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REPERCUSSÃO: ABRIL PRO ROCK PRIMEIRO DIA NA REVISTA O GRITO

New York Dolls (Foto: Luciana Ourique/ Divulgação)

ABRIL PRO NOVO
Palco 1
Por Fernando de Albuquerque

Abril pro Rock – Palco 01
Sexta-feira | 11 de abril 2008

O buxixo que pairava no ar era de que o Abril pro Rock tinha mudado. Que precisava transformar para ganhar mais platéia e voltar a ser a velha plataforma nacional de lançamentos. De fato o Abril mudou. Saiu do aconchegante Pavilhão para abraçar o escorregadio chão do Chevrolett Hall, casa mais bem equipada e que, a priori, funcionaria muito bem para maquiar a constante queda de público dos últimos 10 anos. Até que na funcionalidade make up o espaço funcionou. E fora isso ainda dava para sentar nos batentes, dormir nas pilastras, mas as quedas? Inevitáveis e pelo menos, no primeiro dia, o Abril escorregou em suas próprias escolhas.

A primeira característica negativa estava nos gógós dos promotores da Petrobrás, patrocinadora oficial do evento. Os rapazes, bem robustos por sinal, carregaram no vozeirão para animar quem jogava autorama. Era um tal de carro azul ta ganhando, vermelho está perdendo: “Aceleeeera vermelho”, que dava pra ouvir do lado de fora da casa de shows.

Fora isso, a programação do palco principal, responsável por receber as bandas com maior apelo de público, abriu e terminou num climinha “começar tudo de novo”. Quem deu partida aos trabalhos foram os capixabas do Mukeka di Rato. De longe, eles fizeram o melhor show da noite misturando sarcasmo, bases rápidas e pesadas, versus vocais velozes (alternando entre o gutural, esganiçado e impúbere), em letras de amor com rima fácil. Mas indo de encontro ao que a noite prometia, o Mukeka apresentou um hardcore diferente. Que usa palito no dente e não franja e roupinha coladéx. Eles foram de chinelo de dedo, ao invés de coturno e deu gosto de ver uma banda que já passou dos trinta, mas que não se tornou balzaquiana no palco. Eles tocaram com a mesma energia de uma garotada que está tendo a primeira chance sob os holofotes e gelo seco. A platéia, suada, vermelha e cansada, mas feliz, agradeceu muito.

Na seqüência, Bad Brains (EUA) fez um show morno e sem empolgação. Lendários e nascidos nos anos 70, a banda trouxe no repertório músicas de seu novo álbum Build A Nation, como Expand Your Soul e Universal Peace, além de clássicos da banda. A empolgação só apareceu mesmo quando o grupo apelou para hits da nação reggueira. Nesse momento todo mundo levantou os pés. Mas o tédio foi sua principal marca.

Ancorados na própria fama de percussores do Glam Rock, o New York Dolls pegou uma platéia cansada. Subiu ao palco lá para as duas da matina, quando a maioria do público estava escorada em alguma coluna. Apesar do horário a banda despertou a platéia com a execução de árias de música clássica antes de entrar no palco.

Aqueles que esperavam sentir-se como entre os anos de 72 e 75, quando a banda tornou-se ícone, ficou literalmente chupando dedo. Os pontos altos da apresentação ficaram por conta de “Looking for a Kiss” e quando integrantes jogaram flores para o público.

No ar, após o fim da apresentação ficou a pergunta: será que não seria melhor a lenda ter ficado apenas nos anais da história do rock, como uma banda seminal e importante? A resposta dessa pergunta é sim. E o livro do rock já deveria ter fechado as páginas para eles ao lado de adjetivos como drag, lipstick, glitter, poser, glam, sex, drugs. Tudo tem seu fim.

Amp com Fabrício Nobre (MQN) (Foto: Luciana Ourique/ Divulgação)

SURPRESA DOS SECUNDÁRIOS
Palco 2 e 3
Por Wagner Beethoven

No palco 3, a pernambucana AMP, vencedora da seletiva do Link Musical agradou a platéia e ganhou a visibilidade que precisava. Já o The Sinks, trouxe um rock bem básico, mas também dançante. Quem chegou naquele momento no pavilhão nem imaginaria que o peso e o marasmo seria o tom da noite.

No palco 2, os Zumbis do Espaço fizeram um show sólido. Com dez anos de carreira discografia extensa, deu à “inédita” banda (era a primeira apresentação do grupo em terras recifenses) um status de deuses, ovacionados a cada acorde, com a maioria das músicas cantadas freneticamente em coro. Foram uma das grande surpresas na monótona noite do primeiro dia do Abril Pro Rock.

Uma banda como o Zumbis do Espaço certamente sofreu grande injustiça com a escolha do palco. Nomeados como secundários, eles tiveram qualidade superior ao headline do festival naquele dia. O peso do Horror Rock trazido pelos paulistas marcou a primeira noite, cheia de shows fracos e irregulares.

Gomão e cia., do Vamoz! não conseguiram trazer nenhuma surpresa além do ótimo show já conhecido na cidade. Pela segunda vez no festival, basearam o show no último trabalho Damned Rock n’Roll. A banda juntou um público razoável, que não desanimou em nenhum momento. Pode até ser discutível uma banda tão conhecida como o Vamoz! tocar no palco 2, mas o que importa mesmo é que foram eles os responsáveis pelo melhor show de rock da noite.

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