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RESENHA DE DVD: WOLFMOTHER – PLEASE EXPERIENCE WOLFMOTHER LIVE

Dentre a safra de bandas de rock que apareceram depois da virada do século, o Wolfmother é sem dúvida a mais peculiar de todas. Fugindo da estética retrô anos 80, o trio australiano foi bem mais longe, ao reproduzir a psicodelia e o som pesado pré-heavy metal dos anos 60 e 70, batizado no Brasil como “rock pauleira”. Mais: conseguiu fazer músicas que parecem clones de Black Sabbath, mas sem deixar de lado referências a Pink Floyd, Blue Cheer, Jethro Tull, Led Zeppelin (no que esbarrou no White Stripes, outro emérito decalcador) e adjacências. Deu certo. E o lançamento desse DVD, mostrando essencialmente como é a banda ao vivo, é prova disso. Afinal, que artista teria lançado um vídeo gravado ao vivo com o mesmíssimo material que compõe o único disco de sua história? Só aquele que faz realmente muito sucesso e este é o caso do Wolfmother. Outras provas desse triunfo são os cinco(!) videoclipes feitos em cima do mesmo disco, e, claro, a Grammy de “melhor performance de hard rock” conseguido em 2007, entre outras premiações. Uma delas é o australiano Aria Awards, onde foi gravado a apresentação (nervosa, com direito a instrumentos destruídos) para “Joker & The Thief”, incluída nesse DVD.

Mas o grosso do material é um show gravado também na Austrália, para uma platéia de mais e 4 mil fãs ensandecidos. São tocadas 12 das 13 músicas do único álbum do grupo, embaralhadas e com uma pegada que faz do repertório algo completamente diferente e justifica o título do DVD: é preciso mesmo experimentar o Wolfmother ao vivo. Logo se perceber que a utilização de teclados, por parte do baixista Chris Ross, que passa batido no disco, é fundamental para a contextualização sonora e esporrenta do trio. E não é um teclado qualquer, o instrumento está ali a serviço da criação de texturas, ruídos, fundos e outros elementos que dão consistência e sustentam o som pesado do grupo. É o que se nota em todo o show, sobretudo em “White Unicorn”, que cita The Who e Led Zeppelin, ou na viagem em que se transforma “Minds Eye”, quando o guitarrista Andrew Stockdale se esparrama no chão.

Andrew, muito jovem e com uma cabeleira à Hendrix, emblematiza muito bem o universo do Wolfmother. “Ainda gosto de rock’n’roll, faz parte do meu DNA”, diz ele no micro documentário que aparece no final do DVD. No tal universo da banda, além das curiosas roupas usadas pelo vocalista, cores psicodélicas borradas e vibrantes dão o tom, no encarte do CD e nos videoclipes que também aparecem aqui como bônus. A exceção do gravado em estúdio para a sabbathica “Woman”, onde Andrew é, literalmente, Ozzy, os outros quatro têm passagens gravadas ao vivo (um, com cenas do show principal do DVD), e chama a atenção o de “Minds Eye”. O vídeo pega a banda tocando no meio de um deserto, sozinha, sem público, o que remete diretamente ao filme “Pink Floyd Live At Pompeii”.

Mas o Wolfmother – que fique claro – é uma banda de guitarras, que se sustenta a partir do riffs bem sacados de Andrew. Músicas como “Tales” e “Colossal”, além da já citada “Woman”, sequer existiriam não fossem as guitarras pesadas, secas e primais que lhe dão o tom. Duas músicas do mesmo repertório, gravadas na lotada Brixton Academy, em Londres, também aparecem. “Dimension”, pós-editada com efeitos retrô que duplicam as imagens de cada integrante ficou simplesmente sensacional. Como a banda anda sumida ultimamente, depois desse DVD espera-se que esteja preparando o mais que esperado segundo disco. Se depender do que já foi feito, vem mais porrada por aí. Tomara.

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