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OPINIÃO: SELOS AINDA TOPAM PATROCÍNIOS

Escritório da Monstro Discos, em GoiâniaPor Bruno Nogueira

A banda lançada desta vez pelo Álbum Virtual se chama Pata de Elefante. Um grupo instrumental do Rio Grande do Sul que é bastante cultuado no cenário independente. Eles já passaram por festivais como Goiânia Noise, Abril Pro Rock e a Virada Cultural de São Paulo. Antes disso, os primeiros dois discos do trio teve o selo da Monstro Discos, gravadora de Goiânia que, estatísticamente comprovado, é uma das gravadoras que mais lança discos hoje no Brasil. O Retrofoguetes, da Bahia, teve seus primeiros discos lançados por lá.

Apesar de ter artistas em comum, o modelo da Trama não parece algo muito amigável para os selos que andam próximos da gravadora. “Não pensamos em operar assim não. O esquema é muito legal e tal, mas acho que não é o jeito que a Monstro pretende”, comenta o diretor comercial da Monstro, Leo Bigode. “Eu particularmente acho que você acaba ficando refém de um esquema que não é o real, não é o verdadeiro. Depender de um patrocinador todo mês em um país burro com a cultura como o Brasil é arriscado demais para mim”, provoca.

Uma das bandas mais representativas do selo, a roqueira MQN, já chegou a abandonar oficialmente os álbuns em CD. “Custos altos, subordinação ao estabelecido, problemas de distribuição e mais”, eram alguns pontos listados por Fabrício Nobre, sócio da Monstro e vocalista da banda, ao lançar o manifesto “Fuck CD” e declarar que “o MQN está abandonando o formato de compact disc e tudo que ele representa”. O formato adotado por eles era mais saudosista: o vinil.

Além do MQN, a Monstro lançou artistas com o Wry e Uncle Butcher em compactos de vinil. “Eu não acho que isso virou uma realidade ainda no Brasil porque o preço ainda está muito além da nossa realidade e isso dificulta”, comenta Leo Bigode. Segundo o produtor, “a relação do vinil com a Monstro vem antes de toda essa onda começar a rolar. Nós começamos trabalhando com vinil em 1998, então estamos voltando a trabalhar com o formato independente de moda, porque adoramos ele”. Para os sócios da gravadora, uma das esperanças ainda está na PolySom, que voltará a produzir vinil no Brasil.

Apesar disso, Leo Bigode reconhece que os CD’s lançados pela gravadora sempre tem algum retorno. “Retorno instituicional não vale, né? , brinca. “Retorno financeiro não são todos. Alguns sim, outros não, um título acaba vendendo mais que o outro”, e ainda arrisca uma comparação inusitada. “Vender discos é como vender macarrão. O Spaghetti vende mais que que o penne e um acaba bancando o outro”.

Apesar da corrida pelos formatos, o que a Mostro Discos está focada é na relação com o público. “Nossa estratégia esse ano é estabelecer uma relação diferente. Os CD’s, músicas, merchandising e etc serão feitos como sempre fazemos. A relação com o público é o lance onde pretendemos fazer diferente”, explica o produtor.

Mas a realidade dos patrocínios não é tão distante desses selos. Além de lançar discos, a Monstro Discos produz eventos como os festivais Goiânia Noise e Bananada, centrais no atual circuito independente do país, e o primeiro com patrocínio de empresas locais, além de eventuais apoios da Petrobras através de editais. Quem opera de maneira similar é a produtora DoSol, de Natal, que esse para esse ano já garantiu patrocínio da operadora Oi e da Petrobras para o festival que realizam no segundo semestre.

“Desde que paramos de lançar discos físicos desistimos de tentar ganhar algum dinheiro com isso”, explica o produtor Anderson Foca, quando indagado se já pensaram em concentrar esse esforço no selo. “Acho que temos outras maneiras de fazer isso, usando o áudio como uma isca, camisetas, ingressos, adesivos e por ai vai”, comepleta. O DoSol NetLabel, declaradamente virtual, já fez mais de 40 lançamentos virtuais até hoje.

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