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RESENHA DE DISCO: COLETÂNEA PB ROCK

Por Jezuíno Oliveira

Lançada em novembro último a coletânea virtual PB Rock (volume 1) – com áudio no formato mp3 -, contendo dezenove bandas/artistas da atual cena rock e pop paraibana. Abrangendo diversos estilos e tendências sonoras desde o tradicional hard rock até o mais moderno instrumental jazz-pop, enriquecida pela participação de nomes conhecidos nacionalmente como Chico Correa e Star 61.

A idéia tomou corpo a partir da iniciativa da lista de discussão chamada PB Rock, criada ano passado, hoje constando com mais de oitenta participantes entre músicos, jornalistas e produtores paraibanos. O objetivo desse grupo – de sentido coletivo – é fomentar a integração, promoção e divulgação das produções e atividades relacionadas ao meio musical independente.

Esse tipo de abordagem, utilizando a Internet como veiculo divulgador, é um fato inédito no país partindo de uma produção de cunho coletivo. Elaborado durante todo o ano de 2007 e com o apoio técnico do Portal PB Point, o disco apresenta a ebulição e multiplicidade de uma nova geração de músicos/compositores bem direcionados, exibindo variadas produções sonoras.

Além da coletânea que pode ser baixada gratuitamente junto com a arte da capa, o site contém informações, imagens e contatos de cada um dos participantes. Vale ressaltar que antes mesmo de utilizar a moderna ferramenta via Internet – de baixíssimo custo, agilidade na produção e de alcance incontestável -, tentou-se fazer um disco no formato tradicional buscando até mesmo apoio de entidades públicas, sem obter sucesso.

A expectativa é atingir um grande público em todo país com uma resposta satisfatória em menor tempo possível, até o momento foi registrado mais de quatrocentos downloads em dez dias depois de lançada.

Abrindo a coletânea e como legitimo representante da qualidade sonora do rock paraibano temos o veterano power trio Musa Junkie com a faixa “Una salsa”, um rock alternativo de riff matemático e poderoso de guitarras,bateria e baixo cadenciados, frases esparsas em castelhano e um pequeno toque de experimentalismo. Em seguida o pop elegante de sotaque nordestino de Chico Correa & Eletronic Band com “Lelê” numa mistura perfeita do tradicional com o moderno explorado pelas referencias nordestinas exibidas no vocal e no ritmo sobre uma roupagem eletrônica.

Numa postura rocker moderna o quarteto Dalila No Caos alia em “Coleção de Vidro” as incongruências do rock -som pesado, psicodelia e barulho – seja no lirismo simbólico ou em andamentos “nervosos” de sua melodia. A essência do rock é o protesto e a contestação, elementos decisivos na música “Pra não dizer que não falei pra Mãe” do grupo Mobiê juntando as suas formas mais poderosas: punk hardcore, metal e hip-hop. O deboche e um certo cinismo bem humorado também são presentes no glam-rock do Star 61 na faixa “Onde estou”, liderada pelo carismático vocalista Flaviano, que é um dos melhores compositores da nova safra paraibana.

Com inspirações no rock nacional dos anos 80 o grupo Conceitobásico contesta de forma sutil e melódica a situação política do país com “Artigo 7º”, como bem entrega o título. Infelizmente a banda acabou, mas na sua curta existência o Motherhell mostrou-se uma das bandas de sonoridade mais energética surgida nos últimos dois anos, a música “I walk for award” é speed-rock primitivo, curto e grosso! Considerados com melhor grupo punk hardcore da cidade o Comedores de Lixo prova em “Mães de Infância” que isso é verdade, destilando com propriedade, urgência e sem firulas, criticas ao sistema politíco atual.

Numa levada rock’n’roll setentista bem simples e com boas guitarras o quarteto Cordel Blue agrada com “All my life” que tem um refrão bem pegajoso. Mesmo sendo uma dos novos grupos dessa compilação o Enquanto Isso…mostra personalidade de veteranos em “O amor é caro”, composição com melodia e harmonia em arranjos perfeitos, além de excelentes guitarras. Sintonizados no pop psicodélico sessentista a banda Gauche apresenta uma exuberância lírica e rítmica impressionante, “Teatro de Serafins” é uma verdadeira viagem de uma sonoridade contemplativa.

Embora exista há bastante tempo, o Guerrilha é pouco conhecido na cena, shows esparsos e variação na sua formação, mas na ótima balada pop “Quanto tempo” não esconde a capacidade da banda de fazer letras positivas e boas composições. Já os veteranos Dead Nomads são bastante conhecidos com seu punk-pop de primeira linha, agora bem atualizado, amadurecido e surpreendente em “Dinheiro”, faixa inédita especialmente publicada para essa coletânea.

Decano do hardcore nordestino, a respeitada Rotten Flies certifica seu avassalador hardcore old school em “Guerrilha urbana”, com a característica e postura peculiar de uma banda experiente e incisiva. Liderada pelo vocalista, guitarrista e compositor André a banda Psicocedim traz a faixa “Neurose”, extraída de seu primeiro disco, em que mostra novo direcionamento com influências de rock alternativo, mais bluesy e melódico. O The Silvias talvez tenha uma musicalidade mais inusitada de todas, entretanto sua concepção minimalista, krautrock, ambient e uma tinta de psicodelismo em “O vácuo” nos remete a uma linhagem de trilhas sonoras e ambiências provocativas, que recita a mesma linguagem rock.

Os garotos do Molestrike se apropriam do velho metal para fazer uma nova alternativa, pode soar pretensioso, mas a demonstração do caminho é clara em “Não dará para todos”, uma boa promessa no estilo. Fazendo jus a diversidade dos sons o trio campinense Aerotrio é puro jazz-instrumental moderno e pop, sendo o agradável combo formado por ex-roqueiros que abusam da experiência anterior para uma nova e rebuscada abordagem. E fechando o disco temos o Madalena Moog, o autêntico indie pop pintado de bossa nova e samba-rock em “Stronic Up”, cujo refrão “A vida é boa, a beira mar em João Pessoa” é super apropriado para o desfecho.

Para obter a coletânea PB Rock, acessar o site: www.pbpoint.com.br/pbrock

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