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REPERCUSSÃO FESTIVAL DOSOL – ROCKPRESS (RJ)

Repetindo o sucesso do ano anterior, o festival DoSol 2006, agora com um terceiro dia, uniu o rock em suas variáveis formas difíceis de rotular. Juntou 37 bandas de 11 estados em uma verdadeira festa da música realizada em Natal, no Rio Grande do Norte. Quem foi, conferiu, aplaudiu e volta ano que vem. Quem não foi tem que ir ano que vem, se não perde novamente, o que é inadmissível.
Por George Frizzo

DOSOL 2006
Ribeira, Natal
4, 5 e 6 de setembro

Texto: George Frizzo
Fotos: Nicolas Gomes/DoSol Image

4/8 – sexta-feira – 1° dia

Ficou a cargo do Poetas Elétricos abrir a segunda edição do festival DoSol. Rock experimental virtuose servia de fundo para poesias declamadas. Uma projeção de imagens em um telão ao fundo do palco dava o toque de dramaticidade à banda que pegava o público ainda chegando à Ribeira sem entender o que acontecia. Na seqüência, Simona Talma, cantora de postura classuda, mostrou um repertório de soul, R&B, e pitadas de rock. Show bastante diferente para um festival predominantemente de rock. Porém Talma trouxe o inusitado, valorizando mais o evento.

Os pernambucanos do Parafusa fizeram um bom show. Pop rock de qualidade, mas problemas técnicos não permitiram um show 100%. Mad Dogs mostrou um bom rock bluesy básico sem misturas. Reunindo fãs em frente ao palco o Seuzé fez um show morno, assim mesmo conseguiu empolgar o público com seu rock misturado a mpb e regionalismos. O Bonsucesso Samba Clube trouxe mais animação com um pouco de swing do samba, funk e, claro, mangue beat. Aproveitaram o DoSol para lançar seu segundo disco, o excelente Tem Arte na Barbearia. Dusouto transformou o palco em fumaça. Os locais levantam o tema do fumo em suas letras e souberam aproveitar bem o show misturando muito dub, rap e rock fazendo a cabeça, literalmente, dos presentes. A alquimia sonora continuou com o Experiência Ápyus, que marcou mais um ponto para a produção local, unindo a mpb com o rock em competente mistura de estilos. O Ludov provou que seu público cresce cada vez mais pelo Nordeste. O povo cantou seus sucessos e aprovou as músicas novas apresentadas em primeira mão. Fechando a primeira noite, o mundo livre s/a fez um ótimo show, como era esperado. O grupo liderado por Fred Zero4 deslanchou de forma exuberante músicas dos seus últimos discos e clássicos do início da banda.

5/8 – sábado – 2° dia

Sábado e domingo a abertura do festival aconteceu no Bar DoSol, casa de shows localizada ao lado dos palcos grandes. Seis bandas da nova safra do rock natalense são convidadas para essa etapa, três por dia. A Drunk Driver fez um punk rock sujo e direto. A Distro investiu mais no hardcore melódico. Enquanto a Doris fez um rockão básico em um show correto. No palco principal, a porradaria já começava com Dead Funny Days – a banda que se apresentou no palco do bar no ano passado esse ano conquistava espaço no palco principal. Mostraram competência com um hardcore alternativo pecando somente pela falta de presença do vocalista. Os cearenses do 2fuzz se portaram bastante comportados no palco, um pouco frios até. A banda mostrou seu rock alternativo, meio grunge meio garage, com competência. De Recife, Carfax trouxe um rock visceral; trabalharam bem a dobradinha de vocais masculino e feminino dividindo opiniões do público que em parte não entendeu seu som meio pesado, meio teatral.

Vindos de Salvador, os garageiros do Los Canos agradaram bastante com seu punk rock bubblegum, alegrando os mais adolescentes. O Bugs (foto alto) mostrou que em Natal também se faz rock psicodélico e dos bons. Tocaram material antigo e músicas do mais novo EP, Exílio. Definitivamente uma das grandes e boas surpresas do festival. Seguindo a deliciosa seqüência de atrações imperdíveis, vimos o candango Bois de Gerião detonar um rock energético com letras em português e boa performance em palco, inevitáveis comparações a Los Hermanos nas melodias (talvez devido ao naipe de metais que o Bois também usa), mas com presença maior nas músicas.

Os sulistas do Walverdes (foto) fizeram, sem dúvida alguma, um dos melhores shows do festival. A banda estava com tudo em cima; energia, presença, sonoridade poderosa em seu rock sujo e distorcido e direto. O Revolver trouxe a chuva e com eles o rock dos anos 60 e 70 bem executado. Também de Natal, o Memória Rom fez um rock básico e atual, a competência na execução das músicas talvez comprometida pela chuva que insistia em esfriar os ânimos de quem assistia.

Com garra e coragem um rechonchudo vocalista sem voz roubou a cena no show dos goianos do MQN (foto abre). Rock’n’roll sujo e direto é o que eles fazem e muito bem, sem frescuras e sem voz. Voz? Pra que? Em uma posição injusta, entre duas máquinas de rock, MQN e Autoramas, os locais do Zero8Quatro apresentaram um pop rock radiofônico honesto e eficiente. Mas o público só voltou a se animar mesmo quando os cariocas do Autoramas subiram ao palco na Ribeira. Rrrrooocckkk … o grito de guerra de Gabriel e cia. foi cumprido de maneira fiel. Puro rock recheado por letras irônicas, riffs marcantes e uma presença de palco nota 10. Fechando a segunda noite de festival, os paulistas do Forgotten Boys mostraram bastante energia em um show que parecia de uma banda gringa. Profissionalismo e músicas boas eles têm de sobra. Não é a toa que são das grandes promessas do rock nacional (nacional?) lá fora. Ponto para o DoSol.

6/8 – domingo – 3° dia

Começando no Bar DoSol, as três bandas do domingo foram de peso, literalmente. Fliperama com punk rock adolescente, Ravanes misturando grind core com death metal, a mais pesada de todas e a melhor dessa etapa no Bar, e Pots, com new metal nada inovador. No palco maior, os pernambucanos do Dead Nomads intercalaram algumas covers, como Smiths e Ramones, com músicas próprias em um punk rock’n’roll básico. O hardcore melódico do Karpus agitou a gurizada que vinha preparada para a noite mais emo do festival.

De Recife, o Astronautas deu um show com excelente presença de palco. Uniram o seu rock pulsante a samples e batidas eletrônicas. O Allface fez a festa, nem problemas com o som no início intimidaram o grupo do organizador do festival, Anderson Foca. Mandaram muito bem seu hardcore melódico com mensagens positivas em um set energético e direto. Os paulistas do Aditive, outro representante do estilo hardcore emo, também se saiu muito bem, mantendo o pique que a noite exigia, músicas rápidas e diretas sem perder a melodia. Os locais Jane Fonda quebraram um pouco a dinâmica do hardcore que imperava na noite. Investiram em um rock mais modernoso, agradando em cheio o público.

O Devotos (ex do Ódio, de Recife) é quase uma unanimidade, digo quase porque uns e outros não se atrevem a entrar na roda de pogo, enorme, formada na frente do palco. O trio mostrou que seu hardcore básico continua em forma. Coube ao Dead Fish (foto)fechar a noite. Oscilando entre o underground e o status de banda grande, que bom que continuam com o pique em seu hardcore que os consagrou. Banda e público pulavam e agitavam em perfeita sintonia. O set list se baseou no novo disco, Um Homem Só, além de hits dos outros álbuns, verdadeiros clássicos do estilo.

George Frizzo viajou a convite da organização do festival DoSol.

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