Aqui ‘jazz’ uma potiguar
Sérgio Vilar // sergiovilar.rn@dabr.com.br
As origens do mais primitivo Jazz de New Orleans se misturarão hoje ao timbre único da musa da música potiguar Valéria Oliveira. A cantora norte-americana de jazz Tricia Boutté e a banda The Bootlegs Operation são as atrações internacionais do 8º Bourbon Street Fest, promovido pelo Bourbon Street Music Club de São Paulo em parceria local com a Grenn Point. Os shows da americana e da potiguar serão no Ocean Palace. Valéria abre o show com o repertório do mais recente trabalho, o CD No Ar, acompanhada de Jubileu Filho, Paulo de Oliveira, Rogério Pitomba e Yuri no sax. O show terá a participação especial do baixista Mitchell Player que se apresenta regularmente em New Orleans.
A noite será aberta pela norte-rio-grandense (esq.), que deve subir ao palco com Tricia e ainda com Mitchell Player Foto: Sueli de Souza/Divulgação |
O Bourbon Street Fest abrange os artistas e os gêneros mais importantes da cena musical de New Orleans (do Jazz ao Funk, passando pelo Rhythm and Blues, pelo Gospel e pelo Zydeco) e foi inspirado no New Orleans Jazz & Heritage Festival, uma das maiores festas musicais dos Estados Unidos. O evento ocorre simultaneamente em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Natal até 22 de agosto. A norte-americana Tricia Boutté é sobrinha da lendária vocalista de jazz Lillian Boutté e de um mito da canção de New Orleans, John Boutté. Em 20 anos de carreira, já acompanhou, seja nos palcos e em estúdio, nomes como Aretha Franklin, Fats Domino, Public Enemy, Dr. John, Ellis Marsalis e Nine Inch Nails.
Entrevista >> Valéria Oliveira
Como se deu essa parceria com Tricia Boutté?
Começou no Texas, quando me apresentei no Festival South by Southwest 2009. Naquela oportunidade dei uma esticada até New Orleans, para conhecer a cidade. Assisti um show em uma das maiores casas de show de lá, a Preservation Hall e encontrei o baixista da banda, Mitchell Player. Bati um papo. Ele foi super gentil. Falei do Festival que tinha participado, entreguei meu CD e passamos a nos comunicar desde então. Ele veio ao Brasil mais de uma vez e desde o ano passado troca figurinhas com Mônica (produtora executiva de Valéria) pra tentar trazer o show dele pra cá. E temos boas possibilidades de dar continuidade a essa ideia.
Você adaptou o repertório do No Ar à pegada jazzística para este show?
Modificamos o repertório do No Ar desde o lançamento do CD na Casa da Ribeira, preservando as características originais, mas adaptando, incorporando elementos que criem melhor interação com a platéia para deixar o show sempre vivo. E avalio muito positivamente essas adaptações sem radicalismos.
Vocês vão cantar alguma coisa juntas no show?
Acredito que sim. Aliás, pode confirmar que sim. E o baixista Mitchell Player vai tocar no meu show as músicas Em Seus Braços, uma bossa-jazz em parceria composta com Luís Gadelha, e Fala Baixinho, de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho, gravada só com metais. Fizemos uma releitura mais jazzística destas músicas para deixá-lo mais confortável no palco. Será uma noite de muita musicalidade.
Você tem conquistado espaço no cenário nacional. As oportunidades são maiores hoje em dia?
Desde 2007 temos focado bastante nessa meta. Do fim de 2009 pra cá já fizemos mais de cinco visitas a São Paulo. Vamos iniciar contatos no Rio de Janeiro, sempre ventilando oportunidades, se inscrevendo em editais. Cada vez que nos apresentamos em São Paulo voltamos com certeza da importância da iniciativa. Há muita receptividade, interação com músicos e produtores. E nos revela que nosso trabalho é tão bom quanto qualquer um de lá. Então, a fórmula é essa:trabalho e dedicação. E o que tem colaborado com a turnê deste ano são as leis de incentivo. Iniciamos com a Lei Câmara Cascudo (patrocínio da Cosern) e apoio da Rádio 88 FM. É um grande desafio, é caro sair daqui. Mas com esses instrumentos e muito trabalho, se consegue.
Quais suas impressões do show do Ibirapuera?
Foi muito interessante. Nossa convidada – Na Ozetti – superou expectativas. Ela foi de uma gentileza e profissionalismo impressionantes. Foi uma apresentação cheia de energia. O diretor do teatro, Pena Shimidt foi fantástico – um tratamento vip. O lugar é lindo, super equipado. O feedback após o show foi muito positivo. O cenário virtual inspirado na obra do artista plástico Ítalo Trindade (potiguar), concebido por Daniel Yuji e Luís Alberto Bianco funcionou muito bem. Foi o melhor momento da minha carreira nos palcos.
A divulgação do No Ar segue até quando? Já há novas músicas e CD no prelo?
Firmei parceria novíssima com Khrystal na música Na Lama, Na Lapa, apresentada na SBPC junto com o Retrovisor. Tenho milhares de ideias. Mas o foco até o meio de 2011 ainda é o No Ar. Há muitas visitas e shows agendados, também pela Lei Djalma Maranhão. Vamos arquivando e gravando o que vier. Tem também um material novo de Romildo (Soares). Talvez no início de 2011 eu comece um projeto paralelo de shows. Mas esse segredinho a gente conta mais pra frente.