Como já virou tradição, o Pop up deu uma pausa durante o festival Abril Pro Rock, que encerrou no último sábado no Recife. Se ano passado eu me ocupei com a curadoria e assessoria de imprensa, nesse a segunda função conseguiu ficar com uma empresa a parte e acabei acompanhando mais processos na própria produção do evento. Mudar de lado foi, mais uma vez, uma experiência incrível. Ainda mais em ano de crise econômica, com eventos gigantes como o Tim Festival sendo cancelado, pude ver os dribles que a cena independente dá para seguir firme apesar das complicações.
Esse ano a curadoria foi mais complicada. As bandas estão ficando mais exigentes, como se enxergassem o festival como um plano de sustento, quando deveria ser de formação de público e continuidade de carreiras. Por isso muitos nomes que queriamos acabaram não entrando, mesmo não sendo atrações tão grandes assim. É uma contradição interessante, considerando que esse é um ano que todos os festivais vão ter orçamento menor. Mas talvez aconteça com o Abril por ter essa imagem de algo maior.
A grande decepção fica, infelizmente e mais uma vez, por conta da cobertura jornalística do evento. Dos textos que diziam que nenhuma banda do festival tinha cinco anos (quando a mais nova tinha sete e a mais velha 30), a outros que falavam que o cabelo do público era mal cuidado (wtf?), não sobraram pérolas. Nunca acompanhei tantas coberturas de um mesmo evento assim, só para encontrar jornalistas falando de instrumentos que nem eram tocados pelas bandas a momentos que não aconteceram. Teve quem viu strip tease no palco de Jon Spencer e que o Matanza é um tipo de Devotos do Ódio. Não por acaso, quase toda a mídia convidada esse ano foi televisiva.
Resta agradecer ao público que compareceu. Aos que elogiaram a escalação e aos que criticaram. Mas só aos que criticaram com razão, claro. Obrigado aos voluntários de última hora, as bandas que tocaram, ao povo que entregou material e compareceu nas palestras. Para o ano, se tudo der certo, tem mais. 🙂
A foto que abre o post é de Beto Figuerôa e vai em homenagem ao cara que escreveu que no show do Motorhead só se via o vazio do público.
E agora de volta a programação normal…
Boa Bruno, exelente análise.
meu deus bruno! ahahahaha, acho que colocaram docinho na bebida dessas pessoas. Nunca vi tanto absurdo. Acho aceitável que essas pérolas apareçam do público, mas de jornalistas especializados (ou não), NÃO DÁ, NÃO PODE! E antes do Abril que teve um jornal que anunciou que ia ser no Chevrollet E Centro de Convenções TAMBÉM? 😀