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RESENHA DE DVD: DADO VILLA-LOBOS – JARDIM DE CACTUS

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Você pode até não ter se dado conta, mas Dado Villa-lobos foi das figuras mais importantes para a Legião Urbana. Tirando na encolha o som de guitarra típico do pós punk oitentista, e depois evoluindo ao sabor dos novos caminhos apontados pela banda, sempre à sombra do grandiloqüente Renato Russo, Dado tem seu quinhão de mérito. Mas como artista solo, nunca se arriscou. Por falta de tempo, por não querer abrir mão de outros trabalhos que tem em seu estúdio ou gravadora, a Rock It, como ele próprio explica nos extras desse DVD. Até que Laufer, o baixista que acompanhava Fausto Fawcett nos anos 80, deu a dura: era agora ou nunca.

Entenda-se como “agora” abril de 2005, quando uma parceria com a MTV sacramentou a gravação desse show, ao vivo, no acanhado Teatro Dulcina, no Rio, só com músicas de Dado e um sem número de convidados que incluem até o filho Nicolau e o amiguinho Breno. Mas Dado não escreve letras, e assim construiu parcerias com seus contemporâneos, que cantam em suas músicas. São eles Tony Platão, Paula Toller (com ela saiu a faixa-título), o pernambucano China (ausente no show), Humberto Effe, Laufer e Fausto Fawcett. A bela Talma de Freitas canta também em uma música, e na banda de Dado, além de Laufer, toca o guitarrista Carlo Bartolini (que foi do Ultraje a Rigor) e canta Lia Galdino.

O repertório, embora com sotaque pop rock, é pesado e tocado no talo, a ponto de Paula Toller reclamar do barulho(!). Embora Dado tenha um jeito próprio (e bem tímido) de cantar, cada música acaba por ganhar a “cara” de quem a compôs/canta. É o que acontece em “Faveloura & Lov.”, que entrega o autor Fausto Fawcett já no título; com o vozeirão de Platão em “Como Te Gusta?”, aqui com efeitos e um instrumental bem pesado; e em “Laufunk”, com Effe e Talma fazendo um belo dueto, sem, dessa vez, deixar Dado oculto. As projeções lançadas num telão no fundo do palco causam um bom efeito, se alternado de acordo com cada música.

A turma de Brasília vem representada pelo Paralamas inteirinho (com quem Dado gravou e excursionou na época do “Acústico”) e Dinho Ouro-Preto. Juntos eles mandam uma versão paralâmica para “Guns Of Brixton”, do Clash, e lembram a Legião na obscura “Conexão Amazônica”. É de longe a melhor parte do show, com o trio Herbert-Baroni-Bi numa forma espantosa. No fim, os experimentalistas do Chelpa Ferro se juntam ao palco (que nem existe, diga-se) com Dado e seu filho, para a inóspita “Seres Extranhos”. Um show que funcionou bem como show mesmo, mas as músicas, num CD pensado como tal, Dado continua devendo.

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