Fonte: Diário de Natal
Por Sérgio Villar
Beco da Lama, do belo, do elo em torno da música e da musa Natal, Ela Sim, noiva do Sol e amante do Potengi. Festival rima com festa, sim. Basta um aval. MPBeco, rima com gueto, com eco. Bastou estar lá. Quem compareceu ao centro histórico participou da história. Viu que há sempre música e a vida pode ser feliz o ano inteiro. A 4ª edição do MPBeco reuniu milhares de libertários à Praça de Setembro durante os três dias de evento. Tribos tão homogêneas quanto os gêneros musicais no palco. Samba-enredo, funk, rap, hip-hop, rock, baladinhas, pop, MPB, música regional. Embaixo, maurícinhos, chico bento, porra-louca, tatuados, black power, rastafari, carecas, bruxas e lobisomens.
As seis premiações do Festival foram divididas entre três vencedores. A vocalista do Orquestra Boca Seca e performática Clara Pinheiro papou uma das categorias mais prestigiadas e mais democrática do evento: o voto popular e também o terceiro lugar como melhor canção, com Ela sim – umabalada rocker puxaa para o blues. O multinstrumentista dono de mais de 400 composições e estilo vigoroso de voz e presença de palco, Júlio Lima levou para casa o prêmio de melhor intérprete e o segundo lugar de melhor canção, com Há sempre música. O veterano de festivais do MPBeco, Jorge Negão e seu Pangaio foi o grande vencedor desta última edição do MPBeco. A composição Feliz ano inteiro, versificada, recebeu o prêmio de melhor arranjo musical e o primeiro lugar de melhor música.
O único entrave visto na organização do festival foi provocado por causas externas (ou naturais, depende do ponto de vista). O atraso de quase duas horas no primeiro dia de eliminatória foi provado pelo compositor pernambucano Silvério Pessoa. O versátil instrumentista herdeiro de Alceu Valença reclamou da qualidade do som. O atraso procovou o remanejamento de duas músicas para a segunda eliminatória, e a consequente seleção de sete músicas em vez de cinco para disputar a final. A chuva também adiou o segundo dia de eliminatória para o sábado seguinte, com a disputa final remarcada para o domingo. E mesmo num domingo à noite, os gatos pardos se fizeram presentes.
Um dos organizadores do evento, Júlio César Pimenta, afirmou que o nível das músicas e o profissionalismo dos participantes e organizadores elevou a qualidade do Festival. “Achei de um nível excelente, bem mais qualificado do que na última edição, por exemplo. Outro destaque foi a participação do público no voto popular. No ano passado logo no ínicio se viu o vencedor (Os Grogs). Este ano quatro composições disputaram voto a voto até o final”. Júlio lembrou ainda diferenciais desta edição como a Feirinha da Lama Mix, com expositores oferecendo ao público roupas, tatuagens, artes plástica, bijuterias e acessórios. E também o concurso de fotografia promovido em parceria com a Associação Potiguar de Fotografia (Aphoto), aberto a fotógrafos amadores e profissionais e com premiação de R$ 1 mil para a melhor foto do evento.
Critérios
A metodologia de escolha obedeceu os mesmos critérios das três edições passadas. Três convidados – a jornalista Renata Marques, o pesquisador especializado em música, Oswaldo Ribeiro e o professor e poeta João Batista de Moraes Neto (João da Rua) – realizaram uma triagem das 367 composições inscritas – recorde disparado de inscrições. As 24 músicas foram credenciadas a participarem das eliminatórias.O músico Wigder Vale, a compositora Lele Alves, o poeta Plínio Sanderson, o jornalista Sérgio Vilar e o produtor cultural Augusto Lula (na primeira eliminatória) e o jornalista Carlos de Souza (na segunda) – escolheram 12 músicas para disputarem as premiações. O compositor Carito, o músico Manoel Azevedo, o fotógrafo Marco Polo, o artista plástico Vicente Vitoriano, e a arquiteta Cláudia Gazola julgaram na final.