Coberturas, Festivais e Shows

COMO FOI? FESTIVAL HUMAITÁ PRA PEIXE (RJ) PRIMEIRO DIA

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Foto: 3namassa por Thomás Rangel

Por Marcos Bragatto, Rio de Janeiro

“Música de fundo” do 3namassa abre Humaitá Pra Peixe
Projeto lounge que salienta vozes femininas não funcionou muito bem ao vivo, mas platéia contemplativa aplaudiu mesmo assim.

Historicamente os projetos paralelos de artistas que se destacaram em outras bandas e o Festival Humaitá Pra Peixe têm tudo a ver, sobretudo em noites de abertura ou encerramento. Ontem, na vizinha Copacabana, coube ao 3namassa, de integrantes do Nação Zumbi e Instituto, abrir a edição desse ano. O tal projeto consiste em evidenciar vozes femininas sobre bases desenroladas pelos músicos, coisa que funcionou bem o CD lançado ano passado, “Na Confraria das Sedutoras”.

Como projeto, no entanto, funciona muito mais em disco do que no palco. Juntar uma pá de mulheres para cantar sobre as bases feita por Pupilo, Dengue e Rica Amabis não é nada fácil, e por isso mesmo só quatro das treze que cantam no disco deram o a da graça na Sala Baden Powell. A irresistivelmente sexy Thalma de Freitas, a desengonçada Karine Carvalho, a fofa Lurdes da Luz e a esquálida Geanine Marques conseguiram o que parecia impossível: dançar e esboçar alguma performance (sobretudo Thalma) em músicas cuja vocação é fazer viajar, ainda mais para uma platéia sentada e contemplativa.

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Foto: Sala Baden Powell por Thomás Rangel

Musicalmente se percebe que, no palco, o 3namassa é uma banda de baixista, com Dengue comandando todas as músicas sem dar muita bola para o MPC de Rica, e muitas vezes deixa a guitarra do quarto elemento oculta. É Dengue quem decide os andamentos lentos e viajandões – salvo raras exceções – das músicas, que, se bem executadas e agradáveis, soam monótonas como se o local, em vez de ser um espaço para shows, fosse uma enorme lounge ao vivo, com o público a espera de algo que viria depois. Não veio. A apresentação é curta, até pela falta de repertório, que abre espaço para versões de músicas do Rei Roberto Carlos nos tempos da jovem guarda e até de uma Madonna pouco conhecida.

Sobrou, então, para as vocalistas a salvação da lavoura, mas só Thalma tinha intimidade com o riscado e o mínimo de bom gosto. Sob uma cabeleira black nos 70 e dentro de um vestidão estampado com as costas nuas, a cantora foi mais atriz do que nunca, esbanjando sensualidade nas músicas em que cantou sozinha, e até no dueto “delícia” – como disse o MC no playback – com Karine. Pena que esta, de figurino ordinário, não entrou no clima ao ser praticamente encoxada por Thalma. Alguém deveria ter apresentado o palco à dublê de cantora, que chegou a imitar os irritantes traquejos vocais do maridão Amarante.

Por ser modelo, Geanine Marques deve ter licença do Ministério da Saúde para exibir um visual cáustico de tão magro que projeta um esqueleto fora de proporções e agride a paisagem que se tem do palco, sob luz baixa e com vídeos realçando ao fundo. Quase imóvel, não soube aproveitar a experiência das passarelas. Lurdes da Luz teve seu melhor no momento num rap muito bem cantado, mas foi só. Talvez se juntasse ela e Thalma a coisa poderia ser melhor. Ou talvez o espetáculo tenha sido tudo muito bom mesmo, se considerarmos os aplausos complacentes de um público que só não lotou o teatro por causa de 50 furões.

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