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RESENHA DE DISCO: INTERPOL – OUR LOVE TO ADMIRE

Por Bruno Nogueira (popup.mus.br)

Está deve ser a 16ª ou 17ª vez que escuto, de uma vez só, “Our Love to Admire”, o terceiro disco do Interpol. Descobri-me então em dúvida sobre se fazia tempo que um disco não me colocava para pensar, ou se então era o contrário, eu que há tempo não me debruçava com o devido cuidado para algum novo trabalho. Menos poético que ambas alternativas, na verdade, preferi deixar a pressa passar antes de falar que a primeira impressão que este disco me passou havia sido bastante negativa. Entrar em negociação com minha própria expectativa, por hora, parece ter sido uma boa idéia.

Já se passaram sete anos desde que essa banda de Nova York trouxe a mais bem sucedida atualização para um rock que é grave e denso, este por sua vez, re-inventado com maestria pelo Joy Division. Assim como sua fonte de inspiração, no novo contexto individualista do pós-MP3, o Interpol foi pioneiro. “Pioneer to the Fall” (pioneiros à queda), no trocadilho, acaba funcionando mais do que uma abertura de repertório. É a primeira revisão de carreira feita entre eles e seu público, como se falassem “começamos isso, agora precisamos pensar nos próximos passos”. “And we’ll be fine” (e vamos ficar bem), eles cantam.

Afinal de contas, é correto pensar que outras bandas como The Editors e She Wants Revenge estão fazendo o trabalho de continuidade de maneira muito melhor que o Interpol. Elas, pelo menos, tem uma média maior de hits por disco. Faria pouco sentido apostar em um terceiro álbum que seguisse a mesma linha de raciocínio. Então, após a primeira faixa, passar entre as seguintes tentando encontrar qual delas vai ser o próximo ápice da festa da próxima semana não é uma boa estratégia. O Interpol está diferente agora.

Não apenas um teclado acrescenta textura mais completa às músicas, agora a guitarra sobrepõe o baixo e a voz de Paul Banks passa a ser mais aguda que nos discos passados. “Babe, it’s time we give something new a try” (baby, é hora de tentarmos algo novo), sugerem em “No I In Threesome”, música que acentua essas novas características da banda e, por isso, acaba sendo uma das mais diferentes desta nova jornada. Apresentada a novidade, a seqüência de abertura decepciona um pouco. E eles fazem o terrorismo na terceira “The Scale”: “You think they know us now wait until the stars come out” (se você pensa que eles nos conhecem agora, espere até as estrelas caírem).

Talvez por isso, o single escolhido para lançar “Our Love to Admire” seja o que mais se parece com a agora antiga fase da banda. “The Henirich Manouver” pode ter uma sub-leitura política, quando a banda questiona como as coisas vão na costa oeste (“how are things on the west coast”), novo paraíso norte-americano para quem vive na noite. O Interpol é parte de uma geração militante da cidade de Nova York, junto com o Strokes e o LCD Soundsystem e essas, agora, deixam isso transparecer cada vez mais nas músicas.

Se essa música anuncia uma inconstância, “Mammoth” reconhece o lado de quem escuta e grita “Spare me the suspense” (me poupe do suspense). Reconhece, mas não colabora muito com a ansiedade. A música entra na fila do aproveitável desse novo repertório, mas abre para um segundo tempo onde este novo momento de busca que o Interpol está passando se torna mais evidente. Às vezes rock demais, outras baladinha demais e oras simplesmente confuso.

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