_Circuito Rock DoSol
primeiro dia de rock ‘n’ roll!

E eis que ontem, 14/01, o Circuito DoSol começou depois de muita propaganda. E ela surtiu efeito, por volta de 300 pessoas passaram pelo DoSol para ver Cabozó, Folcore, Jane Fonda e Astronautas.

As 18h25 o Cabozó começou com seu som calcado em rock com peso e regionalismo nas letras. Vez por outra o vocalista, Bão, tocou um pandeiro ou triângulo para se aproximar mais dos sons nordestinos como baião, embolada e outros. O início foi com uma música que falava sobre rapadura, deliciosa iguaria nordestina que uma empresa alemã registrou patente, uma palhaçada. Em seguida vieram músicas próprias como “Farinha papangu”, “Repente doido”, “Quincas” (homenagem a figura do bairro de Ponta Negra) e “Papa-Jerimum”. Tocaram músicas também de Alceu Valença, Lenine e Zeca Baleiro. Em dado momento o vocalista ainda tentou improvisar uma quadrilha em meio as rodas de pogo da molecada instigada pelo som pesado. A banda apesar de ser bem jovem fez uma apresentação muito boa para aquecer o bom público já presente. Depois de cinquenta minutos a banda encerrou com a instrumental “Xote dois irmãos”.

Pouco mais de vinte minutos se passaram para o Folcore começar sua participação na noite. Assim como a banda anterior, o Folcore utiliza som pesado aliado a temáticas regionais nas canções, um som denominado pela banda como Hard Côco. Mas há diferenças marcantes entre as duas bandas, diferenças como dois vocalistas, guitarra distorcida e bateria não linear. A banda começou o show com músicas novas e partiu em seguida para as composições já antigas como “Guerrear”, “Essa turma”, “Ollie air”, “Amor ou caô”, “Ilhado em SP” e mais uma nova “Mundo confuso”. Os caras estiveram até pouco tempo em São Paulo divulgando seu trabalho e estão com um show redondo. Ao fim da apresentação o bar já estava cheio. O público era composto de gente de todas as idades, tinha até pai levando a filha, mas a maioria era bem jovem, uma molecada instigada. Tanta instigação que fez com que uns já estivessem arriados antes do fim do Folcore.

No ambiente também estavam presentes integrantes das mais diversas bandas, Peixe Côco, Alfândega, Out Set, Zero8Quatro e outras. Embalando toda a animação estava o cd do General Junkie desde as 17h. Será que essa molecada sabe quem é a banda? Provavelmente não, e provavelmente ficarão sem saber, já que eles estão mais preocupados com o DuSolto.

O show do Jane Fonda pode ser resumido em peso, letras cantadas em coro e molecada ensandecida sob e sobre o palco. Eu não sou muito fã do estilo deles, mas é inegável a popularidade da banda. As músicas que estão tocando nas rádios também são cantadas do início ao fim, tanto pelos garotos que se digladiavam a frente do palco como pelas garotas a beira do mesmo. A banda mandou algumas músicas do primeiro disco (Jane Fonda) como “Retrato de um artista quando jovem”, “Vossa excelência” e “Caroline”. Do segundo (Esses Dias Não Irão Pra História) mandaram “Saliva”, “Granizo”, “ Supernova”, “Estrupo” e outras. A empolgação era tanta que dentre tantos moshs, até Foca pulou. A pedido do público eles ainda tocaram uma do System of a Down. Fim do show e começa uma briga no bom sentido para conseguir algum item da banda, uma baqueta por exemplo.
Depois de mais um acerto no palco, agora para as peripécias eletrônicas dos Astronautas, o show começou com todas as luzes apagadas e só alguns pontos azuis piscando sobre o palco. Era a banda já em cima mostrando um dos itens de suas apresentações espaciais. Quando a luz do palco se acendeu o peso imperou mais uma vez, assim como em toda a noite. Guitarras no máximo e público também. Eu que pensava que eles iam abolir os macacões me enganei, imagino dentro a temperatura. E foram executadas músicas dos dois discos da banda, “De algum lugar do sistema solar” e “Electro-Cidade”. Músicas como “Tecnologia”, “Nós robôs”, “Não faço nada”, “Cidade cinza”, “Orbital” e outras. Um convidado ilustre foi chamado a cantar uma com a banda, nada menos que Fabrício Nobre da banda MQN que passa uns dias em Natal. Ele cantou “Revólver”, um rock duro como ele mesmo definiu a música.

Ainda bati um papo rápido com André Frank durante o show da banda Cabozó e perguntado sobre a tal vida dura da independência, André disse que graças a Deus não sabe o que é isso, porque vivem exclusivamente da música e fizeram 103 shows em 2005, só reclamou do alto custo de se morar em São Paulo e de deslocamento para tocar lá, já que a cidade é muito grande. Ele disse ainda que o que dá grana a banda é show mesmo, acabou-se a história de disco dar grana. Sobre as influências, se há Man or Astro-Man nelas, o baixista disse que não, só reinterou o que tem no site deles: ficção científica, Kraftwerk, Queens of Stone Age que a banda tocou a pedido do público. Ao final da apresentação ficou a certeza que a banda merece estar aonde chegou. O show foi muito bom. Agora é esperar o brega punk de Wander Wildner, Montgomery e a Jam de clássicos. Eu já soube que vai ter Ramones.