Por Macos Bragatto
A variedade de gêneros e estilos no dia do encerramento não chega a ser novidade no Abril Pro Rock, que caminha para comemorar as vinte primaveras em 2012. Mas nesse ano, a programação – que no papel parecia fria – se revelou bastante acertada, para deleite de um público estimado pela produção em 5 mil pessoas, quase superando o da noite do metal, que abalou as estruturas do Chevrolet Hall, na sexta. Ontem, não; nada de camisas pretas suadas: saiu a segmentação e entrou a diversidade.
Não que o rock não fosse bem representado, a começar pela surpreendente Karina Buhr. De líder de grupo de sonoridade regional-lugar-comum Comadre Fulozinha, a moça surge no palco como uma espécie de versão feminina de Iggy Pop glitter. Disposta a dar o sangue no palco e escorada por uma bandaça que tem Edgar Scandurra e Fernando Catatau nas guitarras, a cantora não pára um momento sequer, seja se rastejando feito iguana (olha o Iggy aí de novo), ou quicando no centro do palco. Já na terceira música, como o sugestivo título “Solo de Água Fervente”, Scandurra e Catatau solam que é uma beleza. Fora do Cidadão, cujo som é repleto de efeitos, o guitarrista vai muito mais além com seu instrumento de origem. Em “Mira Ira” uma verdadeira muralha de guitarras explode sobre o público, num riff duplamente carregado de distorção, e o final, com “Nassiria e Najaf” parece mesmo um apocalíptico fim do mundo. Numa palavra: visceral.