Apesar do festival ter começado já em ritmo acelerado, o segundo dia do Recbeat foi mais morno. Pelo menos dois fatores esgotaram com um pouco da empolgação das pessoas. A primeira foi a ressaca da chuva no dia anterior e, em segundo lugar, a infernal aglomeração que estava lá desde o começo da tarde para ver o bloco Quanta Ladeira. Eu devo estar entre as poucas pessoas que vão até o Carnaval, mas não se convencem com as letras de escracho sem trocadilho pela trupe. Muita gente no palco sem fazer nada, muita piada interna (tem até música para o drugdealer deles), muito desencontro que uma hora chega a ficar sem propósito.
Tá… fez piada com Marcelo Camelo e Mallu Magalhães. Mas quem é que não fez?
Talvez meu incomodo maior seja porque o bloco não agrega em absolutamente nada ao Recbeat. Terminada a apresentação, quando a banda River Raid subiu ao palco, o pólo já estava angustiante de tão vazio. Quem ficou, conseguiu conferir um dos melhores shows da noite. Tudo bem que rock, cheio de guitarras, combina cada vez menos com a programação do festival, mas foi uma oportunidade para ver o resultado do que aconteceu com a banda depois de tantas andanças pelos Estados Unidos.
A sequência seguinte parece um tanto sem sentido. O norte-americano Clayton Ross trouxe um country quase forró. Me parece ser o tipo de música interessante num contexto de World Music, mas mostrar para o Brasil mais de música brasileira não tem tanto impacto. Me fez pensar até em bandas de rock daqui tocando rock lá fora e como eles devem causar a mesma impressão de tédio. Acabou virando a “banda da cerveja” para muita gente, que usou o show para circular. Eu fui ver o Mundo Livre no Marco Zero, junto com Eugene Hurtz e Manu Chao.
A apresentação de Victor Araújo também me soou sub-aproveitada. Essa foi a primeira vez que o vi cantar, além de tocar piano. E, nesse formato, realmente sua apresentação ganha uma proporção muito maior e melhor quando é apenas instrumental. Mas o forte dele ainda é a performance. Mas Victor tocava um piano preto, em um palco preto, vestido de preto e, não fosse suficiente, de costas pra o público. A falta de cuidado cenográfica pesou muito contra para quem assistia o show do angulo de visão do público.
O angolano Wysa acabou sendo prejudicado pela onda irregular da noite. Seu show – música pop da Ângola, surpreendente e muito empolgante – demorou para pegar ritmo. Mas na segunda metade, já trazia de volta ao Recbeat o verdadeiro clima do Carnaval. Em parte pela participação especial de Zé Brown, ex-Faces do Subúrbio, que acelerou o ritmo da noite. Ficou a vontade de ver esse show fora do contexto de um festival. Foi uma das melhores surpresas até agora.
Não vi o show inteiro da Eddie, mas ai também já era jogo ganho. Apesar do mote do novo disco, o repertório ainda foi mais com músicas de trabalhos passados. Só fiquei com duas ressalvas. Acho que um letrista tão genial como Fábio Trummer não deveria se apoiar tanto nas músicas de Erasto Vasconcelos. Fico com a impressão que ele acaba perdendo apresentações no Carnaval por conta disso (que eu chamo de “efeito Sir Rossi”, pelo que a banda cover de Silvério acabou fazendo com Reginaldo Rossi). Ouvir o Baile Betinha em outra voz que não a de Erasto é quase pecado. A segunda ressalva é a versão para Nantes, de Beirut. Ficou horrível.
Mas acho que não representou nem 1% do show. Cheguei a pensar que o fosso em frente ao palco fosse derrubar de tanta gente dançando enlouquecida. Estou sem fotos. Minha câmera quebrou no primeiro dia do Recbeat. Vou atualizar aqui quando a assessoria do festival passar as de divulgação.
quem é vc amigo… pra falar algo do Eddie? a Banda Eddie é um dos maiores nomes da musica pernambucana… e o grande Erasto é um Deus para todo pernambucano… tocar suas musicas, regravá-las, e etc… nunca será d+, nunca será monótomo, sempre será uma grande alegria e honra para todo pernambucano.