O Ponto CE 2008 vai mesmo ficar marcado pelo evento cearense que trouxe o Bad Religion ao Nordeste e não sei até que ponto isso é bom para um evento que pretende (e com certeza quer) ser ponta de lança da cena cearense. Um público apático, muito pequeno e quase constrangedor apareceu para conferir as atrações do segundo dia do festival. Um clima de ressaca se abateu sobre o espaço e praticamente nenhum show, até onde consegui ver, conseguiu tirar mais que alguns aplausos do público (quase inexistente).
Primeiro vou comentar os shows que vi e depois faremos algumas reflexões. Chegamos perto das 7 da noite e já estava rolando a segunda atração, o Tubo na Batera, banda nova do ex-Surto Zé Wylclei. Não gostei das vozes nem das letras, quase todas com temáticas surf, mas Zé continua sendo (mesmo me confessando estar enferrujado) um dos melhores guitarrista da região. Alguns temas instrumentais foram tocados e acho que esse poderia ser um caminho interessante pro trio.
Veio então o Mafalda Morfina, banda que já se apresentou aqui em Natal no Rock na Rua. O show é muito honesto e divertido, num pop rock bem feito e muito bem cantado pela excelente vocalista. O cover do System Of Down me pareceu dispensável mas entendo que foi uma forma de tirar o público da apatia. Terminou não dando muito certo. O Carango Abacaxi foi outro grupo que passou passando pela programação do Ponto CE. No clima morno devem ter se abatido e fizeram um show apenas honesto mas que tem potencial. Já disse aos caras da banda, eu mudaria o nome do grupo o mais rápido possível. Acho que atrapalha um pouco a falta de conexão do nome da banda com o rock a la Forgotten Boys que eles pretendem seguir.
Na sequência vieram dois shows de exclente qualidade técnica mas um pouco arrastados o que causou um clima ainda maior de desânimo em parte da platéia. Tocaram Encarne e O Giro. O primeiro me pareceu uma música feita para teatro com grooves bacanas de bateria e boas sacadas sonoras. O Giro já é uma pegada mais pop que não me agradou tanto. Talvez um pouco mais de fluidez e despojamento ajudasse o grupo. Vi todos meio apreensivos e isso atrapalha. Fiquei com essa impressão.
O Sinks vou pular, estava inaugurando um drive fuzz no meu baixo e foi lindo. Se mais alguém gostou aí não sei! Nós três adoramos! Com o passar das horas cerca de 300 pessoas já se interessavam pelo que acontecia no palco melhorando as coisas pro Sinks e pro River Raid, grupo pernambucano que arrebentou num show excelente. Das bandas indies o melhor do festival sem dúvida. Daí para frente não consegui mais ver shows porque tive que me preparar para fazer a viagem de volta à Natal
Para o final deixo um reflexão. Será que as bandas de Fortaleza merecem o Ponto CE? Será que o Ponto CE é feito para fomentar a cena cearense? O que vi e que mais me incomodou nesta edição do Ponto CE foi a total desconexão entre produção e bandas cearenses. As bandas pareciam estar se apresentando para os amigos da esquina e pareciam não perceber a importância que um evento como esse tem para a cidade como um todo. Não há um engajamento para que tudo corra bem, fiquei até com a impressão de que quem foi escalado não deu a devida importância ao festival. Claro que isso tudo é uma impressão de quem vem de fora e que serve mesmo para que esses pontos sejam ajustados.
Será que as bandas locais não tem público nenhum? O lugar do show era longe? O ingresso era caro (na minha opinião não era pelo que foi oferecido)? Muito tem que ser repensado para as próximas edições do festival. Bandas e produção devem querer que o festival continue, então por favor façam por onde e dêem as devidas contribuições de parte a parte…
Outra reflexão: quanto vale um show da Nação Zumbi mesmo?
todo mundo quer ser banda, ninguem quer ser publico. Cada dia que passa fica mais dificil de se fazer rock aqui.
A reflexão deve ser de bandas e produtores. Sempre há reclamação mas o que aproxima a todos? Não tem público? Por que? De fato tem algo errado.
eu sugeri que haja uma interação das bandas com os produtores no segundo parágrafo, mesmo sabendo que muitos caras de bandas estavam lá trabaçlhando, filmando, fotografando e afins…
conversar para melhorar!
um show do nação naum tem preço estipulado…
dependendo do evento pagaria 100 conto de boa!
hehehe
Foca, esse seu texto é opinativo cara, não pode. Cobertura tem que ser imparcial. Você só pode relatar os fatos, sua opinião não interessa ao leitor…
Brincadeira, obviamente. O povo daqui pensa assim…
Rapaz, que triste hein. Lembro que na edição do Nordeste Independente aqui vi duas bandas de Fortaleza ótimas: O Garfo e George Belasco. Duas inclusive que poderiam tocar no Festival DoSol e MADA. As vezes fico com a impressão que tem disso em todo lugar, falta de comprometimento. Mas depois estão reclamando que não tem espaço, que falta apoio. Vai ver continuam querendo que tudo caia do céu.
Acho que o que pega é a escalação… putz quando vemos festivais brasil afora (calango, noise, jambolada, etc…), encontramos na escalação bandas que estão envolvidas, tem público e normalmente um certo nível… porém o ultimo mada e o ponto ce merecem uma reflexão… está faltando curadoria? ainda estamos escolhendo bandas na base da brodagem?
Depois não vale reclamar que perdeu dinheiro e botar a culpa no rock…
Po entrei nesse link achando que ia ver uma cobertura sobre o evento,e não uma simples opinião………tristre e desprezível, claro que o festival não foi sucesso de público, por muitos fatores como preço,local… e outras coisitas!!!
Enfim……também não acho que as bandas não estavm tocando como se fosse para amigos de esquina!!!
Dexa keto!!!
denor, me explica ai como dizer como foi um evento sem dar opinião. Eu não disse que as bandas estavam tocasndo pros amigos da esquina, eu disse que parecia que estavam…
Lê o texto de novo ai. quanto público, preço, locaol eu disse exatasmente isso, tem que ser feita uma reflexão…
🙂
a turma lê mas não entende…
a turma, nao lê, acha que entende e fala besteira!
por isso que eu entro aqui todo dia, o cara se informa e ainda ri com as abobrinhas que o povo escreve.
Foi meio q isso mesmo. Uma noite bstante morgada até a entrada do Nação Zumbi. Mas só corringo o The sinks tocou depois do Giro e após o The Sinks teve o show da Encarne e River Raid.
muito bom o encarne gustavo, num teatro deve ser lindo de ver. foi isso memos, troquei a ordem ai das apresentações…
Fiquei triste com o evento… primeira vez que a banda participava do Ponto Ce, ficamos contentes com o convite…boa estrutura de palco, som, iluminação, espaço…contudo uma ‘grata’ supresa: público não havia.
Creio que faltou divulgação por parte da organização do Festival. E havia algo estranho àquele sábado, tudo tão tranquilo… eu no lugar da organização estaria desesperada.
Mas enfim, adorei um contato mais próximo da galera do The Sinks(especialmente o Foca que veio falar conosco), Tubo na batera, Encarne, André(Monophone) e The Drunks Baby.
Respondendo às perguntas:
Será que as bandas locais não tem público nenhum?
Têm sim. Garanto. Por exemplo nós, tirando o Ponto.Ce, todos os shows que fizemos esse ano por aqui lotaram. Talvez, motivo pelo qual fomos convidados ao referido festival. Pena que, sem investimento na divulgação de qualquer festival, não trabalhando a cabeça do público, não há bons resultados…ah! E também não adianta a banda sozinha tentar divulgar seu show quando se trata de um festival grande, devido o valor do ingresso…
O lugar do show era longe?
Sim. Para quem anda de ônibus, ali era um local complicado.
Praça Verde (Centro Cultural Dragão do Mar), onde aconteceram as edições anteriores, creio que seria melhor.
O ingresso era caro (na minha opinião não era pelo que foi oferecido)?
É relativo… Se tivesse tido uma forte divulgação, investido na ideologia do festival pra valer, deixando-o atraente, enfim, os valores dos ingressos seriam aceitáveis. Mas como não foi o caso, me pareceu caro sim. O Ponto.Ce desse ano, foi o show do Bad Religion. No sentido de que, focaram muito e somente nessa atração. Na minha opinião, não que seja a verdade.
De toda forma agradeço muito ao Maurílio e todos da Empire Records e Babuê Produções pelo convite, pela Mafalda Morfina ter estado no Ponto. Ce ao lado de tantas bandas importantes. Mas seria mais legal se tivesse dado público nos shows, principalmente para fortalecer a cena rock cearense, afinal o evento envolvia o trabalho de várias bandas locais.
Bom, sucesso à todos! 😉
“É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possível aliado
Convence as paredes do quarto, e dorme tranqüilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo
Nunca se vence uma guerra lutando sozinho
Cê sabe que a gente precisa entrar em contato”
(Raul Seixas)
Bom,vou tentar ser breve no meu comentário.Já faz um tempo que a gente (Hey Ho Rock Bar e Empire Records) tenta fazer algo de positivo para a chamada “cena local” (expressão que não me agrada muito).Vários são os shows que acontecem dentro e fora do Hey Ho com o chamado “pessoal de casa””.O Ponto.Ce é uma extensão disso e assim vem sendo desde sua primeira edição.Não repetimos bandas para tentar dar mais oportunidades a todos.Poderia ser mais simples por sempre uma banda que a gente sabe que tem um público bacana,mas se a gente fizesse isso,certamente viriam aqueles comentários da famosa “panelinha”.Desde 2006,bandas como Platique Noir,Vigna Vulgaris,Tubo na Batera,O Giro e outras;tocaram no festival sem nunca terem pisado no Hey Ho.Com relação ao fato de intensificar a presença do Bad Religion,teve muita gente que achou exatamente o contrário: “Vocês erraram em não destacar o Bad Religion nos out-doors e nos cartazes.O nome deles está junto das outras bandas””.Enfim,é difícil.O Forcaos,que já tem 10 anos,passa pelo mesmo problema.Estava viajando e só pude ir ao fest da ACR no domingo.Pouquíssima gente.Todos para ver o Jumenta.E no dia anterior,muita gente para ver o Kriziun.Sinceramente,não sei de quem é a culpa (e se há culpados),só sei que as coisas estão cada vez mais difíceis por aqui.Mas…pior é na guerra…
Obrigado a todos,
Rafael Bandeira
ahahahahahaahaah, ahahahahahahahaha
o comentário definitivo neste post já foi feito.
“pior é na guerra”, ehehehheh
o rafa para quem não sabe, é um dos produtores do ponto ce e uma figuraça. Quem o conhece não gosta dele deve ter problema mental! Valeu rafa!
Poxa,
é triste, mas perfeitamente compreensível a visão que você teve vendo “de fora” a tal cena local de Fortaleza…
Creio que a ausênsia do público, teve 3 causas básicas:
1) O preço do ingresso, mesmo que não seja tão caro, se fizermos uma comparação rápida com outros festivais locais e até mesmo o Ponto.ce nos anos passados, veremos que o preço estava pelo menos o dobro da média. E como voce endagou,
“Quanto vale um show do Nação Zumbi?”
creio que isso é relativo, mas como vimos, pro público da cidade, não vale o mesmo preço do show do Ney Matogrosso(que ocorria na mesma avenina a uns 2 Km de distância, com o preço mínimo de ingresso no mesmo valor do Ponto.Ce e lotou.)
Mesmo o Nação Zumbi estando acompanhados de várias outras exelentes bandas, o preço do ingresso para uma cidade que tem preços similares em festivais que trazem 5 atrações nacionais por noite ainda é uma utopia. Infelizmente. Pois é triste ver gente que paga até o dobro pra um show de duas bandas de Forró.
2) A Localização.
Isto não é “culpa” da organização de maneira alguma, o público que não é a acostumando a ir tão longe para um festival de bandas locais, ir até o Arena pra ver Bad Relligion, Helloween, Gamma Ray, Sepultura e Nightwish…
É uma coisa, agora, ir pra ver um festical de bandas locais, ainda mais num dia seguido a um show tão histórico quanto a um que reuniu Bad Relligion, Dead Fish e Sugar Kane, isso pra não citar as exelentes Olhos de Sofia e A trigger to Forget… É outra completamente diferente né…
3) A Divisão das bandas
Bem, Acho que todo mundo deve lembrar que no Ponto.Ce do ano passado tinhamos 2 bandas “principais”. Pra mim, isso foi perfeito, por que eu fui nos dois. pois fiquei na dúvida entre qual dos dois ir… e o ngresso do segundo dia de 2008, pagava os dois do ano passado né…
Não que o segundo dia seja desmerecido de bandas legais, mas veja bem, quero é “cegar do suvaco” se o Ponto.ce de 2008 não for lembrado por ser o festival que trouxe Bad Religion, Sugar Kane E Dead Fish. E inclusive, creio que isso descaracterizou o festival como “vitrine do independente” não que as bandas citadas sejam Mainstream ou Etc… Mas o primeiro dia foi realmente um show que nem precisaria estar inserido em um festival para lotar, e estando, ofuscou o outro dia do Ponto.ce.
Fortaleza está sendo cada vez mais frequentemente palco de grandes shows, e eles estão sempre lotados, mas isso vai afundar a cena local se devido a isso as pessoas tenham que pagar mais pelo que sempre viram pela metade do preço. É a lei de mercado , o preço só deve aumentar, se a houver demanda.
E ainda tem o bônus: O público cearense, que só se faz presente em um evendo marcado para ter início às 19Hrs, lá pelas 23Hrs… é triste que isso seja “normal” por aqui. A falta de pontualidade do público e por vezes dos organizadores, oque nem de longe foi o caso aqui do ponto.ce.
Ah!
E o Fuzz Do baixo tava iraaado mesmo!
hehe
Abração a todos!
a cena tem tudo para crescer, a união faz a força.
Hoje em dia eu sempre fico com o pé atrás com aqueles discursos reclamistas (que não é o caso desse texto, diga-se) que colocam sempre a “culpa” no público. Acho que tem duas coisas erradas nisso: primeiro o termo “culpa”, “responsabilidade” creio que cabe melhor, e segundo, que esta responsabilidade é conjunta – de músicos, produtores e do público também. Não existe nenhum evento em Fortaleza em que não haja erros na sua realização. Pode-se até tentar alcançar a perfeição, mas estamos aprendendo um bocado ainda. E vacila quem não se abre para aprender. Normal isso.
Tem muita coisa que envolve a realização de um festival que é invisível para quem é só espectador. É muita tomada de decisão e se uma delas não vingar já compromete todo um trabalho. No caso do Ponto.Ce, uma delas foi a questão da divulgação da programação. Muita gente questionou que saiu muito em cima da hora, o que é até pertinente reclamar, pois, dado o preço (justo, quero dizer) que foi cobrado, ainda assim as pessoas precisam se programar financeiramente. Eu digo por mim: comprei 2 ingressos de segundo lote (R$ 140,00), pagando R$ 30 do ingresso da minha namorada, e ainda perdi a carona de volta e tive que bancar R$ 25 de táxi. Ou seja, infelizmente, queria muito ver o show da Nação Zumbi sábado, mas o dinheiro que eu tinha para comprar o ingresso foi-se no táxi do dia anterior e na ajuda que dei para minha namorada comprar o ingresso de sexta pra ela.
Por outro lado, os produtores bem sabem da dificuldade que é acertar os ponteiros para uma banda como Bad Religion confirmar uma data no Nordeste, quiçá em Fortaleza. Então, apesar de muita gente ter achado que foi simplesmente “culpa” do jeitinho brasileiro de deixar as coisas para última hora, eu acredito que não tenha sido. É complicado mesmo. Embora a divulgação de um evento desse porte exija comunicação com bastante antecedência, sem dúvida. É aí que entram tomadas de decisões sérias: se o evento quis arcar com esse ônus, aguardando os acertos do BR para só assim divulgar o resto, teria que estar ciente das conseqüências que isso gera: ou seja, falta de tempo para as pessoas programarem sua ida ao festival ou até desconhecimento de parte do público.
Outro aspecto que inclusive é evidente sobretudo se você observa o formato dos festivais da Abrafin é o tamanho do Festival em relação à própria cena. Já conversei com o próprio Rafa e com outras pessoas e tenho a idéia de que o Ponto.Ce, mesmo o Abril Pro Rock, com toda sua história, são festivais maiores que a própria cena. Diferente do Bananada, em Goiânia, por exemplo, que é alinhado às expectativas do público que curte música alternativa na cidade.
O show do BR foi massa, parabenizei o Rafa por lá. Mas fica de repente algumas sugestões para que o Ponto.Ce de repente possa melhorar num conceito maior e mais abrangente:
– Acho que uma estrutura de dois palcos grandes em um amplo espaço não é condizente com a movimentação público-bandas que temos durante o ano nas casas. Apesar do festival ser o ápice dessa movimentação, acho que deviam repensar o formato do Ponto.Ce levando em consideração que é melhor você entupir lugares menores de gente do que armar grandes estruturas pra ninguém. A interação funciona bem mais e sai todo mundo mais satisfeito.
– Sou de banda, e toda observação no sentido da curadoria do evento é delicada, então já faço a ressalva aqui que isso não tem a ver pelo fato do Garfo não ter tocado no festival: façam uma curadoria, chamem pessoas de fora da organização para pensar junto a escalação do festival, o Abril Pro Rock fez isso esse ano e o resultado foi interessante. Para o Ponto.Ce acho que também seria, bem mais.
E é isso, fico por aqui.
Abraço a todos,
Felipe Gurgel
Esqueci de citar uma terceira sugestão:
– Mesmo que os acertos com o Bad Religion tenham demorado e prejudicado a prévia divulgação do Ponto.Ce, seria interessante soltar notas divulgando a confirmação de algumas atrações com pelo menos 3 meses de antecedência do evento. A divulgação das notas gera um boca a boca sobre o festival e as pessoas não são pegas de “susto” com a divulgação da programação de uma vez só. Dessa forma, elas se planejam melhor e têm como ir. Mesmo que achem caro, até.
Meu texto porpõe reflexões mesmo. Foi para isso que o fiz.
Só uma coisa, quando perguntei quanto vale o show da nação zumbi, não foi para saber quanto vale para o público e sim para os produtores. Deve ter custado uns 25.000 tudo e juro que aqui esse valor não vira.
A banda é foda sem dúvida mas nego tem que começar a cobrar o quanto leva de gente. Essa é a lei do mercado…
É verdade…
Agora eu entendi Foca.
Não tenho mais nada oque acrescentar.
Só tenho que concordar mesmo.
Vlw!
Abração!