Por Foca
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Ontem começamos mais um ciclo do Circuito Cultural Ribeira. Fiquei imaginando o que mudou desde que começamos a ideia de ocupar o bairro uma vez no mês com cultura. Confesso que andava descrente. Vivemos, no nível da nossa gestão pública, um dos piores momentos para a cultura que já se viu. Quatro anos de prefeitura desastrada num mandato que nem terminou, uma atual gestão que herdou o problema da gestão passada e também não conseguiu andar muito e o governo estadual em crise de gestão e contingência financeira em praticamente todas as áreas. A rua é pública e precisamos do poder público para tomar conta dela. Nas democracias são assim.
O Circuito tem sido um símbolo de resistência. Um respiro, mesmo que limitado em apenas um dia no mês, que mostra o verdadeiro potencial do nosso patrimônio histórico que é o bairro da Ribeira. Provamos com matemática simples que investimentos na área da cultura são viáveis, sustentáveis e atingem a população em cheio, principalmente na educação (cultural e patrimonial).
Ontem, mais uma vez, renovei a minha esperança de que é possível fazer a diferença, mesmo que a luta seja ingrata (e cansativa). Tive o cuidado de andar em praticamente todas as atividades do Circuito e o que vi foi animador.
O que falar do público? Tudo absolutamente lotado em todos os espaços, artistas se divertindo, trocando, aplaudindo uns aos outros e aproveitando as boas vibrações da atividade.
Às 20h resolvi girar os espaços para ver o que acontecia. No galpão tentei entrar e não consegui. No Armazém Hall o Rastafelling fez balançar uma multidão com seu reggae guerreiro de nível internacional. No Dosol o som era tão rápido e arrasador vindo do palco do S.O.H que varria os ouvidos menos preparados para a fúria metálica. Cabelos pro alto e lotação máxima. Pensei comigo: tudo cheio na Rua Chile, não deve estar assim pro outro lado. Segui para Casa da Ribeira, quase nenhum lugar vazio para conferir os excelentes Fukai. No Buraco da Catita, todas as mesas ocupadas para ver o show incrível da Maíra Sales e sua banda top10. Ateliê idem, para ver o projeto acústico. Em Nalva Café? Rua lotada, gente bonita e um blues arrasa quarteirão do Gustavo Concentino.
Me senti um privilegiado, um vencedor. Melhor, me senti revigorado de ver que mesmo nadando contra a maré, ficar com o braço doendo de tanto esforço, o caminho vale muito a pena em prol da cultura (que é parte essencial da minha vida).
Prefeito, eu espero que você leia esse texto ou que algum assessor seu leia. Tive o cuidado de andar na Rua Chile e registrar que lá estão abertos 03 esgotos e 48 buracos. Sei que pro senhor não é difícil resolver essa situação. Por isso mesmo, vou considerar um símbolo do que representa a cultura para sua gestão esses buracos. Enquanto eles tiverem lá vou achar que o senhor não está fazendo minimante a sua parte. E acho que a Ribeira merece, pelo menos, o mínimo. Estamos juntos, cada um dando a sua contribuição. O público abraçou o bairro mais uma vez e isso nos deixa radiantes de felicidade. Em outubro tem mais Circuito. Vamos em frente!