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COMO FOI O FESTIVAL SE RASGUM 2025?

POR ANDERSON FOCA

E o Festival Se Rasgum em Belém fez seu festão de 20 anos com uma programação parruda que começou com mesas, palestras, shows gratuitos e desembocou no Porto Futuro pra uma tarde/noite recheada de bons shows e diversidade.

A estrutura da arena pronta pra receber pelo menos 5.000 pessoas estava redonda, sem filas pra nenhum serviço e com ótima oferta de bebida e comida pra geral.

Os shows começaram pontualmente às 17h com o The Monic (SP) convidando a Keila. Deu onda geral , com a Keila defendo os vocais no rock das paulistas e todo mundo mundo entoando “Galera da Laje”, já clássica do repertório da Gangue do Eletro. Assussena veio em seguida e demonstrou ser uma das grandes cantoras da sua geração. Repertório afiado e experimentações muito interessantes com a obra do Roberto Carlos. Um dos melhores shows de todo o festival.

A espertíssima Julia Mestre veio ao Se Rasgum trazer sua onda oitentista com um enorme carisma e um pack de boas canções defendidas muito bem por uma banda azeitada. Se passar perto de você vale o confere demais. O Baile do Mestre Cupijó completou o primeiro terço de shows com uma metaleira afiada, ainda se organizando nos p.as mas mandou bem o recado.

Um dos grandes destaques do dia ficou a cargo do Crizin da ZO. Do subúrbio do Rio de Janeiro, o trio faz um espécie de funk soturno hardcore e espantou a audiência menos atenta. Foi como se o Aphex Twin encontrasse algum bonde do funk periférico carioca. Esculacho, pra frente e PODEROSO.

Já com boa audiência na arena, a Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo, foi bastante prejudicada pela mixagem do p.a. Como já vi várias vezes, aproveitei pra comer, beber e dar uma volta pela espaço. Devo vê-los de novo em breve em Brasília num dia melhor.

O Terraplana de Curitiba mandou suas camadas de guitarra shoegaze para um público atento. Caminho interessante proposto pela curadoria para entregar um dos grandes momentos dos vinte anos de história do Se Rasgum: o show dos escoceses Teenage Fanclub. Com sua simplicidade lírica e paredes de guitarras que influenciam gente por décadas, a banda está para o indie na onda inventiva que os Ramones representam para o punk. Moldaram o estilo como conhecemos. Na platéia tinha gente de vários cantos do Norte e Nordeste para acompanhar o recital inglês no calor amazônico. Foi um deleite, um presente de 20 anos perfeito pros fans do festival.

A narrativa do festival mudou daí em diante. Se tem uma coisa que o paraense saber fazer e gosta é de festa. Depois de muito tempo longe dos palcos o Se Rasgum recebeu o Móveis Coloniais de Acaju de Brasília para o show mais aclamado da noite. Que festa bonita! Que banda necessária. Eu estava morrendo de saudade. A doideira pop sua do grupo contagia sempre. Espero que gravem músicas novas e continuem na estrada. O grau se manteve alto com Suraras do Tapajós tocando um carimbó poderoso, belíssimo visualmente, fazendo geral rodar no dancê amazônico. A excelente cantora paraense Lia Sophia foi convidada do show e esquentou ainda mais o que já estava bom.

O último show que consegui ver foi o da Fernanda Abreu. O que foi isso? Fui pego de surpresa com uma das melhores performances de toda a noite. A carioca desfilou clássicos que soaram muito atuais. Essa nova onda do House no Brasil que tem chegado, tem o nome de onde beber na fonte: Fernanda Abreu do Rio de Janeiro.

Depois de dez horas de Arena tiver que pegar um vôo e não consegui acompanhar o resto da programação que foi até de manhã. Os 20 anos de Se Rasgum mostra como é necessário para as suas cidades, festivais que constroem memórias e fazem pontes entre passado, presente e futuro.

O Se Rasgum é especialista nisso. Viva o Pará!

Foto por Scream and Yell

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