perturbadora microfonia que insistia em surgir do além nos mais de 50 minutos de show. Descobri que uma das faixas se chama “Meu nome por aí” e é um underhit em potencial, enquanto outra intitulada “O roqueiro e a hippie” (é isso mesmo? Mil perdões se errei…) é outro sucesso subterrâneo com forças para tocar na rádio local 10 vezes ao dia, caso elas estivessem preocupadas em música pop e não em sobreviver em tempos de webradio. Ponto para Talma e Gadelha, sendo este último, segundo certo respeitado cidadão da cena local, um dos melhores compositores potiguares na atualidade.
E para aqueles que não entendem porque o Dosol funciona há dez anos, basta olhar para o trabalho incessante de Anderson Foca (trabalhou de técnico de som para o Hossegor, ajudou a montar o palco e ainda arrumou cerveja para a senhorita Talma!) e Ana Morena (fotógrafa ocasional, bar lady por alguns instantes e pronta para resolver qualquer problema nas quadradezas do Dosol). Isso fora o Hossegor que virou técnico de som dos Camarones…
Texto irado boy Alves! Queria ter ido presse rolé!!
Parabéns ao Camarones, disco ficou fodão!!! txaaaaaaaaaa
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