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COMO FOI? MOJO FESTIVAL (BELÉM/PA)

aeroplano

 

Por Foca (foto por Tita Padilha)

Aeroporto de Brasília em setembro do ano passado. Camarones e Molho Negro tinham acabado de fazer uma série de shows bem grande pelo Sudeste e na volta para casa rolou um papo longo comparando os cenários musicais de cada cidade, suas diferenças e que tipo de sustentabilidade íamos conseguir no futuro.

Nesse papo todo fui dizendo para João do Molho Negro que eu não acredito mais no modelo pay-to-play anos 80 em que a música se meteu, que a vivência, o empreendimento cultural eram bem mais legais que só o esquema cachê/tocar. Nisso veio todo uma análise sobre Natal e Belém, como ficar de pé com música nessas cidades e a ideia do Mojo Festival foi sendo consolidada baseada nas histórias embrionárias do Festival Dosol. Tirando o maravilhoso Se Rasgum e ações da prefeitura/governo, acho bem pouco uma cidade enorme e com uma produção cultural/musical gigante como Belém ter como referência só essas atividades. Claro, tem dezenas de outros mini-festivais, ações legais. Mas o fato é que quanto mais esse tipo de atividade fica aquecida todo mundo ganha. Música não tem a mesquinharia do contato. Fãs de música gostam de várias bandas diferentes e querem várias atividades diferentes igual. Quanto mais bem feitas melhor! Essa é a lógica (pelo menos a nossa).

Começamos a trocar ideia do que seria um bom festival de rock para Belém? O Dosol se dispôs a ajudar na pré-produção, aconselhar, pitacar e ver ideias se tornando reais. Foi assim até a turma do Molho Negro pegar a direção, pisar no acelerador e botar o rock na rua.

Tudo se consolidou no último dia 02 de maio, data mais contra-mão impossível. No meio do feriadão e período master das chuvas na região. Ao mesmo tempo no feriadão dava pra receber bandas de fora com mais facilidade e assim foi montado o lineup e a festança que vimos no lotadíssimo Chevallier no último sábado.

E que lugar hein? Os donos só podem ser loucos. O lance é tipo um antiquário que também é cedido para festa, casamento, 15 anos e afins. O palco ficou lindo, estrutura de primeira, perfeita pro rock (pop) paraense desfilar seus hits e heróis locais, e não foram poucos. A programação começou com o Meio Amargo que já tem seguidores e pelo menos cinco bons hits acompanhados pela já ótima audiência no começo da noite. Banda pronta para cometer um ótimo álbum e sair das fronteiras do Pará. Tem que acreditar.

O Blocked Bones se junta aos The Baggios e aos Red Boots nessa leva de ótimos duos que vem despontando no país. Eles são menos selvagens que esses dois primeiros, mas não menos legais. Gostei bastante e fiquei sabendo que estão pertinho de gravar um disco caprichado. Já estamos no aguardo. O Turbo provou sua popularidade junto ao público paraense destruindo nas músicas do seu disco novo tocado na sequência durante o Mojo. Melhor show que vi deles e já ansioso pelo já lendário disco gravado na Suécia (que vai ser pelo Dosol inclusive). Bonito de ver.

Na sequência toquei com os Camarones e fiquei com a impressão de que Belém é uma das cidade que melhor recebe nossas músicas. Show insano. Eu mal toquei, muito bode no meu equipamento, mas e daí? Foi lindo igual. Rolou um orgulho de estar lá e ver nascer um festival com muito futuro bom pela frente! Em seguida veio o melhor show de toda a parada: que banda é o Aeroplano e que punhado de músicas cativantes e excelentes que eles tem para mostrar. Muito bom ver um banda de pop rock realmente excelente em todos os aspectos. Até na hora de uma curta queda de energia parecia ensaiado, a banda parou, o público continuo tocando e o som voltou bem na hora do estribilho. Sorte de campeão, e eles foram os campeões da noite.

Já era quase duas da manhã quando o Soulvenir subiu para tocar, numa missão ingrata de vir depois do Aeroplano. Mas eles não se acanharam e também fizeram um ótimo show, mesmo com uma audiência menos participativa (mas não menos contemplativa) que nos shows anteriores. Não vi o Molho Negro. Já vi 70 vezes e é sempre EXCELENTE. Um dos melhores show de rock do país. Eu tava cansado, tinha dirigido por 12 horas no dia e a pilha acabou.

O Mojo Festival tem tudo para entrar no calendário dos festivais de música alternativa do país, não só pelo que fez no seu ano zero, mas pelo enorme fluxo musical que a cena paraense tem para oferecer em todas os estilos da música. Belém fervillha, esquenta, amorna mas a verdade é que nunca esfria. E o fogo desses jovens que empreenderam para construir o Mojo Festival é necessário e definitivo para a coisa continue assim. Vida longa!

 

 

 

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