Conteúdo original do Recife Rock
Por Hugo Montarroyos
Uma das iniciativas mais bacanas a surgir no Recife nos últimos tempos é a criação do Lumo Coletivo. Como o próprio nome indica, trata-se de um coletivo formado por músicos, produtores, jornalistas, roadies e etc que compartilham de um mesmo ideal: viabilizar a circulação da música independente pernambucana nos âmbitos local, nacional (e, por que não, até mundial?), dando suporte para produção de eventos e criando um espaço para discussão de idéias e de fomentação de todos os processos que envolvem a cadeia produtiva da música independente. Com sede baseada em Setúbal, O Lumo Institucional está produzindo sua primeira festa, que acontece nessa sexta-feira, dia 12 de setembro, no Quintal do Lima, com shows da Nuda e da Camarones Orquestra Guitarrística, de Natal. Entrevistei por e-mail Gabriel Caetano, responsável pelo Núcleo de Planejamento do Coletivo, que falou das principais idéias e intenções do Lumo. Abaixo, a conversa com Gabriel, o release oficial do Coletivo e o serviço da festa.
Trocando em miúdos, o que é o Lumo Coletivo?
O Lumo Coletivo é uma união de pessoas em prol de um objetivo comum. Essas pessoas são bandas, fotórgrafos, designers, produtores, jornalistas, técnicos em áudio, videomakers, roadies, administradores, engenheiros, publicitários, dentre outras funções (incluindo barman, haha). E esse objetivo comum é a vontade desse pessoal de ver toda essa cadeia da qual participam fluindo de forma coerente, sustentável e produtiva.
Quantas pessoas hoje fazem parte do Coletivo?
Dentro do nosso núcleo base (que se divide em planejamento, comunicação e administrativo/financeiro), existe em torno de 15 pessoas que cotidianamente comparecem aqui na sede para doar suas idéias e força de trabalho. Contudo, não dá para contar as pessoas que já vieram aqui e vibraram com a idéia, propondo parcerias.
Vocês seguiram o modelo de alguém para a criação do Lumo?
De vários alguéns, e alguns algos.
O meu exemplo vem de Cuiabá, principalmente. Trabalhei no Espaço Cubo e na Volume – Voluntários da Música, em 2006 e 2007. Antes disso, morei em Goiânia e vi de perto a cena crescer no começo desse século. Eu acredito que o resto do Lumo tem toda essa bagagem recifense, que é de um peso tamanho. Mas hoje, se nota claramente que se unir em coletivos tem sido uma tendência cada vez mais evidente. Cito aí logo os parceiros do Goma, de Uberlândia. Coletivo Catraia, do Acre. Fósforo Cultural, de Goiânia. O próprio Cubo, de Cuiabá… O Circuito Fora do Eixo merece todos os méritos!
Uma das maiores discussões hoje no Recife é a falta de espaço, físico e midiático, para abranger toda a produção independente da cidade. A solução é criar seu próprio espaço?
A solução é também criar seu próprio espaço. Mas, honestamente, acho que vai muito além disto. Vivemos aqui uma realidade muito boa comparado a outras cidades brasileiras. Recife é um dos poucos municípios que investem 1% da receita total em cultura. A maioria das cidades investe menos. Enquanto isso, acreditamos que estamos construindo meios para que possamos aumentar esse número, lutando por políticas públicas para cultura, para que haja cada vez mais espaço para o novo, para o livre. Seria bacana se fossem trocentos Lumos, Coquetéis Molotoves, Astronaves, etc… E com internet nas mãos, por que não pensar em nível de Pernambuco? Nordeste? Brasil? América Latina? Hoje em dia, não é tão difícil tocar em Buenos Aires, por exemplo. Ou fazer uma turnê nos Estados Unidos ou Europa… Nosso próprio ministério de Cultura abre edital para intercâmbio de artistas por aí. O que falta, talvez, seja mais gente ligada.
Você concorda que existe uma dependência pouco saudável das bandas “independentes” do Recife do setor público?
Sim, já discutimos por aqui algumas vezes sobre isso e concordamos com esse ponto de vista. E estamos nos organizando justamente para criar uma alternativa a essa realidade. Acreditamos que podemos potencializar o profissionalismo de todos os agentes inseridos aqui neste contexto. E com isso, incentivar esses artistas a enxergarem suas carreiras de um outro prisma, no qual sua relação de dependência com o dinheiro público para produção, circulação e distribuição diminua exponencialmente de acordo com a quantidade de tempo investido nos seus projetos, com as ferramentas que oferecemos.
É possível ganhar dinheiro hoje no universo independente?
Depende do significado de ganhar dinheiro. Nós do Lumo, por exemplo, abrimos as portas com consciência de que lucro não é o nosso objetivo. No entanto, tendo em vista o aumento significativo de investimentos em festivais independentes, que são de fato a nova vitrine da música contemporânea nacional, é visível que esse mercado seja mais rentável – a um maior número de pessoas – em pouquíssimo tempo. Então, sabendo que o necessário muitas vezes não condiz com o desejo, nós ainda não queremos uma ilha na Oceania.
O que os interessados em participar do Lumo Coletivo precisam fazer?
Precisam entrar em contato com a gente: lumocoletivo@gmail.com
Se quiser acrescentar algo o espaço é seu!
Queria agradecer o espaço, e dizer que acompanho esse site danado desde muito tempo. Espero que possamos trocar milhões de tecnologias.
Abração.