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REPERCUSSÃO ABRIL PRO ROCK 2008: PRIMEIRO DIA NO DYNAMITE

Por André Pomba

E depois de uma maratona de palestras e reuniões, a 11ª edição do festival Abril Pro Rock finalmente começou “de verdade”, tendo como local o Chevrolet Hall, em Recife. Para melhor situar o público, O Chevrolet Hall é algo como Credicard Hall mais rústico, imenso mas com o mesmo problema crônico de acústica, mas com a vantagens de ter áreas abertas. Além do palco principal, o Abril Pro Rock veio com dois palcos laterais menores, destinado aos grupos de “abertura”, uma ótima idéia que faz com que as atrações sigam sem espera, fato que normalmente desgasta o público.


E abrindo o palco 3, destinado às bandas selecionadas nas prévias Link Musical, com meia hora de atraso entrou no palco uma das – sem dúvida – futuras revelações da cena indie, o Amp (PE). Fazendo algo próximo do stoner rock, mesclando canções em inglês e português, eles ainda contaram com a ilustre participação de Fabrício Nobre, do MQN, na música “Acidez”. O destaque veio com a faixa “Ensurdecedor” (literalmente).
Logo depois veio a banda local Project 666 (PE) no palco 2, fazendo um thrash metal, por vezes beirando o death e o metalcore com muito peso. Com um vocalista que lembra muito – em todos os sentidos – o João Gordo, abriram-se as primeiras rodinhas. Apesar de um estilo que tende à linearidade, eles mostram muitas variações em suas músicas. A que mais gostei foi “Downgod”. A apresentação acabou em grande estilo com o cover de “Angel Of Death”, do grande Slayer.
Apesar do pouco público, as primeiras bandas contaram com muita participação do público nordestino (já que se via pessoas de vários Estados) que respondia positivamente. E foi o que se comprovou com o The Sinks (RN), que tem entre seus integrantes o produtor e vocalista do Allface, Foca, aqui como baixista. Eles seguem um estilo pop punk bubblegum como um meio termo entre Green Day e Ramones. “Let You down” tem toda a pinta de hit, assim como “You”, “Ignored” e “Do You Wanna Give It Up”, com seus refrões pegajosos.
O Mukeka di Rato (ES) foi a primeira banda a tocar no palco principal e mostrou o por quê. Apesar da impressão que tenho que muitas bandas de hardcore brasileiras às vezes soam como dinossauros precoces numa eterna auto-reciclagem, a galera mostrou não estar nem aí, com muitos cantando juntos e outros formando uma imensa roda de pogo, enquanto o grupo tendo a frente a dupla Bebê e Mozine vociferava seus hits curtos e diretos como “Maconha”, “Cachaça”, “Frações”, encerrando com o “reggae” “Burzum Marley”.
Pela primeira vez em Recife, o grupo paulista Zumbis do Espaço não pareceram estar tão animado quanto o público. Tudo bem que o o som embolado e os vocais de Tor um tanto baixos no palco 2 atrapalharam a performance. Depois de um bom tempo parados, devido aos trabalhos solos de Tor, eles retornaram para alguns show recentemente, mas precisam ainda recuperar o pique habitual. O ponto alto do show foi sem dúvida “A Marca dos Três Noves Invertidos” com direito a citação de Black Sabbath.
Eis que a primeira atração internacional surge: os norte-americanos do Bad Brains, abrindo logo de cara com “Attitude”. Para quem acha que a primeira banda de rock formada por negros foi o Living Colour, ressalte-se que o Bad Brains surgiu pelo menos 10 anos antes (em 1979), mesclando hardcore com reggae e filosofia rastafari. E se muitos acham que nisso reside o diferencial da banda, creio que essa mistura faz com que o show oscile muito de pique, caindo com os momentos reggae soando intermináveis e por demasiado longos. O vocalista Israel Joseph-I (que já esteve com eles anteriormente nos anos 90) não canta como, nem tem o carisma do loucaço H.R., que provavelmente está pirado de tanta erva e, apesar de ter cantado no novo álbum “Build A Nation”, não estava em condições “mentais” de sair em turnê. Mesmo assim, Israel é bem simpático e chegou a se jogar no público nas duas últimas músicas do set para alegria de um ilustre fã: Cannibal, vocalista da banda Devotos.
Tocar entre duas bandas gringas é uma tarefa ingrata. E coube a um dos maiores nomes da cena local, mas com todo jeito de banda gringa – o Vamoz (PE) – a tarefa de manter o público aquecido. Um power trio em essência – apesar de ostentarem duas guitarras no lugar de um baixo – com o som por vezes lembrando o de outro grupo com o mesmo tipo de formação e que deixou saudades, o Thee Butchers Orchestra. Abrindo com “Besides” e fechando com “The Sun Comes Up”, eles mostraram músicas poderosas e foram reverenciados como uma grande atração, que realmente já o são.
E existia um grande expectativa no ar para o New York Dolls, uma das maiores lendas do rock . Muitos velhos e novos fãs se aglomeravam na frente, mas a grande maioria desconhecia o trabalho deles e esperava para ver do que esses tiozinhos eram capazes. E sem muita espera eles abrem com “Babylon”, cujo refrão o público entoava com força. Tendo a frente o vocalista David Johansen (extremamente parecido com Mick Jagger) e o guitarrista Sylvain Sylvain (muito simpático e comunicativo), os dois únicos membros da formação mais clássica, eles não decepcionaram quem esperava por puro rock. Enfocando principalmente músicas dos dois primeiros álbuns, como “Trash” e “Jet Boy”, abriram também espaço para a esperada cover de Janis Joplin “Piece Of My Heart” e logo depois mais uma recriação de “Pills” (“Do you like pills?”, perguntou David), velho clássico de Bo Diddley, aqui em versão mais rocker (versão 70’s, claro) e com direito a indefectível gaita. Outro ponto alto foi o bis com “Personality Crisis”, na qual David deu uma reboladinha e desfilada mostrando o corpitcho, e no final distribuindo flores ao público, com Morrissey fã declarado e um dos responsáveis pela volta do grupo à ativa. Clichê dizer que foi uma aula de rock, além de mais uma prova de longevidade do estilo, eternamente jovem.
E assim acabou o primeiro dia do Abril Pro Rock, registrando o público de cerca de 2.000 pessoas.
Hoje tem mais a partir das 17 horas com:

Madalena Moog (PB) – palco 3
Erro de Transmissão (PE) – palco 3
Sweet Fanny Adams (PE) – palco 2
Barbiekill (RN) – palco 3
CéU (SP) – palco 1
Violins (GO) – palco 2
Autoramas (RJ) – palco 1
Vitor Araújo (PE) – palco 2
Wander Wildner (RS) – palco 1
Rockassetes (SE) – palco 2
Jupiter Maçã (RS) – palco 1
Superguidis (RS) – palco 2
The Datsuns (Nova Zelândia) – palco 1
Pata de Elefante (RS) – palco 2
Lobão (RJ) – palco 1

Texto e foto: André “Pomba” Cagni

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