– Um livro do Junichiro Tanizaki, o maior e melhor romancista da literatura japonesa moderna, eu guardo com especial afeição. É Há Quem Prefira Urtigas, editado no Brasil pela Companhia das Letras. Muito pelos relatos detalhados dos teatros de bonecos japoneses, do ritual que existia (acredito que com mais riquefifes antigamente) no ato de assistir as peças, e como aquilo resumia muita coisa da cultura japonesa, já que incluía preceitos morais, música, tradições orais e religiosas. Um primor. Agora vou poder assistir um desses espetáculos pessoalmente, o Yukiza, um das principais modalidades dessa arte dramática, que fará apresentação em São Paulo.
– Norman Mailer, segundo Gore Vidal, seu maior algoz, descuidou-se do grande jornalista que era e tornou-se um romancista horroroso. Concordo, pelo menos baseado nos romances dele que li. Mas era um bom pensador, provocava, às vezes com classe, noutras com golpes abaixo da cintura. Uma voz americana para ser ouvida, sempre. Mesmo depois de morto. Por isso vale a pena comprar o livro O Grande Vazio, lançado recentemente, onde em diálogos com o filho, Mailer disseca do pôquer aos grandes dilemas da América, como o dualismo político, a saturação dos costumes e por aí vai.
– Courtney Love quando perde a classe fica hilária. Escrevendo sobre o Foo Fighters então… Aliás, sobre o que escreveram sobre o FF. Total hate!
– Da série de shows do Wilco em Chicago (meu nome é inveja) um deles já pode ser baixado. Faça isso. Vale muito a pena.
– Isso é surreal. Eu teria um surto a cada dez minutos vivendo assim. E você?
– E aí, tio, me paga uma tapioca com seu cartão corporativo?
– E as múmias do Mosteiro da Luz, hein? Tem palpite para todos os gostos. Eu fico com o desejo, descoberto agora debaixo de sete palmos.
– Boas notícias do mundo pop chegando do Nordeste. Por partes, como Jack. O Abril Pro Rock que já tinha confirmado New York Dolls, Helloween e Gamma Ray na programação da edição 2008, agora anuncia a quase lenda Júpiter Maçã. Ou seja: imperdível e antológico. O Hugo Morais, lá de Natal (RN) fez uma apresentação bacana sobre o Júpiter para quem precisa conhecer um pouco mais da banda.
– Confirmado: vai rolar a primeira edição do Festival NE Indie, simultaneamente nalgumas cidades da região. Faz um tempo que a cena do Nordeste vem se organizando e acho que um festival assim dá um pouco de idéia de como é possível se mobilizar fora do mainstream usando ferramentas alternativas de divulgação. Aliás, tem até coletânea do evento todo disponível para download. Dicas por minha conta e risco: Barbiekill, Sweet Fanny Adams, George Belasco e o Cão Andaluz, The Dead Superstars e The Sinks.
– Eu acho que zoação tem limites. E o meu limite é bem elástico em relação a humor negro, escatologia etc. Gosto de Jackass, sou fã de Steve-O e Wildboyz, acho Bull Fighting demais para o meu laquê. Passado o nariz de cera, vamos ao principal: eu sempre curti o Bonde do Rolê (apesar de achar o hype deles na gringa desmedido) a tiração de onda de branquelos indies e bem nascidos fodendo o funk carioca com riffs de rock etc. Mas para tudo há um limite. O meu em relação a banda aconteceu na seletiva que escolheu as duas novas vocalistas. Passou muito do meu aceitável. Não gostaria de ver isso num palco. Por isso leia-se alguém enfiar um bife no rabo. Na boa? Atitude zero. GG Allin fazia isso muito melhor.
– É bom ficar de olho nos debates entre Hillary e Obama. Como diz o JM Salles, “a eleição americana é tão importante que todo o resto do mundo deveria votar”.
– Na Rússia também tem eleições. E uma análise estupenda sobre a Era Putin.
– Para encerrar o assunto eleições, eu votaria com muito prazer em Soninha. Se houvesse como transferir meu título de Natal/RN para cá, São Paulo, o faria amanhã ainda.
– Persépolis. Não esqueça esse nome. Compre o livro. Leia a resenha.
– Música, até dizer basta. Que eu cansei de escrever. By Matias.