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AQUECIMENTO FESTIVAL DOSOL: ENTREVISTA COM ANDERSON FOCA NA CARTA POTIGUAR

Anderson Foca dispensaria comentários se o Carta Potiguar fosse um site destinado ao público rockeiro do país (sim, do país!). Se bem que Natal é um ovo e todo mundo se conhece, mas mesmo assim “apresento meu amigo”: Foca é rockeiro de nascença, flamenguista, produtor cultural e, sem exageros, o responsável por colocar o RN no campo da música independente brasileira. Como? Na minha interpretação foi graças ao Festival Dosol que isso foi possível. Porém, promover os festivais, entrar no campo nacional não foi e nem é tão fácil assim como se imagina. Por trás disso há todo um planejamento em longo prazo, uma série de objetivos novos e dificuldades que vão surgindo. Sobre isso e mais algumas coisas que Foca vai nos responder.

por Nicolas Gomespor Nicolas Gomes

Rodrigo Sérvulo:  Foca, pra começo de conversa: por que e o que é o Festival Dosol?

Foca: o Festival Dosol era a ponte que faltava entre o que fazíamos aqui com o resto do país. Uma iniciativa de fomento a música nova, de vanguarda e outsider que foi se moldando, ganhando corpo e que hoje é um dos principais eventos de música da cidade com muito orgulho. O próprio histórico e conteúdo que o festival colocando na rua ano após auto-explica esse sentimento de realização.

Começamos pequenos, soubemos crescer sem perder a conectividade com as novidades e acho que estamos no nosso momento mais maduro. Para quem não conhece nada sobre nós somos basicamente um evento de música, feito por músicos e que respeita a música acima de tudo seja ela agressiva, instrumental, melódica ou óbvia. O que importa é se expressar e proporcionar ao público uma escolha que consideramos de boa qualidade. Essa é a essência do lance.

Rodrigo Sérvulo: Como eu tinha dito, o Festival foi o principal responsável por dar visibilidade a cena independente do RN e fortalecer o cenário nordestino, mas também nacional. Antes tínhamos apenas o Abril Pro Rock e ForKaos (para citar os mais conhecidos) – hoje temos o Festival Dosol dentro desse circuito. Você acha que de um tempo para cá a produção cultural independente (bandas, produtoras, selos, distribuidoras e, claro, os festivais) veio se organizando de uma maneira em que tornou “mais fácil” que o Festival ganhasse mais respaldo?

Foca: Acho que essa facilidade veio numa construção que para nós custou quase 15 anos de nossas vidas. Claro que não ser o primeiro e ter espelhos nos ajudou a errar menos e tomar decisões mais corretas e claras. O Abril Pro Rock é pai do Festival Dosol por exemplo. Também aprendemos a nos conectar com a Abrafin, Fora do Eixo e outros processos associativos que terminam nos inundando de tecnologias sociais eficazes e ajudando a todo o processo. Não acreditamos em nada feito só com o próprio umbigo, ouvimos muita gente, anotamos sugestões e procuramos evoluir. Isso tudo faz com que tenhamos mais excelência e com ela vem os patrocínios, aprovações em editais e outras bonanças.

Festival Dosol 2009, por Nicolas GomesFestival Dosol 2009, por Nicolas Gomes

Respaldo mesmo vem do boca-a-boca de quem toca, de quem assiste os shows e de quem patrocina. Ano após ano isso é o que nos norteia.

Rodrigo Sérvulo: Qual sua opinião, a partir da experiência com o Festival Dosol, sobre a redistribuição dos recursos públicos destinados ao financiamento de eventos culturais? E quais são os principais empecilhos? Pergunto isso porque acompanho o Festival desde seu início e não são todos os anos que você consegue recursos para promovê-lo.

Foca: Acho os editais uma ótima maneira de distribuir recursos, pelo menos é a mais democrática e por si só isso é muito bom. As leis de incentivo também são um bom caminho, mas precisam de atualizações para facilitar a vida dos produtores. Vejo algumas críticas de pessoas falando sobre recurso público como se também não fosse o papel do estado promover cultura.

Todos esses grandes festivais europeus tem uma enorme injeção de recursos públicos para acontecer e no Brasil a coisa tá engatinhando. Contanto que esse investimento pare na memória e na vanguarda (que é o que um festival de música independente deve sempre promover) acho muito salutar.

Agora se o recurso não aparece é preciso dar um passo para trás e realizar o evento mesmo assim. Fazer festival só contando com patrocínios torna a coisa meio “fake”. Eu não teria problemas em realizar o Festival Dosol só dentro do Centro Cultural Dosol com sete bandas por dia caso não tivesse patrocínio. Faria na moral sem constrangimentos!

Rodrigo Sérvulo: Vamos falar agora do Festival Dosol 2010. 2008 foi “Música Mutante”, 2009, “Música Transforma” e neste ano “Música em Seu Universo…”. E, pelo visto, esse universo é bem grande e eclético: serão 62 bandas de diferentes ritmos, com etapas em Natal (05 a 07/11 e 10 a 14/11), Parnamirin/Pium (14 e 15/11) e Mossoró (06 e 07/11), com bandas de tudo que é lugar desse Universo. Quais as expectativas para este ano? O que vai ter de novo, o que você pretende dar continuidade em relação ao ano passado?

Forgotten Boys, por Nicolas GomesForgotten Boys no FestDosol, por Nicolas Gomes

Foca: Tudo o que já fizemos vai continuar sendo feito: mostra da Rua Chile, mostra da Casa da Ribeira e DVD do festival. Agora, esse ano começamos oficialmente uma ocupação de outras cidades do RN, que ensaiamos com alguns drops no ano passado. Queremos fazer um mês de shows até 2013. Essa é a meta que temos.

Rodrigo Sérvulo: Onde podemos ver a programação completa deste ano, onde podemos comprar os ingressos? Onde podemos ficar informados sobre os preparativos do Festival Dosol 2010?

Foca: Vou postar o link, tem tudo sobre a venda de ingressos e lineup: http://www.dosol.com.br/2010/10/12/festival-dosol-2010-venda-de-ingressos/

Rodrigo Sérvulo: Muito obrigado, Foca. Agradeço sua atenção e disponibilidade para nos responder. Agora, deixe sua mensagem – esse negócio de “deixe sua mensagem” é o maior clichê do mundo. Clichê não, brega (risos) – para público, para a torcida do Flamengo, para Ana Morena que faz o Festival com você e que, se não fosse esse toque feminino, eu num sei se a coisa ia funcionar bem! (hahaha). Enfim, chama todo mundo para o Festival.

Foca: Quem perder vai se arrepender. Simples assim. Depois não diga que não avisei!

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